Capítulo 4

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Assim que cheguei em casa, eu fiquei na dúvida se abria o envelope ou se o deixaria do jeito que estava. Mas e se for realmente algo bom?algo tão simples me deixava indecisa.
Rodrigo entra em casa e parece cansado, ele senta no sofá e ver o envelope na minha mão .

— O que é isso? — Perguntou franzindo o cenho.

— Nada demais. — Respondo. Ainda estou chateada por ele agir daquela forma e não me contar o porque havia bebido.

Peguei minha bolsa e estava indo em direção ao meu quarto, mais ele me segurou me fazendo parar.

— Liza, eu sei que esta chateada,peço desculpas, sei que deveria te dar exemplo por ser o mais velho — Ele pausa e suspira — Enfim você me desculpa?

Apesar de chateada eu consigo o entender, sei que a situação as vezes aperta mas se não o apoia-lo quem fará isso? 
Isso só faria com que a situação se agrava- se e preciso dele, precisamos estar juntos pra enfrentar esse pesadelo. E todos nós erramos e erraremos algum dia, ninguém é perfeito.

— Tudo bem, só prometa que não fará isso, nós precisamos de você Rodrigo. — Falo abraçando ele que logo retribui.

— Prometo, palavra de irmão. — Ele diz levantando a mão olhando pra mim.

— O.k. — Sorrimos.

— Mas, então e esse envelope?— Pergunta curioso.

— A já ia me esquecendo, eu não sei, fui buscar meus documentos na empresa pública e estava lá junto a eles.— Ele pega e analisa o endereço.

—Londres? — Perguntou surpreso.

— Sim, Anyly falou que pode ser algo bom, mais não sei, estou em dúvida. — Falo dando um sorriso de lado.

— Abre então. — Ele diz e me entrega o envelope.

Abro nervosa e vejo o papel formal, bem diferente. Muitas palavras tomavam conta do papel todo.Parece ser algo de um lugar muito bem reservado.

— E então? — Rodrigo pergunta com ansiedade.

— Vou ler o que diz.— Falo olhando para o que estava escrito.

— Fala em voz alta.— Rodrigo pede.

— Tudo bem. — Começo a ler:

 ''Cara Elizabeth Sivil, venho por meio desta carta, lhes dizer que seu currículo é de bom agrado. Nossa empresa, a New Londs, vem lhe informar que gostaríamos de lhe convidar para ser um de nossos funcionários, assim, tendo todos os direitos possíveis, incluindo um apartamento único, alimentação e um carro em seu nome, espero que não seja irrelevante com nossa empresa, trabalhamos para o melhor crescimento futuro de todos os funcionários, e por fim no decorrer da carga horária, terá direito a um certificado incluindo todos os direitos de um bom atendimento a saúde e quaisquer outros citados. Esperamos que tome uma atitude correta e nos envie a resposta até o fim do mês.

 Obs: Após a aceitação da contratação, receberá passagem com direito a dois acompanhantes, fora alimentação e atendimento médico preciso, e melhor conforto aéreo.

Atenciosamente, New Londs.'' — Assim que acabo de ler, a expressão do rosto do meu irmão não é de  surpresa e sim fria.

E quanto a mim estou surpresa, como consegui algo assim? Será mesmo que sou capaz de exercer um cargo em um ambiente, uma empresa tão formal? Estou verdadeiramente pasma, não sei o que fazer.

Rodrigo não diz nada e continua me observando, talvez esperando uma reação minha, ou a resposta a respeito do envelope, mais a questão é que não consigo pensar a mim em um lugar tão grande e tão lindo quanto Londres, seria um sonho realizado.

—Você não vai— Ele disse frio e o encarei incrédula.

— O que? —

— Isso mesmo que você ouviu, você não vai!— Disse e pegou o envelope da minha mão de forma brusca.

—Rodrigo você não pode resolver as coisas por mim, isso é uma oportunidade única. — Falo o encarando.

—Única mais não última, você não precisa disso, você não sabe o que pode acontecer lá fora, você não vai, pode esquecer.— Ele diz sem a mínima importância e vai para o quarto.

—Rodrigo isso pode nos ajudar, e olha virá mais duas passagens, e a gente pode...— Interrompe.

—Liza eu já disse, você não vai, esquece isso, eu não quero depender de você para alguma coisa, e não quero você trabalhando para me ajudar aqui, posso fazer isso muito bem. — Fala me encarando.

 — Você ta sendo orgulhoso! Rodrigo eu não sou mais uma menininha de doze anos, eu também quero te ajudar, para com isso. — Falo sem paciência.

— Eu já disse! Você não precisa disso, isso pode ser uma roubada, alguém deve ta zoando a gente não vem com essa história de que você foi selecionada para trabalhar em outra cidade, e mas onde! Em Londres! Eu não acredito nisso. — fala com desdém.

— O endereço tá aí, e tem um número também, Rodrigo você conhece esse tipo de carta, foi a mesma que você recebeu pra poder ser aceito na fábrica. — Falo e ele me olha.

— Eu sei, tá eu sei. — Diz encarando a janela.

— Então, o que há de errado? — Pergunto calma, sentando ao seu lado.

— O que há de errado? É você ir para um lugar como aquele e esquecer que tem uma família, esquecer que tem a mamãe, a mim. — Diz com um fiasco de voz.

Como ele pode pensar assim, é claro que não irei esquecê-los, eles são tudo para mim, e só irei com eles por que são a minha única família.

— Ei.-toco seu braco carinhosamente-Eu nunca vou deixar vocês, só irei se forem comigo, sabe disso, e pensa a gente pode mudar de vida, a mamãe pode se consultar num bom médico e... — Ele me interrompe.

— Eu não quero depender de você e o seu dinheiro. — Disse seco e aquilo me magoou.

— Está insinuando que eu quero fazer de vocês um peso pra mim?— Pergunto magoada.

— E não será? Mamãe precisa de um médico de qualidade, remédios caros, e um bom lugar pra morar, boa alimentação, não é isso que você sugere? E eu? Preciso que você me dê dinheiro pra ir comprar uma pipoca né? Eu entendi o.k.— Ele diz com arrogância.  Encaro-o incrédula.

— Eu não disse isso! Rodrigo você diz que eu sou criança mais parece que a criança aqui é você! Sinceramente achei que o meu "irmão" me conhece-se o suficiente mais vejo que me enganei.  — Falo magoada e uma lágrima insiste em cair e eu deixo, afinal, um irmão te magoando com palavras absurdas julgando teu caráter é a pior coisa do mundo.

—Liza... — Tenta me abraçar mais me afasto.

— Preciso de um tempo, acho que você também precisa.— Falo com os olhos marejados e ele me olha triste.

Já não sei mais o que fazer. Que raiva!
Pego o envelope e saio do quarto dele, ele não me impede e agradeço. Jamais pensaria dessa forma, quem ele pensa que eu sou?  Entro no meu quarto e me permito chorar. Olho para o envelope na minha mão e fico indecisa.O que eu faço? Preciso tomar uma decisão.

Com uma oportunidade em mãos não posso arriscar jogar fora.


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