Capítulo 14 "Dançando"

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com: JulianaRamosAzevedo

DUAS SEMANAS DEPOIS:

Plantões dele, a distância e uma festa na Casa de Modas dela, tudo os separava um do outro. Na noite da festa na Casa de Modas, Herberto disse que não iria, Virgínia compareceu e fez a mãe passar vergonha, alardeando ao quatro cantos o seu namoro com um rapaz que queria tocar violão no meio do evento e fumar um baseado.

Victória bebia por isso, bebia pela vergonha e pelo constrangimento. Sempre que tinha alguma cena pública que a deixava exposta, era como ser apunhalada. Tinham sido dias difíceis e para controlar a ansiedade, numa noite daquela semana, Victória se masturbou e Heriberto ouviu. Ele estava dormindo, acordou e quando foi ao banheiro, a flagrou.

Ela disfarçou, embora não precisasse, mas ele se aborreceu, se deitou novamente e voltou a dormir. Haviam brigado e discordado na educação dos filhos naquela noite em questão. Heriberto ficara aborrecido porque estava lá, como marido e homem e mesmo assim, Victória escolhera se tocar sozinha...

Os dois não haviam conversado sobre o acontecido. Victória porque estava cuidando de suas questões para a festa na Casa de Modas e ele porque avançava em sua pesquisa de medicamentos para uso em pacientes terminais.

Era o fim do desfile de modas bimestral quando Oscar se aproximou de Victória e a chamou para dançar. Haviam poucas pessoas no local, então, ela aceitou. Eles dançavam descontraídos quando ele a girou e envolveu nos braços, os dois sorrindo, ela já alta. Quando a jogou para trás os olhos dela encontram os do marido.

HERIBERTO – Boa noite, Srª Sandoval! – falou puto da vida com ela, sentindo seu sangue ferver.

VICTORIA – Heriberto?– se afastou de Oscar de imediato quase desequilibrando e apresentando em seu rosto a surpresa maior.

Olhou os dois, juntos, os corpos se tocando e teve a impressão de que enfartaria.

HERIBERTO – Vou pegar uma bebida, não quero atrapalhar! – virou para ir embora, queria matar Victória por ver aquela cena tão desgraçada.

VICTORIA – Você não estava...– ele a deixou falando sozinha e foi para o bar da festa. Ele podia beber o que ele quisesse, ele podia se embriagar e partir pra cima de Oscar. Ele podia beber e dizer que odiava que tocassem em sua mulher.

Victória ficou sem saber como reagir, o marido tinha dito que não iria e chegava justamente no momento em que se divertia, sem maldade alguma. Se ele soubesse tudo que ela já tinha passado naquela noite... Mas, não, chegava na hora errada para ter a impressão errada.

Oscar a olhou, com cuidado, de modo simples e cheio de pesar. Queria que ela ficasse feliz e que fosse a luz do sol a noite. Ele achava Victória a mulher mais linda do planeta, e quando a olhava ou quando era olhado por ela, ele se sentia o maior dos homens.

OSCAR – Desculpe, Victória, não queria causar desentendimento entre vocês! – se justificou preocupado com a situação, estava arrumado, bem vestido em seu terno preto e com um sorriso encantador.

VICTORIA – Oscar, está tudo bem! – ela sorriu.– Vou falar com ele. Obrigada pela dança, meu amigo. – ela beijou o amigo em agradecimento, o marido a observa de longe enquanto bebia whisky.

Victória foi até Heriberto no bar. Queria apenas acalmá-lo, não havia motivos para escândalos, mas como estavam brigados, nada seria tranquilo. Heriberto tinha tanto ciúmes que ela sempre tomava o cuidado de não alimentar esse lado dele.

Sempre tinha sido assim, ciumento, cuidadoso, mas depois de algum tempo e algumas feridas do passado, ele se tornara aquele ciumento incurável que ele era agora. Os dois, não controlavam o ciúme que tinham um do outro...

Você e Eu, Eu e VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora