Capítulo 36

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Magda seria velada e mais tarde enterrada, a ficha ainda não tinha caído e o que eu sinto é muita dor dentro do peito, uma dor tão imensa... Queria poder arranca-la do meu coração.
Meus pais tentavam me acalmar ao máximo possível, no entanto só piorava a situação. Era de uma cama e remédios que precisava, não estava segura de que suportaria tanto. Afinal, até onde vai o limite de um ser humano? Como podemos sentir tanta dor e não morrermos? O que eu mais queria era estar morta, assim não sentiria nada. Meus pais me levam para casa, para o meu antigo quarto.

- Não se torture mais filha. - Papai olhava o quanto eu estava fragilizada, queria poder me ajudar, mas não sabia como.

- Eu quero ficar sozinha. - Pedi com a voz fraca, como se me faltasse forças para falar.

- Eu e a sua mãe cuidaremos e tudo, por favor descanse. Eu te amo. - Depositou um beijo em minha testa e saiu.

O quarto estava vazio, a partir de hoje este lugar não será mais o mesmo. Onde ela está? - Levantei da cama derramando lágrimas. - Porque me deixou Magda...- Chorava copiosamente. 

Na verdade eu nunca havia chorado tanto, meu corpo estava pesado, meus olhos queimavam e sentia uma dor que por mais que eu chorasse não passava.  Parecia que iria vê-la entrar nesse quarto e me chamar "menina", que iria vê- la guardar minhas roupas com tanto carinho... Mas isso nunca mais irá acontecer.

- Porque, porque.... - Continuava chorando.

- Filha... - Mamãe entrou no quarto.

- Me deixa sozinha mãe.

- Eu me sinto muito mal por vê-la assim meu amor, vai acabar ficando doente.

- Eu não preciso de repreensão e nem que me diga oque fazer. - Disse seca.

- Me desculpe, de verdade eu não sei como consola-la, porque cada vez que me aproximo só recebo patadas.

- Eu te odeio mamãe, enfia isso na cabeça, a minha mãe de verdade era a Magda e ela não está mais aqui.

- Não Teresa, a sua mãe sou eu, ela apenas cuidou de você enquanto eu trabalhava.

- E acha isso pouco? Ela cuidou de mim como se eu fosse sua filha, eu não lhe dava valor, só que depois eu notei o quanto ela era importante para mim, só que foi tarde demais..

- Eu entendo e reconheço o quanto fui ausente na sua vida, talvez eu mereça mesmo o seu desprezo. Mas vim para avisar que o corpo de Magda será velado na funeraria Lorenzo.

- Está bem. - Levanto bruscamente da cama.

- Quer ajuda para se arrumar? 

- Não. - Respondo seca enquanto tirava algumas roupas do guarda roupas.

- Está bem. - Disse saindo do quarto.

Tomo um banho demorado para esfriar um pouco a cabeça e colocar os pensamentos em ordem, e por fim me visto para o velório, peguei a primeira roupa que encontrei, afinal n ão tinha quase nada, apenas alguns vestidos que eu nem usava e que minha mãe fez questão de não colocar nas minhas malas, era um vestido simples preto com a saia um pouco rodada e alças grossas, um pouco curto mas nada exagerado, peguei um salto que eu mal usava também com detalhe de correntinhas atrás, brincos eu peguei o mais simples combinando com o vestido e o salto, me maquiei e depois procurei um esmalte preto na maleta de maquiagem, pintei as unhas apenas das mãos. É, parece que minha mãe selecionou as minhas roupas e mandou só o que ela achava que eu precisava, pelo menos eu não precisei ir ao apartamento do Miguel pegar nada.

Por fim eu desci e na sala estavam todos me esperando, eram aproximadamente seis da noite, caminho até o Miguel que logo me abraça.

- Estamos todos prontos então... - Papai olha para mim. - Vamos. 

Teresa- Uma Garota Quase Cristã- Livro 2Where stories live. Discover now