Capítulo 23: Tenho meus informantes.

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Caminhei pelos corredores do estúdio de dança, começando a pensar que eu estava ficando louco. Aquilo ali poderia me arrumar tantos problemas, mas era quase impossível evitar quando eu pensava em Elisa e deixar as coisas pra lá. Já tinha me desculpado. Ela parecia ter aceitado, mesmo que se esforçasse pra não baixar a guarda. Mas eu queria mais.

Parei em frente a uma das salas, batendo na porta antes de empurra-la. Elisa estava arrumando suas sapatilhas, de costas pra mim, que nem mesmo notou quando entrei e fechei a porta. Mas quando ela se ergueu e viu meu reflexo no espelho, pude jurar que quase vi sua alma saindo do corpo.

—Você não está aqui. —Exclamou, ainda encarando meu reflexo pelo espelho. —Você não pode estar aqui.

—Eu estou. —Falei, abrindo um sorriso inocente, vendo-a se virar rapidamente para me encarar, com uma expressão tão surpresa que chegava a ser engraçada. —Antes que você me mate.

Puxei o coelho pra frente, o abraçando para usá-lo como proteção, caso ela quisesse me matar. Elisa piscou algumas vezes, olhando do coelho pra mim e depois pro coelho de novo. Vi quando ela abriu e fechou a boca algumas vezes, claramente sem reação.

—Olha, parece que eu deixei Elisabeth Graham sem palavras. —Sussurrei, me aproximando dela lentamente, observando suas bochechas ficarem vermelhas quando ela ouviu minhas palavras. —Eu ia mandar pra sua casa, mas percebi que queria ver sua reação e queria entregar pessoalmente.

—Você é um idiota. —Afirmou, me fazendo soltar uma risada quando ela tomou o coelho das minhas mãos e o observou. —E isso é perseguição.

—Mas você gostou do coelho. —Falei, porque ela estava o encarando com um brilho de excitação nos olhos, de uma forma que me fazia ter certeza que tinha gostado. —Eles dão sorte.

—Tenho certeza que é só o pé do coelho que dá sorte. —Elisa retrucou, tocando o laço azul ao redor do pescoço dele, antes de olhar pra mim quando eu ri.

—Sim, mas iria ser maldade demais se eu arrancasse o pé do coitado. —Falei, vendo-a morder o lábio para segurar o sorriso, o que fez minha pulsação disparar quando percebi o que estava acontecendo ali.

—Como você soube que eu estava aqui? —Questionou, e eu esperei ouvir o tom de incômodo na sua voz, mas só havia curiosidade.

—Tenho meus informantes. —Dei de ombros, e Elisa tombou a cabeça de lado, me encarando com uma expressão meio perdida, como se não soubesse o que esperar de mim.

Dei um passo na direção dela, parando bem na sua frente. Isso a fez engolir em seco, assim como fez o calor se espalhar pela minha pele, quando lembrei do nosso encontro mais cedo. Minha respiração ficou desregular quando ela abraçou o coelho e escorou o queixo na cabeça dele, me observando de uma forma tão doce que fez algo se acender no meu peito.

—O que você quer? —Questionou, me fazendo abrir um sorriso, enquanto pensava no que dizer a ela, porque só queria que as coisas se acertassem.

—Quero que me perdoe. Quero ser seu amigo. —Falei, dando mais um passo, até aquele coelho ser a única coisa que nos separava, antes de erguer a mão e levar até a dela, tocando sua pele de leve, vendo-a se arrepiar inteira, o que fez meu sorriso aumentar.

—Meu amigo? —Ela ergueu as sobrancelhas, exibindo uma expressão desconfiada, mas não afastou minha mão quando deslizei meus dedos pelo seu pulso, sentindo o calor da sua pele. —Por que você iria querer isso?

—Por que eu não iria querer isso, é a pergunta certa. —Afirmei, erguendo minha mão e ajeitando um fio de cabelo que havia se soltado do amarrador dela. —Estou tentando consertar as coisas com você, porque você não merece que eu seja um idiota, como mesmo disse. E eu sei que eu sou péssimo fazendo isso, mas juro que tô tentando. —Apontei para o coelho no colo dela. —Ele é minha testemunha.

—Que curioso que sua testemunha não saiba falar. —Ironizou, me lançando um olhar sarcástico, enquanto eu soltava uma risada e erguia as mãos como se fosse inocente.

—A gente pode conversar? Sem mágoa ou provocação. Conversar sobre o que aconteceu, pra esclarecermos tudo e podermos resolver isso. —Prossegui, afastando minhas mãos dela, porque sabia que aquele era um momento muito importante. —Acho que você merece uma conversa franca, Elisa, e eu também.

—Por causa do meu pai.

—Eu voto em a gente fingir que seu pai não existe e que eu não trabalho pra ele. —Sugeri, porque agora que eu estava ali com ela, aquilo não tinha importância.

Elisa suspirou, se preparando pra dizer alguma coisa pra mim. Nós dois nós viramos quando a porta se abriu e uma mulher mais velha entrou, junto com outras garotas. Elas pareceram surpresas quando me viram ali, enquanto eu me encolhia com o excesso de atenção.

—Desculpa, Elisa, mas seu amigo precisa ir embora. Temos que começar a aula. —A mulher abriu um sorriso simpático pra mim, com um brilho de curiosidade nos olhos e algo mais, que me fez olhar pra Elisa e vê-la corando como se estivesse sem graça.

—Você precisa ir. —Elisa sussurrou, segurando minha mão e me puxando em direção a porta, enquanto as garotas se preparavam para a aula junto com a professora. —Meus pais vão sair pra jantar hoje, então a gente pode conversar lá em casa depois da minha aula.

—Isso é...

—A gente vai conversar, Caleb. —Ela me impediu de falar, me lançando um olhar firme, como se não confiasse nem um pouco em mim. —Mas não fique com o ego tão grande por isso. É só uma conversa.

—É tudo que eu preciso. —Falei, com um sorriso confiante nos lábios, vendo-a abrir a porta e me empurrar para fora, antes de me entregar o coelho.

—Me espera na entrada e cuida do meu coelho. —Ela me encarou hesitante, antes de fechar a porta na minha cara. Soltei uma risada, balançando a cabeça negativamente, antes de sair dali com um sorriso incrivelmente grande no rosto.


Continua...

Todos os lances da conquista / Vol. 1Where stories live. Discover now