Capítulo 14: 10 maneiras.

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Soltei uma risada ao fechar a porta do quarto e voltar pra cama, percebendo que sabia o que usar para deixá-la abalada, quando ela resolvesse tirar com a minha cara. Tudo bem que ela poderia estar guardando magoa, mas precisava ser desse jeito? Ela não parecia nem um pouco com a garota que eu encontrei naquela festa.

—Por que você está sorrindo igual um psicopata pra parede? —Hannah indagou, assim que abriu a porta e foi entrando como se estivesse em casa, jogando seus tênis sem cuidado algum para o canto. Hazel e Adam vinham logo atrás dela, carregando algumas sacolas.

—A Elisa esteve aqui a poucos minutos. —Falei, dando espaço para Hannah sentar na minha cama, antes de empurrar as pernas dela pra fora, quando ela colocou os pés praticamente na minha cara.

—Ah, isso explica porque parece que você acabou de ter um derrame. —Adam murmurou, fazendo Hazel soltar uma risada, enquanto eu lançava um olhar afiado na direção dele.

—Escuta aqui vocês dois, eu não quero saber de vocês espalhando coisas da minha vida por ai, como dois malditos fofoqueiros. —Afirmei, apontando para Adam e depois para Hazel, enquanto Hannah revirava os olhos como se eu tivesse sendo um idiota. —Isso serve pra você também, Hannah. Sei que vai usar a Elisa pra me sacanear se tiver a chance.

—Eu vou me juntar com ela pra te sacanear, na verdade. —Hannah rebateu, me fazendo bufar em resignação, porque por algum motivo eu sabia que ela e Elisa se dariam bem demais e poderiam me causar um infarto aos 22 anos.

—Eu não vou contar pra mais ninguém. E eu só comentei com a Hazel. Ela é sua irmã. —Adam tentou se defender, enquanto distribuía nosso jantar. —O que a Elisa veio fazer aqui? Eu achei que ela iria preferir te evitar.

—Ela estava indo encontrar um amigo e errou o número.

—Certeza? —Hannah soltou uma risada e negou com a cabeça. —Coincidência demais pra ser natural.

—Acredite, ela não viria aqui de proposito. Eu tenho certeza que ela errou o número do quarto mesmo. —Falei, torcendo os lábios em resignação, porque a deixei ir embora rápido demais. —Olha, eu já tentei pedir desculpas pra ela, dizer que sentia muito por aquele dia. Mas ela real prefere fingir que a gente nunca se viu na vida até segunda passada. Ao mesmo tempo que ela fica me lançando sorrisinhos e olhares inocentes que eu sei que é apenas pra me provocar.

—Ela atingiu seu ego em cheio, não foi? —Adam assobiou e balançou a cabeça negativamente, indo se sentar ao lado de Hazel na sua cama. Encarei meu hamburguer, me sentindo frustrado naquele momento. —Você não pode vacilar com ela, Caleb. Se ela está magoada e você der um passo errado, isso pode estragar tudo com o Graham.

—Eu sei disso. —Torci os lábios, porque era péssimo precisar concordar com Adam naquele ponto. —Mas não acho que ela tentaria prejudicar meu estágio.

—Você disse que tentou se desculpar, mas não deve ter feito isso direito. —Hazel afirmou, fazendo meu queixo cair, porque era óbvio que eu tinha feito direito. Aquilo nem estava em discussão.

—Eu literalmente disse que sentia muito e tentei explicar o meu lado da situação. —Exclamei, vendo Hazel comprimir os lábios e negar com a cabeça.

—Ai que está o problema. Você resolveu dizer que sentia muito dois anos depois, sendo que poderia ter feito isso naquele dia. Mas você deixou a coisa toda acontecer e só tentou pedir desculpas quando encontrou com ela acidentalmente. —Hazel me lançou um olhar cauteloso enquanto falava aquilo, provavelmente notando minha expressão de reprovação. —E você tentou explicar o seu lado. Mas e o lado dela? Imagine você estar super fascinada por um cara a ponto de ir numa festa atrás dele, só pra ele te dar um fora do pior jeito possível, te entregando pro seu irmão.

—Eu não dei um fora nela.

—Meio que foi o que ficou parecendo. —Hannah retrucou do meu lado, me fazendo abrir e fechar a boca algumas vezes, até decidir que não queria discutir sobre aquilo. —E sim, sabemos que ela era menor de idade na época. Mas você foi tão idiota.

—Vocês estão do lado de quem afinal? —Questionei, lançando um olhar incrédulo na direção de cada um deles. Até mesmo de Adam. —Você, Adam, disse que eu tinha feito a coisa certa e que ela teria sido um problema pra mim.

—Ainda acho que ela vai ser um problema pra você. —Adam frisou, enquanto erguia uma batata frita e a usava para gesticular na minha direção. —A diferença é que agora ela não é menor de idade.

Engoli em seco, tentando ignorar o arrepio que atravessou meu corpo quando lembrei do quanto Elisa ficou corada quando insinuei exatamente isso. Não era uma boa ideia querer jogar com ela, sendo filha do Graham, mas pra mim era praticamente impossível não entrar nessa quando ela parecia me provocar a cada segundo que finge não me conhecer.

—Quer saber, eu fiz uma lista pra você. —Hazel afirmou, abrindo um sorriso assustadoramente grande, enquanto Adam quase se engasgava ao lado dela ao tentar segurar o riso. Fiz uma careta quando ela deixou o hamburguer de lado e puxou um papel do bolso, estendendo-o na minha direção quando atravessou o espaço entre as camas.

—Que lista é essa? —Indaguei, um tanto desconfiado, apesar de saber que Hazel era a mais certa entre nos quatro.

—10 maneiras de faze-la perdoar você. —Hazel voltou pro lugar dela, enquanto eu erguia as sobrancelhas e desdobrava o papel, sem saber o que esperar. —É uma lista com 10 itens, de coisas super fáceis, que você deve fazer pra que ela perceba que você está realmente arrependido.

—Isso não me parece uma lista de pedido de desculpas. —Hannah exclamou, soltando uma risada ao puxar o papel das minhas mãos. —Item 1 - Enviar flores pra ela. Item 2 - Elogia-la sempre que se encontrarem. Item 3 - Convida-la para...

—Já chega. —Puxei o papel das mãos de Hannah, sentindo minhas próprias bochechas esquentarem ao pensar em chama-la para assistir um dos meus jogos. Ela não iria. Óbvio que não faria isso. —Ela vai achar que estou tentando conquistar ela, Hazel. Hannah tem razão, isso não parece um pedido de desculpas.

—Eu só estava tentando ajudar. —Hazel deu de ombros, abrindo um sorriso torto e sem graça, que amoleceu um pouco minha frustração.

—Eu sei que sim, mas não sei se é uma boa ideia. —Falei, balançando a cabeça negativamente, vendo-a assentir como se entendesse. —Talvez eu devesse só tentar conversar com ela de novo. Uma hora ela vai se cansar de fingir, certo?


Continua...

Todos os lances da conquista / Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora