Capítulo 23

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Depois de voltar para casa, aguardava ansiosamente meus pais. Eles vão me matar mas não podem me obrigar a me afastar do Miguel. Fiz minhas higienes, vesti meu pijama e sentei na cama cogitando os momentos que tive com Miguel.

Caminho até minha comoda encontrando uma bíblia rosa, acho que é a bíblia mais linda que já vi em toda a minha vida, ela era forrada em renda, o nome "Bíblia Sagrada"  era branco e vem visível. Peguei-a para ver melhor me dando conta de um zíper na lateral super fofo, tinha um coração de cistal pendurado nele.

-Nossa... - Sussurei.

Abri a mesma e encontrei um papel em meio as folhas rosas.

"Oi, faz uns dias que não nos vemos, então decidi deixar ai na sua casa, eu não havia te falado, mas minha mãe fabrica capas. Ela encapa, costura, reconstrói capas e coloca uma nova, eu achei essa bíblia numa livraria e comprei pra você, mas como minha mãe é demtalhista e perfeccionista, decidiu arruma-la mais pra você, pode acreditar, ela passou quase uma hora para deixar ela assim como está, espero que tenha gostado. Com carinho, Estêvão."

- Essa bíblia é perfeita. -Digo comigo mesma me dando conta das pedrinhas que há atrás formando o nome Jesus. - Ele não esqueceu de mim.

Meu sorriso é tão largo e a alegria é tanta que sinto vontade de sair pulando e cantarolando.

Sento no puf próximo a janela e começo a folear a bíblia.

"Porque eu estou fazendo isso?"

Lembro do acontecido do hospital e meus olhos majeram.

- Teresa. - Papai entra no quarto empurrando a porta. Minha espinha gela.

- Oi papai...

- Vim me desculpar por não tê-lá levado para o jantar.

- Tudo bem... Acho que você e a mamãe precisavam de um tempo a sós. - Disse e levanto do puf.

- Que bíblia bonita. - Ele se aproximou para pega-la. -De quem é? -A tirou de minhas mãos admirado.

- Eu ganhei do Estêvão. - Disse um pouco aliviada, vovó e Magda não tinham falado nada ainda, ou meu pai estaria me matando agora.

- Mas que linda, eu nunca vi uma bíblia tão bonita.

- A mãe dele decorou ela especialmente para mim.

- Pelo visto eles gostam muito de você. - Deduziu.

- Sim... Estêvão é um amor de pessoa e a mãe dele também.

- Hmm... - Cutucou minha barriga.

- Ahh para pai, eu não gosto do Estêvão...- Disse com a cada emburrada.

- É uma pena, porque ia apoiar a relação de vocês, claro, sedosse do querer de Deus. Estêvão é um bom rapaz, obreiro exemplar, e tem o caráter de poucos.

- É... Eu sei papai. Mas eu gosto de outra pessoa.

- Já orou a Deus? É isso isso que ele quer para sua vida?

- Não... Eu ainda não orei papai.-Disse sem jeito.

- Ora, coloca Deus na frente de tudo, se for da permissão dele dará tudo certo. - Apertou uma das minhas bochechas.

- Bom eu preciso dormir agora. - Disse saindo do quarto.

- E a mamãe? - Perguntei.

- Magda ficou conversando com ela. - Disse fechando a porta. Isso me fez gelar inteira, talvez amanhã eu amanheça toda dolorida da surra que irei levar.

"Deus se você existe mesmo como eu estou achando, fica na minha frente, não deixa eles me bater..."

Caminho até a gaveta da penteadeira e deixo a bíblia ali.

A noite se passa e eu ainda não ouvi os gritos do papai me chamando e nem a voz brava da mamãe, o que me faz pensar, que ninguém disse nada ainda.

Já é tarde então decido ir dormir. Fecho a janela e deito, amanhã e será mais um dia, espero que a duas fofoqueiras não contem nada aos meus pais.

O dia amanhece, já são sete horas e eu estou atrasada para a bendita evangelização, e o mais estranho é que o papai não veio me acordar hoje.

Levanto da cama feito uma múmia, faço as devidas higienes e desço correndo.

Caminho sorrateira próximo a sala de jantar para tentar ouvir algo. Mas não ouço nada demais, apenas conversas do cotidiano.

- Bom dia pessoas.- Disse um tanto desconfiada.

- Bom dia. - Mamãe respondeu com um sorriso.

- Dormiu bem querida? - Dessa vez foi o papai a falar.

- Sim papai...

- Como está filha? - Vovó perguntou.

- Bem. - Disse com o pé atrás.

"Porque ninguém disse nada ainda?"

Depois do café da manhã um pouco silencioso eu levanto para começar meu trabalho de boa samaritana.

- Já vou gente. - Disse.

- Eu te levo querida. - Vovó se ofereceu limpando sua boca com guardanapo.

- Claro vovó. - Disse e caminhamos para fora da casa.

- O que pretende vovó? - Perguntei enquanto caminhavamos.

Entramos no carro

- Eu e Magda decidimos te dá uma chance. Não contaremos nada aos seus pais. Em troca você irá se afastar do Miguel para sempre e fazer de conta que nada aconteceu.

- O que? Claro que eu não vou fazer isso.

- Teresa, estamos te dando uma oportunidade de...

- Não quero oportunidade nenhuma. - A interrompi.

- Está bem então... Não vejo escolhas a não ser contar aos seus pais para que eles tomem providências quanto a isso.

- Façam o que quiserem, não vão me afastar do homem que eu amo. - Disse com firmeza.

Chegando no hospital entrego alguns planfetos e falo o que eu sei sobre Deus, Jesus e sua misericórdia.

- Teresa? - Ouço a voz de Ana Clara atrás de mim.

- Ana Clara? O que faz, aqui?

- Estou evangelizando assim como você. - Respondeu e entrou alguns jovens da igreja, Inclusive Emily e Estêvão. Aquela garota não sai do pé dele.

- Como está Teresa? A paz de Cristo. - Cumprimentou estendendo-me a mão.

- Amém, e obrigada pela bíblia, eu amei. -Ignorei sua mão estendida e lhe abracei olhando com desdém para Emily. Ela Estava odiando e eu amando vê sua raiva. -Que bom que vocês também estão evangelizando,assim eu não venho sozinha. - Me libero do abraço de Estêvão e o mesmo sorri para mim.

- Pode se juntar a nós se quiser. - Estêvão falou.

- Claro. Será muito legal. -Digo encarando Emily.

-  Que bom que gostou da bíblia, minha mãe decorou com muito carinho.

- Eu amei, espero um dia retribuir. - Disse sorridente.

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Teresa- Uma Garota Quase Cristã- Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora