Capítulo 5

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   Depois de pegar um táxi e chegar em casa, começo pedir em pensamentos que meus pais não estejam acordados. Sorrateira, caminho na ponta dos pés até a escada.

- Teresa! - a voz dura do meu pai soa e a luz se ascende, minha espinha gela e eu mal tenho coragem de me virar para olhá-lo. Lentamente giro o meu corpo e olho para ele, sua expressão estava brava o suficiente para me fazer tremer até os cabelos.

- Papai... Eu posso explicar eu...

- Onde você estava? - indagou de braços cruzados.

- Na casa da Ana Clara, é uma amiga...

- Até essa hora? - perguntou empenhado em descobrir a verdade.

- Sim papai, estávamos...

- Teresa não minta para mim. - ordenou me olhando no fundo dos olhos. Aquele olhar me deixava ainda mais nervosa.

- Papai...

- Está de castigo, enquanto Deus não me disser que está livre do castigo ficará no seu quarto.

- Pai isso é uma injustiça, não estava fazendo nada de mau.

- Quem você pensa que engana Teresa? - berrou. - Está vestida como se fosse a uma festa mundana, e esses lábios vermelhos e essa maquiagem pesada? Não me diga que estava brincando de se maquiar com a sua amiga? Poupe-me de suas mentiras Teresa. Eu não sei o que está acontecendo com você mas...

- Pai eu já tenho dezoito anos, não sou mais uma menininha. - gritei com os olhos marejados, embora estivesse com medo, eu o enfrentei corajosamente.

- Abaixa essa voz ou eu vou fazer você abaixar. - berrou e eu engoli a seco. - Para mim você sempre vai ser uma menina. Este mundo não tem nada a oferecer para você Teresa, apenas diversões momentâneas, alegrias que duram minutos ou dias. Mas com Deus a alegria e felicidade é eterna.

- Fala comigo como se eu fosse ingênua.

- Você está agindo como uma. - disse  seguro.

- Pai eu juro que não fiz nada. - tento me justificar mais uma vez, mas parece inútil.

- Você vai fazer nada no seu quarto.

Depois das palavras duras do papai subo correndo para o meu quarto completamente inconformada. Talvez seja a hora dos meus pais saberem que eu não sou evangélica coisa nenhuma.
Mas isso os magoariam profundamente. Meu pai me daria um castigo de anos pela mentira e fingimento, eu ia sair de casa, trabalhar para me sustentar...

- Não, isso não. - murmuro para mim mesma.

Eu não vou fazer como a mamãe que saiu da casa do meu avó por uma bobagem e foi trabalhar em uma lanchonete. Isso nunca! Prefiro viver fingindo a ter que aguentar a responsabilidade de me manter e trabalhar como uma escrava.
Procuro o meu celular na bolsa e ligo para Clara.

- Alô. - ela atende com uma voz estranha.

- Clara? Onde você está?

Ela solta um gemido, e a voz de quem está com ela soa de fundo, era um homem, dizia palavras obscenas.

- Tessa, você ligou na hora errada, nos falamos amanhã. - ela desliga na minha cara.

A noite se arrasta...

Acordo as sete, hoje tenho ensaio com Estevão, Emily e clara. Estamos ensaiando um louvor para o próximo domingo. Me visto apressadamente no pensamento de convencer o meu pai de que não fiz nada errado ontem. Quando ele resolve me castigar me sinto uma prisioneira, o máximo que irá me deixar é ir a igreja, consagração e ensaio. Eu não posso passar semanas assim.

Teresa- Uma Garota Quase Cristã- Livro 2Where stories live. Discover now