Capítulo 14

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Corro o mais depressa possível dali, não quero que ele me veja e pense que aquilo me afetou de alguma forma. Porque na realidade aquilo mexeu muito comigo,  é como se ele tivesse algum efeito sobre mim. 
Lizza não viaje, são apenas horas nesta empresa não tem como sentir nada.  Tem razão,  devo está sensível demais para chegar  a este ponto. Me escondo quando vejo alguém sair da sala e como pensei era mesmo a Clarisse. Não achei que além de abusada ela fosse oferecida. Ela coloca de volta sua blusa e entra no elevador. Tenho quase certeza de que ela me viu, espero esta enganada. Pego o elevador e instantes estou na ala das secretárias. Clarisse me olha com desdem como sempre, ela definitivamente nao foi mesmo com a minha cara. Quando estou prestes a abrir a porta sou empedida.

-É com você mesmo que eu quero ter uma conversinha querida.-Clarisse diz . Arqueio a sobrancelha confusa e um pouco assustada mas assinto e deixo a mesma passar. 

Coloco as pastas sobre a minha mesa e tomo meu lugar.

-O que quer Clarisse?
-Pergunto seca.

Ela sorri cinista.

-Só quero te dar um breve aviso.-Começa.-Não pense em hipótese alguma se aproximar do Max está me entendendo?  Ele é meu! E se você der em cima dele, esta ferrada garota.-diz com uma voz ameaçadora. Tento não me sentir intimidada por ela e respondo da melhor maneira possível.

-Não estou interessada no seu chefe, se esse é o seu  medo.-Digo.

-A que bom então não teremos problemas.-diz cética.

-Nunca houve Clarisse, você que perde seu tempo demonstrando a todos a sua volta qual tipo de calçado você usa.-ela me olha com olhos semicerrados.

-Você é mesmo uma abusada! Max nunca deveria ter te contratado, é fora de classe não sabe lidar com nada, não tem nível! -rebate.

-A única que não tem nível é você,  e se me der licença tenho coisas pra fazer. -digo grossa.

-Por pouco tempo, porque logo o Max vai se dar conta do erro que ele cometeu ao contratar uma favelada como você. - levanto cheia de fúria e praticamente parto pra cima dela.

-Saia daqui!-a expulso da minha sala.

-Você é louca! É uma selvagem!  Vou dizer ...-a interrompo.

-Ao Max? ! Pode ir! Eu não me importo! Agora a única coisa que você não vai fazer é me humilhar!

-Fica esperta garota você não sabe com quem esta se metendo.-não dou ouvidos e tranco a porta.

Que ódio!  Como odeio a Clarisse.

Pego um copo de água e me sento numa poltrona que havia ali. Estava trêmula de raiva e tudo por culpa dessa mulher descarada. Cada hora que se passa dentro desta empresa eu sinto como de tivesse cometido o pior erro do mundo ao aceitar esse contrato.  Ela não vai facilitar o meu caminho aqui dentro,  vou precisar de muita força pra suportar as lamurias de Clarisse.

Ela só pode estar louca achando que eu estaria interessada por ele, jamais terei algo com aquele arrogante. As lembranças naquela sala só me fazem sentir nojo dos dois, eles se merecem, nenhum vale nada.

Afasto esses pensamentos e me sinto mais calma. Droga com toda essa confusão esqueci de levar os relatórios pro Carlos, ele deve estar esperando.  Tenho que me concentrar no trabalho,  apenas no trabalho. Junto as pastas novamente e saio da minha sala. Clarisse me lança um olhar cheio de raiva como se a qualquer momento fosse me atacar mas ignoro. Lá estou eu de volta no elevador.  Desse jeito vou colocar minha sala aqui, assim facilita o serviço.  Saio dos meus devaneios quando as portas se abrem. Respiro fundo e faço meu percurso até a sala do Carlos.  Avisto a sala do senhor Rodriguez- porque é assim que sempre o chamarei -E faço de tudo para não olha-la. Logo estou de frente a sala do Carlos. Bato na porta e ouço ua voz autorizando a minha entrada.

-Liz.-diz com um sorriso.  Sua forma de pronunciar o meu nome me deixa intimidada.

