Capítulo 1

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Era meu último dia de férias, e como sempre, eu não tinha aproveitado nada. Não fui viajar, não me encontrei com meus amigos, já que estavam todos viajando e voltariam em cima da volta às aulas, alguns foram visitar parentes e outros apenas foram conhecer lugares novos, mas eu não tinha essa sorte toda. Já tinha comprado meus materiais, mas nunca havia trocado de mochila, aquele ano seria uma exceção, pois a minha não tinha mais vida útil para mais um ano inteiro, ou sequer um mês, logo, aposentei a coitada.
Estava basicamente pronto para meu último ano na escola e estava louco para me encontrar com meus amigos Bernardo e Carla. Perguntava-me como teria sido as férias deles, com toda a certeza, melhor do que as minhas. Parei e fiquei olhando para o espelho, admirando o castanho dos meus olhos que eu mesmo não conseguia distinguir a tonalidade, às vezes castanho claro às vezes escuro, era algo um tanto engraçado, meus cabelos escuros e repleto de cachos que eu tanto gostava, pois era o único na família que os possuía, não tinha um corpo ruim, não era gordo nem magro, estava nas proporções certas de acordo com a minha visão de corpo ideal. Enquanto estava em meus devaneios de frente ao espelho, levo um susto ao escutar:

- Pedro, bobão, eu cheguei - Bernardo entrou gritando, como sempre.

- Entra ai, Bernardo, seu cara de bunda - respondi de volta para ele.

- Cara, sou de casa, acha mesmo que eu iria ficar esperando você abrir a porta pra mim?

- Pois deveria, e se eu estivesse pelado? - disse brincando.

- Se estivesse, não me importaria. Tenho a mesma coisa que você no meio das pernas, e isso não me chama atenção nenhuma. - rebateu ele.

- Babaca, e ai, como foram às férias? - pergunto curioso para saber

Então ele começou a me descrever cada detalhe, o que fazia minha imaginação ir a mil, quanto mais ele falava, mais surpreso eu ficava. Com tanta coisa que ele mencionou, estava me dando até um pingo de inveja de não ter viajado também, mas para todo caso, eu não poderia fazer nada, pelo menos ainda não. Enquanto Bernardo falava, viajava cada vez mais em meus pensamentos, e ele me pergunta algo em que não havia prestado atenção:

- Tá me ouvindo, peste?

- Não! Estou aqui do seu lado e não estou ouvindo! - Falei com ironia, torcendo para ele não perguntar o que falou.

- Mas duvido que esteja prestando atenção!

- Eu prestei atenção também. - Vi que eu não ia ter escapatória - Estou sempre ligado a tudo ao meu redor.

- Do que eu estava falando então? - Perguntou um tanto desconfiado.

- Daquilo.

- Daquilo o quê? - Perguntou ele, desafiando-me.

- Daquilo o que, o quê? - Será que eu conseguiria enganá-lo com algo tão besta?

- Uai, do que estávamos falando mesmo? - ficou confuso

- Que íamos comer o bolo de cenoura com chocolate, que minha mãe acabou de fazer!

Ele ficou um tempo em silencio, será que ele ia cair mesmo nessa história? Qual seria a resposta dele? Eu não sei do que ele estava falando e não estava a fim de perguntar, pois quando começa, não para mais e eu iria me perder de novo, por fim ele respondeu:

- Verdade! Sua mãe fez bolo e pediu para mim vir te avisar.

Como o Bernardo conseguia ser tão tonto assim? Passa a impressão de que é espertalhão, mas disso ele não tem nada. Descemos e fomos comer bolo, era o meu preferido, servi-me logo de três pedaços, porque eu sabia que não sobraria um mísero grão para quando eu chegasse, pois meus irmãos já teriam comido o bolo todo. Fomos para a rua e lá passamos o resto da tarde jogando futebol.
Ao escurecer, Bernardo seguiu para sua casa, já que não tinha deixado seus materiais prontos para o nosso primeiro dia de aula. Entrei, tomei meu banho e em seguida fui jantar. Conversei com a minha mãe e fui dormir, logo começaria meu tormento novamente. Dormi pouco, minha ansiedade era forte demais, passei a noite quase toda acordado, odiava quando isso me acontecia, pois ficava totalmente indisposto para o outro dia, aos poucos fui pegando no sono e nem percebi que o tempo passou. Dando seis horas da manhã, levantei, tomei um banho relaxante e fui me arrumar para a escola. Seria finalmente meu último ano e a partir dai, minha única preocupação seria a faculdade no próximo ano, desci as escadas com uma preguiça, e minha mãe dizia: "Só falta um lugar pra enterrar, porque esse ai já está morto faz tempo", eu sempre caia na gargalhada com essas frases dela. Tomei o café da manhã com a minha mãe e sai. Bernardo estaria me esperando na escola, pois no primeiro dia de aula, seu pai fazia questão de levá-lo, e com isso ele sempre estava lá antes de mim, marcando nosso território. Chegando à escola, encontrei com meus antigos colegas e a menina por quem eu sou fissurado. Quem sabe um dia consigo namorá-la, mas isso apenas o tempo poderia dizer. Entrei em minha nova sala, e por acaso, logo atrás de onde eu sentaria, tinha uma aluna nova ocupando o lugar de uma amiga minha, ela se encontrava sentada e distraída uma menina bonita, morena de olhos castanhos e cabelos castanhos claros encaracolados. Ela seria a única aluna nova, pois os nomes que estavam na lista colada na porta da sala eu já conhecia. Fui me aproximando de onde eu sentaria, coloquei a mochila na cadeira e a encarei de forma com que iria cumprimenta-la e virei às costas como se eu estivesse sozinho e sai, precisava encontrar meu amigo sumido e o encontrei no pátio.

Só o Nome.Where stories live. Discover now