02| É uma técnica de sedução?

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Estamos dentro do táxi que apanhámos à saída do aeroporto que nos irá levar até ao centro de Tóquio. Dormi a maior parte do tempo da viagem. Partimos do aeroporto de London City às 7h50m mais coisa menos coisa. E são no momento 8h35, em Tóquio, isto quer dizer que em Londres será meia-noite e meia.

- Estou feliz por estar aqui contigo. - aperta ligeiramente a minha mão na dele e quase que consigo ouvir o seu sorriso.

- Estou feliz também, Tom. - passo o meu polegar por cima da mão dele e ele encosta-se ao banco como se estivesse aliviado de alguma coisa.

Estou tranquila. Viajei com o meu melhor amigo e não há nada que me assuste nesta cidade desconhecida em que "todas as pessoas são iguais umas às outras", palavras de Paige. Discordo com ela. Os japoneses não são iguais uns aos outros.

Thomas viajou comigo porque irá escrever um artigo sobre a apresentação do livro para o qual fiz uma ilustração.

Solto um riso abafado ao lembrar-me que Paige dissera que os asiáticos eram bons na cama. Sinto-me observada e viro ligeiramente a cabeça ainda com um sorriso nos lábios para encontrar Thomas a fitar-me.

- Estava-me a lembrar-me de uma coisa que Paige me disse. - viro o meu olhar de novo para a rua e vejo na maioria homens e mulheres de negócios japoneses a irem para os seus encontros executivos.

- As tuas ilustrações ficaram impressionantes, Vicky. – ele sorri.

- Achas que me vão pedir para falar? – pergunto envergonhada.

- Provavelmente. – ele dá uma pequena gargalhada.

Olho para fora da janela, para os campos verdes e luxuriantes por onde nós passamos nos subúrbios que muito brevemente se irão transformar em arranha - céus e estruturas elegantes de aço no centro da capital.

O táxi para perto da estação de Shibuya a pedido de Thomas. Ele faz o pagamento ao motorista após tirarmos as malas da bagageira que por sinal são poucas, leves e com rodinhas, o que facilita a nossa deslocação.

Passamos por uma multidão de pessoas vão e vêm do trabalho, que vêm do pequeno - almoço ou qualquer outro sítio.

Estamos num dos cruzamentos mais loucos e movimentados do mundo pois a estação de Shibuya fica entre seis ruas, que parecem que vão colidir todas ao mesmo tempo. Em Inglaterra não é nada assim, o que atrapalha um pouco o meu sistema. Mas por incrível que pareça, isso não parece afetar os condutores pois sabem exatamente quando devem avançar ou parar. Dirigimo-nos para o cruzamento e juntamo-nos às imensas pessoas que avançam em todas as direções possíveis.

Thomas tira o telemóvel do bolso e liga o google maps para conseguir chegar ao hotel. Rio-me e ele levanta o olhar para mim.

- Não sei, mas não teria sido mais fácil o motorista ter-nos levado até ao hotel? - ele faz um sorriso.

- Talvez, mas isto fazia parte das minhas técnicas de sedução. - ele penteia o seu cabelo com os dedos.

Eu não consigo conter a minha gargalhada.

- O quê? Fazer com que nos percamos é uma técnica tua de sedução?

Ele sorri.

- Não exatamente. Eu quero muito poder-me deitar numa cama o mais rapidamente possível.

- Muito cansado, senhor?

- Eu não dormi praticamente nada durante a viagem ao contrário da Miss.

- Então o que nos diz o seu GPS, senhor?

- Ele diz-nos para seguirmos por ali. - ele aponta e é para lá que nós caminhamos. - Achei que um pouco de ar e andar um pouco nos iria fazer bem depois de tantas horas num avião.

Ele está certo. Eu não estou realmente cansada e teria energia suficiente para percorrer uma maratona. Talvez eu o faça.

Chegamos finalmente ao hotel. Thomas vai até à receção tratar das burocracias e depois somos encaminhados até ao elevador. Thomas carrega no botão e subimos até ao 55° andar. As portas do elevador abrem-se e Thomas faz um gesto para eu sair primeiro. Tom caminha pelo corredor e entrega-me um cartão para eu abrir a porta do quarto e assim faço. Deixo as minhas malas perto da porta e entro para dentro do quarto, observando a vista da cidade da enorme janela transparente.

- Vamos ficar no mesmo quarto? - faço a questão a Thomas contemplando ainda a vista maravilhosa.

A porta é fechada. Ouço os passos largos dele e sinto-o a desviar o meu cabelo para o lado esquerdo e depois depositar um beijo na minha bochecha.

- Não. Achei que irias querer a tua privacidade.

- Foi simpático da tua parte pensares nisso, obrigada. - faço um sorriso e ele massaja os meus ombros.

- Estou mesmo à tua frente, caso precises de alguma coisa. - ele diz e depois afasta o seu corpo do meu. - Vou descansar um pouco. Tens comprimidos para a dor de cabeça?

Viro-me de frente para ele e vou até à minha mala onde encontro a embalagem dos comprimidos e entrego-lha.

- Leva-a. Podes precisar mais do que um. - ajeito-lhe a camisa meio amarrotada pela viagem. - Precisas de serviço de massagens?

- Muito prestável, Vicky, mas eu vou recusar, obrigado. O que vais fazer agora? Descansar?

- Hmm... - faço uma pausa. - Estava a pensar numa corrida antes de um bom banho e de uma sesta.

- Parece-me bom, mas seria melhor ainda se conseguires não te perder. - ele beija-me a testa e sai do meu quarto levando a embalagem do medicamento para as dores.

Eu não me chamo Thomas Rogers para me perder. Eu não me irei perder. Eu posso não conhecer Tóquio mas confio nas minhas capacidades de localização.

Decido mandar uma mensagem à maluca da minha melhor amiga a avisar que chegamos bem, esperado que ela ainda não estivesse a dormir visto que em Inglaterra devia ser perto da uma da manhã, se bem que Paige mesmo assim doida nunca iria descansar antes de saber que estava tudo bem, então aposto que estará a fazer outras coisas com William enquanto não recebe uma notícia minha.

Ligo o notebook para fazer uma breve pesquisa antes de fazer a minha corrida em vez de usar o meu telemóvel para poupar bateria para quando for à rua e depois visto-me adequadamente para correr.

Amor & ObsessãoWhere stories live. Discover now