Capitulo 17

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Era mais um dia, eu estava disposta a tirar Ana Clara da igreja,ela é minha única amiga de verdade, e eu não aceito que seja crente, ela vai me criticar, dá lição de moral... Para fazer isso já basta os meus pais.

Levanto para ir a consagração e me arrumo como de costume.

- Droga de consagração. - Murmuro enquanto coloco minha bota de cano curto.

- Bom dia querida, que a paz do Senhor seja com você. Hoje não iremos para a consagração.

De repente o alívio tomou tudo dentro de mim. Como eu queria poder pular de alegria.

- Mas porque mamãe?

- Hoje eu preciso ir ao hospital, chegou um paciente em estado muito grave, eu e o seu pai precisamos comparecer. Me perdoe querida, mas caso queira usar o carro e ir só tudo bem.

- Ahh... Tá bom mãe, acho que não vou hoje, não estou com muita disposição, mas irei ficar lendo a bíblia.

- Tudo bem meu amor. - Deu um sorriso singelo para mim.

- Eu e o seu pai voltaremos a noite tá bom. - Falava enquanto ae retirava do quarto.

- Espera mamãe, e o passeio de hoje a tarde?

Mamãe levou sua mão para a cabeça lembrando que tinha combinado comigo de ir a um passeio pelo centro da cidade. Já fazia quase três anos que não fazíamos mais isso.

- Oh querida me desculpe, isso ficará para outro dia... Quem sabe amanhã? Oh, não amanhã temos que viajar eu e o seu pai... Quem sabe sábado... Mas acho que temos compromisso sábado.

- Mãe, tudo bem, deixa para lá tá. - Disse demonstrando não me importar.

- Está bem filha, mas prometo que iremos sair qualquer dia desses.

- Tudo bem. - Disse e sorri para ela.

- Até mais tarde. - Disse saindo e fechando a porta do quarto.

Desabei em choro. Não sei porque isso me dói tanto. Sempre foi assim... Trabalho, trabalho, trabalho... Meus pais nunca tiveram tempo para mim.

Arremesso o ursinho de pelúcia que estava sobre a cama contra a porta.

- Te odeio mãe! - Grito.

- Teresa, está tudo bem menina. - Magda entra me flagrando em prantos.

Para ela nunca houve segredos, mesmo que eu tentasse, era impossível.

- Magda... - Estendo os bracos para ela e sou acolhida em um abraço.

- Tudo bem meu amor. - Confortou minha cabeça em seu peito.

- Meus pais não me amam Magda.

- É claro que te amam menina, eles só tem muito trabalho. - Justificava.

- Eu não entendo Magda. Eles se matam trabalhando,e eu? Onde e fico nisso tudo?

- Calma filha... - Acariciava meus cabelos.

- O mal da minha mãe foi me gerar Magda. Se não me dão atenção, carinho, para quê me tiveram então? Talvez se eu nascesse em outra família seria mais feliz.

- Não diga besteiras Tessa. - Magda me repreende. - Está falando isso porque está com raiva. Mas sabe que seus pais te amam de verdade e te dão amor, do jeito deles mas dão. Seu pai é um pastor e médico e sua mãe levita e Médica, não é nada fácil. Você tem que entender o lado deles também, não deixa de te dar atenção porque querem. - Explicava.

- Sabe.... - Levanto minha cabeça que repousava em seu peito. -As vezes eu preferiria que você fosse minha mãe. - Acariciei seus cabelos grisalhos. - Você esteve ao meu lado nos momentos bons e ruins, você me deu conselhos bons quando era apenas uma menina, você foi a primeira a saber, e a primeira a me ajudar quando fui moça e tive minha primeira menstruação. Você quem chorou comigo quando eu chorei, a você eu conto meus segredos e desejos, você Magda, ninguém me conhece tão bem quanto você.

Teresa- Uma Garota Quase Cristã- Livro 2Where stories live. Discover now