Redenção

1.3K 213 18
                                    


Ainda extasiada com tudo o que houve no dia anterior, levanto da cama para mais um dia, notando que Miguel não havia dormido comigo. Chamo por duas vezes tendo como resposta apenas o silêncio do apartamento. Sem nada para fazer então, decido pensar em todas as coisas que eu vivi e em tudo o que meu pai pregava no altar da igreja, é tão difícil acreditar naquilo que não vemos, como posso dizer que Deus existe se nunca conversei com ele ou vi ele, e se Deus não existe o mal também não, tudo é consequência que o ser humano pratica. Suspirei e relaxei os ombros obrigando a mim mesma a parar de pensar.

- Se eu continuar assim ficarei louca. - Disse comigo mesma. - Deus não existe. 

Uma vez meu pai me disse que nem tudo que fazemos é por só vontade nossa, que a ideia de um ato pecaminoso as vezes não surge de dentro da gente, mas de uma força sobrenatural maligna, um exemplo: Se eu traio o Miguel porque ele não me dá a devida atenção, era porque eu já sentia vontade de trai-lo, e a força maligna só me deu um empurrão para fazê-lo.

- Droga, porque eu estou pensando nisso!? - Falei comigo mesma. - Isso não existe, não tem o menor cabimento, diabo e anjos não existem assim como Deus não existe. Fecho os olhos e volto a deitar na cama. Não sei o que está acontecendo de fato, mas algo começou a se revelar no teto que eu encarava, primeiro uma fumaça negra depois algo começou a se formar no ar. De olhos arregalados permaneci olhando, até ver uma criatura horripilante e negra se revelar para mim. Seus olhos vermelhos penetraram-se aos meus. e eu levantei da cama automaticamente assombrada, meu grito foi espontâneo e desesperador, o que é aquilo? Não poderia ser real. Corri derrubando tudo em minha frente e desci as escadas a procura de Miguel.

- Miguel! - Gritei ainda correndo.

A minha frente vi outro saindo da parede, era como nos filmes de terror. De olhos arregalados encarei aquela coisa negra, percebendo seus olhos grandes, garras capazes de dilacerar quem fosse e seu corpo curvado coberto por espinhos.

- Socorro! - Gritei em lágrimas correndo até a porta de saída.

- Ei, o que você tem? - Miguel me segura após trombar nele ao atravessar a porta.

- Aquela coisa... Ali, Miguel. -Olhei para onde a criatura estava e não a vi mais.

- O que? Que coisa? - Perguntou confuso.

- Eu vi uma criatura horrível no meu quarto e quando desci vi outra aqui na sala, tão horrível ou pior que a que está no meu quarto. - Explicava desesperada.

Miguel me encarou e quase riu da situação.

- Teresa, você está brincando comigo não é? 

- Estou com cara de que estou brincando? - Perguntei aos gritos.

- Fica calma tá bom... Deve ser coisas da sua cabeça.

- Acredita em mim, era real, ele estava bem ali. - Apontei.

- Está bem, eu acredito, vá descansar, dormir talvez, está muito perturbada com tudo que aconteceu. - Caminhamos juntos até o meu quarto.

Observei bem o lugar me certificando de que não há nada mesmo nele, e sentei relaxando o corpo, porém ainda estava nervosa e assustada.

- Eu preciso sair agora, tenho que ir trabalhar.

- O que!? Vai me deixar aqui sozinha? - Levantei da cama.

- Teresa, não me diga que está com medo!? - Sorriu.

- Você não sabe o que eu vi. - Afirmei olhando em volta e segurando seu braço.

- Olha, ninguém vai te pegar garota. - Puxou seu braço da minha mão. - Não esquece que você não é mais uma criança. - Caminhou para o banheiro. - Era só o que me faltava, além de mimada é estérica e louca, faça-me o favor.

Teresa- Uma Garota Quase Cristã- Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora