Capítulo 29: Tenho aula de balé.

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Eu tenho a estranha sensação que o grande amigo de Luc, e novo advogado da empresa, não vai muito com a minha cara. Ele sempre me enche de coisas pra analisar, além de apontar todos os erros de uma forma que parece bem mais do que só uma crítica construtiva. Caramba, as vezes eu tenho vontade de me enfiar em um buraco quando ele me lança um olhar todo descontente.

—Não foi isso que eu pedi pra você fazer. —Reynolds estendeu os papéis pra mim, exibindo uma expressão frustrada. —Por favor, faça de novo e dessa vez com mais cuidado com os detalhes.

Torci os lábios ao pegar os papéis das mãos dele, sentindo a frustração abrir um buraco no meu peito. Mesmo que ele estivesse pedindo por favor, soava como a coisa mais forçada e sarcástica de todas, como se eu ser um estagiário o incomodasse demais. Não falei nada quando virei as costas pra sair da sala, fechando os olhos com força para tentar me controlar e não soltar um palavrão.

Parei de andar quando vi Elisa saindo da sala do pai dela, com uma expressão um tanto incomodada no rosto. Abri um sorriso, que se tornou maior quando ela virou o rosto e me viu, com os lábios tremendo quando ela tentou esconder o sorriso. Ela conseguiu, mas eu sabia que ele estava lá.

—Oi, estagiário.

—Que carinha é essa, hein? —Indaguei, assim que nos encontramos no meio do caminho, vendo-a apertar as mangas do casaco.

—Estou tentando convencer meu pai a me dar uma moto desde que fiquei mais velha. Mas ele se recusa veemente. —Elisa revirou os olhos, como se aquela fosse uma grande bobagem. —Ele acha que elas são perigosas demais. Quer que eu escolha um carro, mas eu estou me recusando, então estamos em um impasse.

—Então vocês é dessas que gosta de adrenalina? —Ergui as sobrancelhas, sentindo uma faísca se agitar no meu peito quando ela curvou os lábios em um sorrisinho.

—Andei de moto uma única vez e gostei tanto, que tive certeza que queria ter uma quando pudesse dirigir. —Afirmou, dando de ombros, enquanto eu absorvia aquelas palavras. —Mas acho que nunca vou conseguir convencer meu pai a me dar uma. Ele tem certeza que vou me machucar.

—Com quem você andou de moto? —Questionei, vendo-a franzir a testa, estranhando minha pergunta. Exibi a expressão mais tranquila de todas, mesmo que estivesse super curioso por dentro.

—Com o Luca Hollis. Ele é irmão da Taylor.

—Ah, sim, eu o conheci ontem. —Falei, erguendo o óculos com o dedo indicador quando o senti escorregar pelo meu nariz. Um ato involuntário que chamou a atenção dela. —Enquanto meu primo dava em cima da sua amiga. Inclusive, eu preciso muito que você me arrume o número dela, ou Adam vai me matar quando eu estiver dormindo.

—Taylor? —Indagou, soltando uma risada quando confirmei com a cabeça. —Posso ajudar o seu primo.

—E eu, você pode ajudar? —Dei um passo pra perto dela, vendo-a estremece quando ergueu o queixo para encarar meus olhos, enquanto aquela tensão entre nós dois surgia, quente e vibrante. Minha mente ficava gritando que eu deveria dar meia volta e ir cuidar do meu trabalho, mas era difícil pensar quando ela estava bem na minha frente.

—Depende. —Elisa mordeu o lábio, parecendo visivelmente ansiosa, porque as bochechas estavam ganhando aquela coloração avermelhada adorável. —Se tiver algo que você queira, que eu possa te ajudar.

—Se você ganhar uma moto, quero ser o primeiro a dar uma volta nela com você. —Afirmei, abrindo um sorriso sugestivo, observando ela soltar uma risada, antes de negar com a cabeça.

—Carson, o que você está fazendo? Preciso daquela papelada. —Reynolds questionou, saindo da sala dele. Elisa deu um passo involuntário para trás de mim, parecendo assustada, antes de abrir um sorriso quando olhou por cima do meu ombro.

—Olá, sr. Reynolds. —Elisa deu um passo para o lado para que ele pudesse a ver. Olhei pra ele, vendo sua expressão séria se desmanchar em pura adoração quando viu Elisa. —Eu estava roubando a atenção do Caleb. Sinto muito.

—Tudo bem. Não tem problema. Não sabia que estava aqui. —Ele se aproximou, falando com ela de uma forma super doce, deixando claro que a conhecia a bastante tempo. E isso não seria uma surpresa, já que ele era bem amigo de Luc. Já tinha os vistos saindo para almoçar juntos, como velhos amigos.

—Eu vim conversar com meu pai rapidinho. Mas já estou indo embora. —Elisa afirmou, olhando de relance pra mim, com se lembrasse da nossa conversa interrompida. —Tenho aula de balé. Já estou até atrasada, na verdade.

—Quer uma carona? —Questionou, apontando para a porta do escritório dele. —Eu já estava indo embora.

—Ah, não precisa. Eu já chamei um Uber, mas obrigada. —Elisa ajeitou o casaco, dando alguns passos na direção do elevador, me encarando por um momento tão longo que certamente não seria recomendado, já que não estávamos sozinhos. —Até mais.

Segui Elisa com os olhos, até ela desaparecer dentro do elevador. Meu coração estava martelando na minha garganta, enquanto uma sensação esquisita tomava conta do meu peito. Me virei para sair dali, hesitando quando encontrei Reynolds me observando com uma das sobrancelhas erguidas.

—Trinta minutos. —Falei, erguendo a mão que segurava os papéis, saindo dali antes que a situação ficasse ainda mais estranha do que já estava.

Segui direto para a sala de Julian, repassando aqueles poucos minutos que tive com Elisa, antes de sermos interrompidos. Ele estava falando no telefone quando eu entrei, pedindo que eu aguardasse um minuto com um movimento de mão. Observei a mesa dele super organizada, bem diferente da minha, que as vezes até eu mesmo me perdida. Havia um único porta-retrato ali, dele ao lado da sua esposa, Abigail, em um dia que eles estavam esquiando.

—Tudo bem?

—Ele disse que está tudo errado. —Falei, estendendo os papéis para Julian, vendo-o fazer uma careta, antes de pegar os papéis.

—Claro que não está. Foi o que eu te ajudei, não é? Nós dois fizemos juntos. Não tem nada errado. —Julian afirmou, com tanta convicção que apertei minha mandíbula, sentindo que Reynolds só estava querendo me sacanear. —Você falou pra ele que fizemos juntos?

—Não, porque eu tinha certeza que ele iria me criticar por não estar sabendo fazer meu trabalho sozinho. —Comprimi meus lábios ao dizer aquilo, vendo Julian me lançar um olhar cauteloso. —Vou mandar para os meus irmãos, pra saber a opinião deles.

—Está duvidando do meu trabalho, cara? —Julian exclamou, soando um tanto ofendido, de uma forma que me fez rir.

—Não, claro que não. É só que... —Gesticulei para o nada, antes de encolher os ombros. —Eu acho que esse cara me odeia. E eu nem fiz nada. E o pior, ele me viu com a Elisa agora pouco e ficou me olhando com uma expressão esquisita.

—Eu disse que isso era pior do que derramar café em outro advogado. Ele vai contar para o Luc se desconfiar que está rolando alguma coisa entre vocês dois.

—A gente não tem nada. —Afirmei, e Julian tombou a cabeça de lado, abrindo um sorriso pequeno e sutil.

—Cara, eu já vi isso várias vezes, ok? —Julian desviou os olhos para os papéis na mesa dele, antes de olhar pra foto dele e de Abigail. —Acredite em mim quando eu digo, vocês podem não ter nada agora, mas em algum momento vão ter.


Continua...
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Mais uma curiosidade, já que vcs pediram. O primeiro livro da trilogia ia ser inicialmente da Hazel, por um motivo muito específico que estava me incomodando. Mas estava me dando toque tbm, pq o Caleb é o mais velho e na minha cabeça o primeiro deveria ser dele, além de eu estar muito mais inspirada pra história dele com a Elisa. Isso meio q confirma de quem é o segundo livro.

Todos os lances da conquista / Vol. 1Où les histoires vivent. Découvrez maintenant