Capítulo 39

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Thomas percebeu meu afastamento. No almoço não falei uma palavra sequer, nem ele. Mas isso eu já estava acostumada, nunca foi um falador mesmo. Lucky corria em voltas, enquanto Thomas e eu, estávamos sentados nas cadeiras do lado de fora da casa. Seu olhar estava em mim e não saiu desde a cozinha.

- O que há com você? - o silêncio foi rompido pela pergunta impaciente de Thomas. Dou de ombros ainda fitando Lucky.

- Nada.

- Nada? De uma hora para outra você fica distante e não aconteceu nada. - diz sarcástico.

- Nada! Não tem nada acontecendo.

- Então decidiu ficar irritada?

- Eu não estou irritada! - digo, irritada. - Por que tantas perguntas?

- Eu não estou fazendo perguntas. Só estou tentando entender o que levou você a ficar assim.

Assim como? Apaixonada? Isso foi culpa sua! Suspiro fundo, sem saída. Eu não consigo mais esconder, eu tenho que falar. Isso está me consumindo e sufocando a cada vez que ele me toca, me beija, que me chama de anjo. Cada vez que fazemos amor. Sim! Por que para mim é amor e não sexo. Olho em seus olhos, criando coragem.

- Quer saber por que estou assim? – pergunto refreada, não sei como ele vai reagir.

- É o que eu mais quero.

Minha respiração está rápida, meu coração acelerado. Sinto meus olhos arregalados criarem lágrimas.

- Me apaixonei por você. – murmuro baixo. Não precisa eu gritar, o silêncio aqui é tão absoluto que sei que ele me ouviu.

Observei as reações se formando no rosto de Thomas. O franzir na testa, o piscar de olhos atordoado, sua garganta se movimentar engolindo em seco e por fim, um sorriso cauteloso, aparecer em sua face.

- Você está brincando, só pode.

Eu não esperei que ele dissesse isso. Na verdade, me imaginei diversas vezes falando isso e Thomas me pegando em seus braços, dizendo que sentia o mesmo por mim. Não passou pela minha cabeça que ele fosse achar que eu estava brincando. Abaixei meus olhos para minhas mãos, juntas em meu colo.

- Não, queria estar mais não. Não estou brincando.

- Você não pode se apaixonar por mim. - fala alto, com raiva. Riu sem ânimo.

- Tarde demais pra me dizer isso, não acha? - retruco com escárnio.

- Por que fez isso Melissa? - Thomas sai de sua cadeira em um ropante e levanto-me em seguida, inconformada pelo ato.

- Só para deixar claro, eu não quis isso, mas meu coração não deu ouvido. Eu tentei não me apaixonar, repetia sempre que o que eu tinha por você era atração. Só que no fundo, eu sabia que não era. Você é carinhoso comigo, cuida de mim e se preocupa com meu bem-estar. Sinto-me segura com você... - ele rir alto.

- Se senti segura comigo? Por acaso não se lembra do homem hoje cedo te tocando? - sua voz seguia baixa com cólera em cada palavra.

- Não fala assim comigo!

- Não devia se apaixonar por mim. - recitou certa frase que colou em meu ouvido. Eu não devia... Eu não devia ter se apaixonado por ele.

- Por que? Só me diga por que. - sussurro.

- Temos uma vida diferente, não somos compatíveis. - diz e sua desculpa me faz rir sarcástica.

- Eu não sou boa pra você? É isso? Por acaso não te satisfaço?

Desejos & Segredos: O Toque Where stories live. Discover now