Capítulo 7: Pai?

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Um lado ruim de ser advogado: eu odiava usar gravata. Nunca sabia como ajeita-la direito, sem que ela ficasse torta. Sempre ficava horas tentando ajeita-la, até me sentir frustrado e precisar pedir para alguém arrumar. Dessa vez fui mais espero, porque não queria sair para a entrevista com um péssimo humor.

—Você está me enforcando, Hannah. —Falei, quase me engasgando com a saliva quando ela apertou a gravata com força, antes de soltar uma risada e soltá-la, deixando-a milimetricamente perfeita.

—Pronto, está bom. —Hannah passou as mãos pelo meu ombro, ajeitando o terno, abrindo um sorrisinho, como se tivesse feito um ótimo trabalho. —E relaxa, tá? Não tem como você não conseguir esse estágio. O Graham precisaria ser muito burro pra não te contratar.

—Ou muito esperto. —Adam soltou, me fazendo lançar uma olhar mortal na direção dele, que ergueu as mãos como se estivesse se rendendo. —Estou brincando. Sabe que estou torcendo pra você conseguir. Contou pro tio Josh e para os seus irmãos?

—Ainda não. Não queria contar antes, pra não criar expectativas. —Falei, me virando para ele e Hazel, que estavam deitados na cama dele, enquanto Hannah ia se sentar na minha cama. —Como eu estou?

—Bonito. —Hazel afirmou, abrindo um sorriso pra mim, enquanto Adam concordava com a cabeça ao lado dela. —Coloca seu óculos.

—Por quê? —Indaguei, indo até a escrivaninha onde tinha o deixado. Coloquei no rosto, antes de me virar para Hazel, ainda esperando um motivo. Não precisava do óculos na maior parte do tempo, apesar de não me incomodar usá-lo quando eu não estava lendo alguma coisa.

—Te deixa mais bonito e passa um ar de seriedade. —Hazel deu de ombros, parecendo satisfeita quando me viu com os óculos, porque abriu um sorriso radiante.

—Ar de seriedade. —Hannah soltou uma gargalhada e eu me virei para encara-la, erguendo as sobrancelhas. —Desculpa, só que você não parecia nada sério semestre passado, quando estava jogando papel higiênico no carro do Walker. O que será que o grande dr. Graham pensaria se soubesse que você faz isso nas horas vagas?

—Um: ele não vai ficar sabendo. —Ergui a mão para mostrar o número um com os dedos, antes de mostrar o dois. —Dois: Walker era um babaca que tirou com a minha cara, sem eu nem fazer nada pra ele.

—Três: o treinador Evans ficou furioso quando descobriu. —Adam concluiu por mim, me fazendo revirar os olhos, porque aquilo tinha me rendido uma confusão danada, que eu preferia não ter me envolvido.

—Bem, não importa, preciso mesmo ir agora. Não quero chegar atrasado. —Falei, pegando minhas coisas, antes de olhar para os três. —Me desejem sorte.

[...]

Quando cheguei ao imenso prédio onde ficava o escritório de advocacia, me senti ainda mais nervoso, porque o lugar parecia quase imponente. Não conseguia creditar na sorte que meus irmãos tiveram em fazer estágio ali, além da minha sorte em ser chamado. Mas eu ainda precisava conseguir aquela vaga.

Falei com a moça na recepção e peguei o elevador, respirando fundo para não surtar. Quando cheguei no andar certo, caminhei até o rapaz que eu imaginava ser o secretário do dr. Graham. Eu estava tão nervoso que parecia haver brasa quente no meu estômago e um nó enorme na minha garganta.

—O Sr. Graham estava o esperando. Pode seguir até a sala dele e bater na porta. —O rapaz murmurou, indicando pra onde eu deveria ir.

Repassei mentalmente tudo que eu tinha programado pra dizer, mesmo que soubesse que talvez as coisas não ocorressem como eu estava planejando. Bati na porta, ouvindo-o pedir para que eu  entrasse. Luc Graham estava sentado atrás de uma mesa de vidro, de frente para uma pilha de papeis. Ele parecia um pouco mais velho do que eu me lembrava, com alguns fios grisalhos em meio ao cabelo preto.

Todos os lances da conquista / Vol. 1Where stories live. Discover now