Capítulo 25: O que está havendo com o seu gato?

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Caleb se afastou depois do que pareceu ser uma eternidade, enquanto eu tentava não demonstrar o quanto aquilo estava mexendo comigo mais do que qualquer outra coisa. Mas ele tinha sido tão claro. Amigos. Apenas amigos. Ergui os olhos pra observá-lo quando ele tirou a mão do meu rosto tocou minha mão, abrindo um sorriso quase bonito demais.

—Por que está sorrindo assim? —Indaguei, o que o fez sorrir ainda mais, antes de balançar a cabeça negativamente e desviar os olhos de mim, observando meu quarto. Aproveitei a oportunidade para gravar cada detalhe dele, porque sabia que provavelmente não teria outra oportunidade como aquela.

—Seu quarto é tão... —Ele torceu os lábios como se pensasse no que ia dizer. —Princesinha. Acho que eu esperava por isso, mas mesmo assim estou surpreso. É bem a sua cara, apesar de eu estar sentindo falta dos pôsteres com a minha cara toda riscada.

—Eu queimei todos eles depois do nosso primeiro encontro desastroso. —Afirmei, vendo-o exibir uma expressão ofendida e levar a mão ao peito de uma forma super teatral que me fez rir.

—Estou surpreso que as flores tenham sobrevivido, mas agora estou temendo pela vida do pobre coelho. —Ele olhou na direção do coelho e nós dois rimos quando encontramos Merlin em cima da poltrona, cheirando a pelúcia de uma forma super desconfiada, com os pelos todos pra cima como se estivesse pronto pra briga. —Você é mesmo a princesinha do papai e da mamãe, não é?

—Isso não é uma ofensa pra mim. —Retruquei, porque era a segunda vez que ele falava aquilo, como se pudesse saber alguma coisa sobre mim com isso.

—E quem te disse que eu estava tentando te ofender quando disse isso? —Ele ergueu as sobrancelhas pra mim, fazendo algo dançar na boca do meu estômago quando me deu um sorriso com o canto dos lábios.

—Minha mãe tinha dificuldade pra engravidar. Na verdade, ela achou que nunca conseguiria. —Desviei os olhos de Caleb, encarando nossas mãos juntas sobre a cama, entre nós dois. Ele ainda a segurava, acariciando minha pele com o polegar. —Ela fez vários tratamentos e teve algumas tentativas que acabaram não dando certo. Eu era a última tentativa e meio que fui um milagre, porque os médicos tinham quase certeza de que ela não conseguiria.

—Elisa, eu não... eu não fazia ideia. Sinto muito pelo que eu disse. Eu não queria... —Apertei a mão dele de volta, o que o fez parar de falar e descer os olhos para observar as duas juntas. Nossos dedos quase entrelaçados. E mesmo que aquilo não significasse nada, ainda mexia comigo mais do que eu gostaria.

—Você não mentiu, eles realmente me mimam bastante, mas acho que isso faz sentido pensando nesse contexto. —Dei de ombros, porque sabia o quanto eu era importante pra eles. O quanto eles se esforçaram pra me ter e o quando eles sofreram nesse processo.

Ergui a cabeça e encarei os olhos dele, encontrando um céu de possibilidades ali, enquanto ele me observava quase sem nem piscar, como se não quisesse perder nada. Meu rosto esquentou, assim como o calor se espalhou pelo meu corpo como eletricidade, me lembrando das coisas que ele havia dito quando o procurei no escritório. Ele estava me provocando, mas não deixei de sentir o tom de verdade em cada uma daquelas palavras.

—Elisa? —Minha mãe chama do corredor, fazendo tanto eu como Caleb nos assustarmos, porque nenhum de nós escutou o barulho dos meus pais chegando.

Me levantei com o coração martelando dentro do peito, correndo para trancar a porta, antes de olhar para Caleb, que parecia não saber o que fazer. Agarrei as mãos dele e o empurrei para dentro do closet, antes de fecha-lo ali, bem no momento que minha mãe bateu na porta. Corri até a porta, tentando controlar meu nervosismo, porque sabia que a merda poderia ser grande se ela ou meu pai encontrassem Caleb no meu quarto, naquele horário.

—Oi, mãe. —Abri a porta, exibindo um sorriso tranquilo, vendo-a parar por um momento e me encarar com uma expressão confusa, já que eu estava um pouco ofegante e provavelmente vermelha. —Voltaram cedo. Como foi o jantar?

—O restaurante estava tão cheio e mudamos de ideia. Não queríamos deixá-la jantando sozinha. —Ela deu de ombros, abrindo um sorriso, antes de olhar para o canto do meu quarto. Na mesma hora gelei dos pés a cabeça, porque sabia o que ela estava vendo. —De onde saiu aquele coelho?

—Eu ganhei. —Abri um sorriso sem graça, vendo as sobrancelhas dela se erguerem. —Mas veio sem cartão de novo.

—Dois presentes em um dia? —Minha mãe abriu um sorrisinho, como se estivesse imaginando coisas. —Devem ser da mesma pessoa, pra ambos terem vindo sem cartão. Tem certeza de que não sabe de quem é?

—Não faço a menor ideia. —Menti, olhando ligeiramente para o closet quando minha mãe passou por mim e foi até a poltrona onde estava o coelho.

—São presentes muito fofos. A pessoa deve gostar bastante de você. —Minha mãe afirmou, fazendo o calor subir para o meu rosto, porque tinha certeza de que Caleb podia ouvir o que estávamos falando. Mordi o lábio quando minha mãe deixou o coelho de lado e seguiu até a porta para sair. Respirei aliviada, sabendo que ela iria embora, apesar de ainda não saber como tirar Caleb dali sem que ele fosse visto. —Seu pai está tomando banho. Vou me trocar e descer pra preparar alguma coisa pra jantarmos. A menos que prefira pedir alguma coisa.

—O que vocês quiserem vai estar ótimo pra mim. —Afirmei, abrindo um sorriso enorme quando ela olhou pra mim, antes de engolir muito lentamente quando Merlin soltou um miado estridente dentro do closet, fazendo minha mãe olhar pra lá.

—O que está havendo com o seu gato? —Indagou, franzindo a testa quando ele miou de novo, do jeitinho que faz quando quer chamar a minha atenção e pedir colo. Outro miado, seguido de outro, que fez o sangue sumir do meu rosto quando minha mãe deu alguns passos naquela direção, com a intenção de ir ver o que era.


Continua...

Todos os lances da conquista / Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora