Teresa- Uma Garota Quase Cristã- Livro 2

Capitulo 18

Depois de ânimos aclamados o que me restou foi o papai, ele entrou no meu quarto com uma cara de poucos amigos, parou e encostaou-se na porta. Eu não sabia o que se passava em sua cabeça, temia levar uma bronca e uns tapas de brinde, apesar de que, a última vez que levei uma surra e de cinturão do meu pai, foi a muito tempo, ele me viu ficando com um menino, eu tinha treze anos.

Mas agora ele me olha da mesma maneira. É melhor encarar a minha mãe do que a ele, seu olhar me dá medo.

- O que eu devo fazer com você Teresa? - Questionou sem mudar sua expressão facial.

- Papai...

- Shi, shi... Não fale nada. Eu quero te olhar e analisar bem onde foi que eu errei com você. - Me interrompeu.

Era para mim começar a chorarar agora, assim ele teria pena de mim e não me colocaria de castigo ou algo do tipo. Mas pela sua cara isso não iria funcionar.

- Pai...

- Não começa a ceninha de choro e drama porque isso não me comove mais. - Disse áspero.

A única coisa que eu consegui fazer foi ficar quieta na cama.

- Primeiro o irresponsável do Dean, ímpio... Agora o Miguel? O que você tem na cabeça Teresa? Bosta?

O papai é a única pessoa na face da terra que me faz ficar calada enquanto fala. Mas eu precisava falar algo dessa vez.

- Eu gosto dele papai... - Relutei.

- Gosta? A bíblia diz em 2 Timóteo 2:22, Foge das paixões da mocidade; e segue a justiça, a fé, o amor, e a paz com os que, com um coração puro, invoquem o Senhor. Você está fazendo isso?

Queria poder responde-lo como merecia, no entanto o medo de tomar uma surra era maior. Se bem que não sei se meu pai teria coragem de me bater, mas não arriscaria saber disso.

- Tem razão papai. - Disse abaixando a cabeça.

- Quantas vezes terá que agir como uma irresponsável, como uma ímpia sem mãe e sem pai?

De cabeça baixa não falei nada mas minha cabeça estava uma bagunça, um pensamento atropelava o outro.

Talvez se eu falar que irei me esquecer do Miguel acalme meus pais, eles nunca irão aceitar eu ter algum tipo de relação com ele.

- Papai, eu vou me afastar do Miguel, foi um erro ter pensado em ter algum tipo de relação com ele. Me perdoa. - Disse finalmente o encarando. Minhas palavras eram tão "sinceras" que até eu estava acreditando. Se tem uma coisa que eu sei fazer muito bem é mentir.

- Eu não compreendo você, erra, pede perdão e comete outro erro, e as vezes pior que o anterior.

- Vai me colocar de castigo?

- Não. Os castigos de nada estão adiantando, irei coloca-la em uma missão, Deus vem tocando no meu coração para isso e chegou a hora.

- Do que está falando?

- A partir de amanhã todos os dias pela manhã irá evangelizar nos hospitais da cidade e asilos.

- O quê? Papai, porque isso agora? Porque não me castiga como sempre?

- Eu já disse o porque. Começará amanhã as sete da manhã.

- Não pai, por favor tudo menos isso. - Tento o a braça-lo mas sou impedida. - Papai, tudo menos esse castigo.

- Não é um castigo Teresa
- Disse espantado. - É a obra de Deus, acha que isso é um castigo? Não! Castigo seria se estivesse queimando no inferno, isso é castigo. Mas a obra de Deus?