-Eu vim trazer os relatórios. -digo colocando as pastas em sua frente .-Bom já vou indo. -falo já próxima a porta.

-Não, Lizza preciso falar com você. -ele diz e o encaro.

-Olha se for sobre o que aconteceu ontem,  já disse que não precisa se explicar e que...-ele me interrompe.

-Mas eu preciso.-diz rápido. -Lizza eu sei que passei dos limites, mas eu quero te pedir desculpas,  eu sei que você não é desse tipo de mulher que aceita tudo, e realmente quero que me perdoe.-fico sem reação ao ouvir isso dele e por um breve momento minha cabeça fez um giro forte em tudo o que aconteceu.

Carlos sendo o vilão.
Max o mocinho.
E agora Carlos o mocinho e Max o vilão.

Meu Deus o que está acontecendo com esses homens? 
Estão de brincadeira ou me testando de alguma forma só pode ser isso.

-Então Lizza, você me perdoa?-me tira dos meus devaneios.

-Carlos, como te disse vamos esquecer está bem? Foi um momento, você não tinha intenção,  como mesmo disse.-ele parece pensar um pouco e depois assente.

-Sim, claro que não. -diz por fim.

-Bom, vou voltar a minha sala.

-Lizza.-Ele me segura pelo braço e nossos corpos acabam se chocando.  Estamos próximos um do outro e nossas respirações podem ser  sentidas. O seu aroma é um cheiro másculo e me deixa um pouco inebriada.— Saiba que eu nao sou um cara sem coração, e as minhas intencoes com você sao as mais sinceras possiveis.-Fico sem saber o que dizer. Suas palavras parecem tao sinceras que fico confusa.

-Carlos eu não sei o que dizer-digo um pouco aflita. A confusão que esta na minha cabeça é tão bagunçada quanto rascunhos escritos por um médico.

-E não precisa, está confusa mas logo entenderá. -diz me deixando com várias interrogações.-Só quero que saiba, que já sinto muito carinho por você, e te garantir que não sou como o Max. — Ele diz.

-Eu não sei onde quer chegar com isso Carlos e acho melhor eu ir antes que alguém note minha falta.

Saio antes que ele diga mais alguma coisa. Meu Deus o que ele queria dizer ao mencioná-lo? Na verdade por que ele acha que estou comparando os dois? 
O que está havendo com esses homens.  Me vejo cheia de coisas em pensamento, e me sinto um pouco tensa em relação a isso tudo que aconteceu. 
Será que... Não o Carlos não pode está insinuando algum sentimento por mim  isso é impossível.  Mas as palavras dele mexeu um pouco meus pensamentos.

Tento não pensar nisso e termino o que tinha pra fazer. O relógio marca exatamente cinco horas, e creio que o Rodrigo esteja me esperando.  Pego minhas coisas e o saio.
Agradeço por não encontrar Clarisse, farei de tudo para não cruzar o meu caminho com o dela. Como esperava Rodrigo estava me esperando.

-Como foi o trabalho? -pergunta.

-Bem tenso-Respondo. Logo meu celular vibra. Era uma mensagem.

Do Carlos.

Penso um pouco antes de abri-la e então a abro.

"Só queria te desejar uma ótima noite.  Espero que não tenha se chateado por nossa conversa mas cedo, não quero deixa-la em clima ruim. O tempo te explicará melhor e você entenderá.

Uma boa noite Lizza."

-Aconteceu alguma coisa? -Rodrigo pergunta.

-Nada demais. Vamos embora. -digo e ele assente. Guardo o celular e fico com os pensamentos atordoados.

Carlos é uma boa pessoa mas eu não sei se penso igual a ele, não  vejo nele nada do que ele vê em mim. Que confusão!  Eu não quero nada além do meu emprego!  Preciso dele para a ajudar a mamãe,  apenas isso.
Amanhã tudo isso será esquecido e Carlos não tocará nesse assunto,  ele precisa entender que não é a confusão dos meus pensamentos que me afetam e sim a forma como ele esta levando as coisas em relação a mim, é isso que me assusta.

A Chance De Ser FelizDonde viven las historias. Descúbrelo ahora