Capítulo 4

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A voz fria e potente de Thomas ecoou por todo lugar.

Do alto da escada, eu o vi de jeans e camisa de botão com três deles abertos, me dando a visão dos poucos cabelos escuros em seu tórax, as mangas arregaçadas até o cotovelo aumentando o músculo de seu braço. Seu olhar era firme observando toda a cena enquanto o meu era de raiva. O homem me solta, mas mesmo assim lhe dou um empurrão para ter mais distância e caminho devagar para que Lucky não se assuste mais.

- Desculpe senhor, mas esse cavalo estava transtornado. - fala o homem que me segurou.

- Transtornado? - minha voz sai alta mostrando toda a insatisfação. - Eu também estaria se fosse encurralada e tivesse pessoas com armas apontadas para mim!

- Ele podia machucar alguém senhorita. - ele explica e fecho meus olhos de frente para Lucky, respirando fundo e soltando o ar pela boca.

Viro-me para o rapaz e o vejo que todos ainda seguram a arma.

- Ele não ia machucar ninguém, era possível que eu fizesse um temaki de vocês se encostassem um dedo nele e, por favor, abaixem essas coisas ou pretendem me matar?

Meu sarcasmo estava alto e eu não podia evitar, estava irritada demais. De relance vejo Alicia com uma mulher e um homem, o casal parece ter um pouco mais de quarenta anos e estão ansiosos com a minha situação. Todos parecem olhar para o alto da escada esperando o comando de Thomas.

- Abaixem às armas, o cavalo não é ameaça. - sua voz é passiva e autoritária, ele continua - E fechem o portão, não quero correr o risco de receber visitas.

- Não seja por isso, já estava de saída. - eu digo desgostosa.

- Não falava de você. - ele responde rápido demais e olho para ele que tem o cenho franzido.

Minha expressão alivia. Ele deve estar se referindo aos inimigos. Suspiro, qual será a sua história?

- De qualquer forma é melhor eu ir embora. - digo cansada.

- Eu acompanho. - ele diz descendo as escadas e percebo que todos já foram embora.

- Não precisa. – falo secamente - Eu sei o caminho.

- Eu disse que vou te acompanhar até a saída. - Thomas diz com muita firmeza e só me resta aceitar.

Guio Lucky, agora mais calmo, para a saída e Thomas vem para o meu lado me fazendo ficar entre Lucky e ele. Noto minha mão suada e meu coração acelerado, ele, no entanto permanece calado com suas mãos no bolso. Tudo que eu mais queria era não tê-lo do meu lado, parece ter o poder de me deixar nervosa e ansiosa, de falar ou ficar calada. Resumindo, ele me deixa confusa.

Só então percebo a distância que percorri, observo que o intervalo da casa ao portão de saída é longa e fico espanta com a rapidez que cheguei a casa. Aproveito o silêncio para ver o lugar. O verde é predominante em um espaço plano com poucas elevações dando uma beleza sutil ao ambiente. Não há flores, só arbustos bem cuidados e árvores. Há um caminho feito de pedras que leva há uma casinha toda de madeira próximo à entrada da casa. Olho para um Thomas sério, perdido em seu próprio pensamento e começo a ficar impaciente pelo silêncio. Passo as mãos em meus cabelos, em minha roupa, olho para os lados e respiro fundo.

- Vamos, fale. - viro minha cabeça rapidamente ao finalmente ouvir sua voz, porém ela continua profissional.

- Falar o que? – indago confusa e ele olha para mim, seus olhos me fitam e miro o chão evitando seu olhar.

- Você está impaciente, com certeza pelo silêncio e posso apostar que tem várias perguntas rodeando sua cabeça.

Arregalo os olhos ouvindo cada palavra sair de sua boca. Como ele pode saber tanto? Viu-me apenas uma vez é impossível que me leia tão bem.

Desejos & Segredos: O Toque Where stories live. Discover now