Na volta para casa mamãe ouvia uma música no volume máximo, a letra era até bonita, mas não suporto música de igreja.- Mamãe, irei descer na casa da Clara. - digo olhando para a janela.
- Tudo bem amor. - disse e parou o carro.
Mamãe havia trocado o plantão com uma das enfermeiras do hospital, e eu achava isso um saco, quando ela está em casa fica vinte e quatro horas no meu pé me cobrando coisas.
Ela só me deixa ir para a casa da Clara porque acha que ela é crente de verdade.- Quer que eu venha te buscar?
- Mamãe eu não tenho cinco anos, eu pego um táxi. - disse tirando o cinto de segurança, descendo e fazendo a volta até a causada.
- Não demore muito filha e cuidado. - disse colocando a cabeça para fora da janela.
- Terei. - virei de costas para ela e revirei os olhos. A casa de Clara fica logo na frente, ela mora em um condomínio.
Subo algumas escadas e bato na porta.
- Seu velho nojento! - grita uma mulher de idade. Supostamente mãe de Clara.
- Ahh, vai a merda! - um homem bêbado saiu de dentro da casa e passou por mim cambaleando.
- Vai! Vai seu mala, atraso de vida! - a mulher berrava para o marido.
Assustada fico imóvel observando a cena.
- Senhora... - minha voz saiu rouca e eu logo tratei te tossir para melhorar. - A Ana Clara está?
- Sim, ela está. - adentrou a sua residência e eu a segui.
- Clara! - berrou e ela saiu do quarto em lágrimas. - Essa garota está te procurando. - disse e caminhou para um outro cômodo nos deixando a sós.
- O que houve amiga? - me aproximo e a abraço.
- Eu sou a pessoa mais infeliz do mundo. - chorava.
- Mas o que aconteceu?
Nos liberamos do abraço.
- Meus pais, brigaram mais uma vez, eles brigam quase todos os dias, xingam, quebram tudo, e depois meu pai sai. Eu nunca te contei nada por vergonha, você tem uma vida perfeita, uma família perfeita. - falava em prantos.
- Clara eu sou sua amiga, você pode contar comigo sempre. E... sobre minha vida ser perfeita, não é bem assim. Todos temos problemas.
- Sim Teresa, temos problemas, mas os meus superam o de muitos. Você não tem pais brigando vinte e quatro horas, não vive orando para seu pai chegar sóbrio, não vive pelos cantos da casa chorando por não ter uma família unida, não passa necessidade... Sua vida é perfeita Teresa.
Clara me fez calar no mesmo instante, eu nunca havia parado para pensar nisso. Meus pais são unidos, minha mãe e meu pai são médicos, temos empregados, mansão, piscina, amor carinho... Eu tenho tudo que Clara nunca teve e assim mesmo eu vivo reclamando da vida.
Passo o dia inteiro conversando com Clara, comprei algumas coisas para comermos com o pouco dinheiro que tinha comigo, e a tarde se avançou, são quase oito da noite, está na hora de ir.
- Eu preciso ir agora amiga. - digo após verificar a hora em meu relógio.
- Ah não, vamos fazer algo para nos divertir. Vamos sair?
- Para onde?
- Para a boate "Morys". - deu um sorriso.
- Sério? - ergui uma das sobrancelhas.
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Teresa- Uma Garota Quase Cristã- Livro 2
SpiritualA vida nunca foi tão complicada para Teresa Dominick como agora, fingir para os seus pais e uma congregação inteira ser cristã, estava cada vez mais difícil. Seu pai(Stefan), um pastor reto e cheio de méritos e sua mãe (Sarah), cantora e serva fie...