Capítulo 2: Lembrem-se que já temos netos demais.

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Deixe-me dizer uma coisa sobre a minha família, ela é caótica. Não consigo me lembrar qual foi a última vez que tivemos um dia tranquilo, sem um de nós aprontar alguma coisa. Mas hoje, curiosamente, era um dia tranquilo, porque eu, Hannah e Hazel sabíamos que precisávamos nos comportar, se não quiséssemos receber um puxão de orelha daqueles.

Parei na frente do espelho, ajeitando a camisa xadrez de tons azuis que eu estava usando, antes de tentar arrumar meus cabelos úmidos pelo banho. Mas eles eram bagunçados e rebeldes demais, de uma forma que eu nunca conseguia fazê-los parar no lugar.

Quando eu era criança, meus cabelos eram do mesmo tom castanho claro, quase loiro, que os cabelos do meu pai, assim como de Zack e Kyle. Mas a medida que eu fui crescendo, o tom foi escurecendo. Mas os olhos, que minha mãe sempre dizia que pareciam o céu da manhã, em tons claros de castanho, eram os mesmos do meu pai.

—Caleb, suas irmãs estão esperando. —Minha mãe bateu na porta, me fazendo soltar um suspiro e pagar o celular sobre a cama, esperando encontrar uma certa pessoa essa noite, se tivesse sorte. —Adam já está aqui.

—Já estou indo. —Abri a porta, dando de cara com a dona Silvia Carson, parecendo visivelmente impaciente, com os braços cruzados na frente do corpo. Quando ela me encarou, com uma das sobrancelhas erguidas, abri o sorriso mais inocente de todos.

—Você e sua mania de demorar mais que suas irmãs se arrumando. —Afirmou, erguendo as mãos para ajeitar a gola da camisa, como se eu tivesse feito um péssimo trabalho. —Tentem não chegar muito tarde, ok? Eu fico morrendo de preocupação quando vocês saem nessas festas e não me dão mais notícias. Não estou mais na idade de passar nervoso.

—Você teve sete filhos, mãe. Deveria ter pensado nisso antes. —Falei, soltando uma risada quando ela fez uma careta pra mim. Deixei um beijo na bochecha dela e saí para o corredor, vendo-a me seguir.

—Cuide das suas irmãs. Mas quando eu digo cuidar, não significa que você deve ameaçar todos os rapazes que chegam perto delas com seu taco de beisebol. —Afirmou, descendo as escadas atrás de mim, enquanto eu me virava, pronto para me defender. —E não adianta vir dizer que eles não prestam. Pra você ninguém presta para suas irmãs.

—O que eu posso fazer se nenhum deles merece minhas irmãs? Elas são boas demais pra qualquer cara. —Falei, levando a mão ao peito como se tivesse a melhor intenção de todas ao ameaça-los. Escutei meu pai rindo, antes de surgir na entrada da cozinha, piscando pra mim como se concordasse com qualquer coisa que eu fizesse.

—O taco fica. —Minha mãe sibilou, apontando na direção do taco que estava sobre o sofá, perto da porta de entrada, onde eu tinha o deixado estrategicamente, para não esquecer de pegar antes de sair.

—Mas, mãe... —Parei de falar quando ela me lançou um olhar de alerta, antes de minhas irmãs descerem as escadas correndo e Adam aparecer na porta, com uma expressão disfarçada, provavelmente porque tinha ouvido toda a conversa.

—Se comportem. Nada de drogas. Nada de beber. E lembrem-se que já temos netos demais. —Meu pai exclamou, fazendo minhas irmãs gemerem em constrangimento, enquanto eu e Adam soltávamos uma gargalhada.

O celular da minha mãe tocou e ela se apressou em ir atende-lo. Minhas irmãs já estavam indo na direção do carro e nem viram quando papai pegou o taco de beisebol do sofá e me entregou disfarçadamente, antes que minha mãe percebesse. Adam riu, antes de dispararmos para dentro do carro, antes dona Silvia percebesse.

—Vamos as regras, meninas. —Falei, me virando para as duas no banco de trás, vendo-as me encararem com uma expressão confusa. —Vocês não podem ficar a menos de 5 metros de mim. Mais do que isso? Proibido.

Hannah e Hazel se olharam, como se eu tivesse algum tipo de doença mental, antes de caírem na risada. Olhei para Adam, me perguntando o que de tão engraçado eu tinha dito, se eu estava falando muito sério. Ele riu da minha expressão confusa, enquanto eu balançava a cabeça negativamente.

—As duas vão sumir das suas vistas no primeiro minuto que entrarmos lá. —Adam afirmou, me fazendo afundar no banco em resignação.

—Eu sei.

—Se você sabe, por que insiste nessa regra idiota que não vamos seguir? —Hazel retrucou no banco de trás, enquanto eu me perguntava o que tinha feito ao universo, pra ele ter me dado duas irmãs mais novas como aquelas duas.

Aspen não era uma cidade tão grande assim, então não demoramos quase nada até chegar na casa onde estava tendo a festa. A maioria dos convidados eram quem estava assistindo ao jogo de hoje, incluindo os dois times. Desci do carro, esperando Adam e minhas irmãs pararem ao meu lado. Juntos, nós quatro entramos na festa, chamando a atenção de quem estava na entrada.

—Tente não assustar ninguém com aquele seu taco de beisebol, ou as pessoas vão começar a acreditar que você saiu mesmo de um manicômio. —Hannah murmurou, e eu lancei um olhar afiado na direção dela, já que entre ela e Hazel, ela era a que mais me dava trabalho.

—Para de incomoda-lo. Até eu sei que aquele cara era um idiota. —Hazel afirmou, antes de mergulhar no meio daquelas pessoas que dançavam no meio da sala, enquanto Hannah ia pra outro lado, com um revirar de olhos.

—Ainda bem que elas são suas irmãs e não minhas. —Adam exclamou, e eu dei uma cotovelada nele, que o fez rir, antes de ele seguir na direção que Hazel tinha ido, enquanto eu ia na direção que Hannah tinha ido.

Não ia atrás da minha irmã, porque não ficava a seguindo como um guarda costa. Normalmente, eu e Hannah nos dávamos bem demais, já que ela sempre ficava do meu lado quando acontecia alguma coisa, enquanto Hazel não negava nem um pouco a preferência por Adam. Se Adam fosse nosso irmão, ele certamente seria o irmão favorito dela.

Desviei de umas garotas que estavam pelo caminho, fingindo não ouvir a cantada que uma delas tinha lançado na minha direção. Parei de andar antes de chegar a porta dos fundos, quando meus olhos encontraram alguém que eu esperava que estivesse ali, ao mesmo tempo que eu achava que não a encontraria mais.

Segui na direção dela na mesma hora, como se fosse automático, observando o vestido rose que ela usava, enquanto um lado dos cabelos pretos estavam presos com uma trança. Ela tinha acabado de pegar um copo de bebida das mãos de alguém que não vi, mas estava sozinha quando me aproximei, querendo muito ver aqueles olhos verdes de novo.

—Espero que não esteja aceitando bebidas de estranhos. —Falei, fazendo os olhos dela se voltarem pra mim na mesma hora. O brilho de surpresa deixando o tom verde mais claro.

—Eu estava esperando você aparecer pra me oferecer uma bebida. —Retrucou, abrindo um sorriso tímido, mesmo que sua frase fosse ousada. E foi quase impossível não sorrir de volta, mesmo que eu tivesse a sensação de que não poderia me aproximar demais dela.


Continua...

Todos os lances da conquista / Vol. 1Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang