capítulo 55 - "Só um beijo"

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Escrita com: JulianaRamosAzevedo

UMA SEMANA DEPOIS:

Virgínia estava na sala de casa, era por volta das cinco da tarde tinha seu caderno apoiado em suas pernas e desenhava distraidamente um vestido que imaginou para a mãe, teria que ser na cor negra e pintava e passava o dedo o esfumaçando. Rasgou uns quantos até chegar a este que tinha a cara da mãe.

Levantou o desenho e o analisou com um lápis nos lábios e tirou um outro dos cabelos e deu alguns traços. Parou pegando o copo de suco e o tomando rapidamente, já tinha horas ali sem se dar conta.

Victória chegou em casa naquele dia depois de ter se estressado com quase todas as pessoas de seu trabalho. As modelos estavam péssimas, Oscar tinha dito coisas do financeiro que ela tinha motivos para se preocupar. Antonieta andara de um lado a outro com várias questões sobre o novo catálogo da casa de modas e ainda aguentara por alguns minutos achaques e crises de Pepino.

Entrou em casa querendo esquecer que tinha um Império, querendo apenas pensar em sua vida como mulher, como pessoa, como esposa e mãe. Desceu do carro e entrou em casa. Viu a filha assim que abriu a porta. Sorriu e foi até ela com seus lindos saltos verdes batendo no chão sem fazer quase barulho algum.

VICTÓRIA – Boa tarde, Vivi. O que está fazendo, filha?– perguntou olhando a filha.

Vivi se assustou e abraçou o desenho junto ao peito. Tinha os dedos sujos cabelos desarrumados e os olhos verdes.

VICTÓRIA – O que temos ai? – Victória sorriu olhando as coisas que a filha agarrava ao peito.– São desenhos?

Os olhos claros encontraram os da mãe e ela encolheu os ombros. Passou horas ali e nem se deu conta ou a mãe havia chegado mais cedo.

VICTÓRIA – Posso ver, filha? – se sentou ao lado dela e esperou. Estava tão descuidada e mesmo assim era tão linda. Vivi negou com a cabeça de primeiro momento. Será que ela tinha visto o que ela fazia? – Meu amor, por que não me mostra o que está fazendo? Eu tive um dia horrível, Virginia, quem sabe você não alegra o meu dia? – puxou a filha para um abraço sem jeito porque ela estava com as coisas todas presas nos braços.

VIVI – Ai, mãe...Para com isso!– reclamou se esquivando.

VICTÓRIA –Está com alergia a abraço?– riu para a filha a soltando. – Quando você era criança, Virginia e até bem pouco tempo, amava ser abraçada.

VIVI – Você mudou mãe, não eu! – cobrou.

VICTÓRIA – Todos mudam, minha filha, o mundo é assim.  – suspirou ao dizer aquilo.

VIVI – Só fica assim quando briga com papai! –olhou estranha.

Victória suspirou cansada e tentando ver os desenhos da filha. Não queria pensar em como Heriberto era sempre o motivo de seu mau humor.

VICTÓRIA – Eu não quero falar do seu pai.– Victória revirou os olhos e se acomodou no sofá colocando as mãos na cabeça e retirando seus sapatos com os pés...

VIVI – Essa roupa teria ficado melhor com aquele salto preto e não iria te machucar tanto. – falou observando a mãe ainda segurando o desenho.

Victória olhou surpresa para ela e retirou as mãos do rosto encarando a filha. Ela já tinha conversado com Heriberto sobre a possibilidade de ter a filha com ela.

VICTÓRIA – Minha filha, você quer trabalhar na casa de modas? – olhou a filha com os olhos cheios de orgulho e de uma alegria sem igual.– Você dizia que ia trabalhar comigo quando era pequena, talvez seja essa a hora. Aquele império será seu e de seu irmão um dia...

Você e Eu, Eu e VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora