O nome dela é Lydia

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Alex tem cabelo escuro. Muito mais escuro do que o meu. Os fios são tão pretos como quando fico no quarto escuro, sem nenhuma luz. Ele tem a pele branca, mas não branca como a minha.

Eu nunca gostei do Alex. Nunca. Ele é malvado. Ele briga comigo, diz palavras muito feias. Ele bate em mim. Mas antes do meu pedaço do céu nascer, não existia mais ninguém. Não tinha outra companhia, só existia eu e Alex.

Alex tem a mesma altura que eu, porém é mais largo. Tem braços grandes, ombros largos. Ele é forte. Muito forte. Ele usa toda essa força para bater em mim. Ele me machuca muito e sempre. Sempre. Sempre. Ele gosta de me ver com dor.

Ele tem olhos claros. Muito claros. Azuis. Eu não gosto daquela cor. Basta olhar para minha caneta azul, que eu lembro de Alex. Odeio pensar nele. Odeio pensar em seus olhos.

Alex tem uma marca no rosto. Uma marca grande, feia. É uma cicatriz. Corta seu maxilar e sobe até quase alcançar seus olhos. Seus olhos azuis. Olhos que eu odeio.

Eu odeio Alex porque ele me machuca. Odeio porque ele me obriga a fazer coisas que eu não quero. Ele me faz chorar. Ele me faz sangrar. Eu odeio sangrar. É horrível.

Alex entrou no quarto. Ele abriu a porta do meu quarto. Do meu pedaço do mundo. Era minha parte de viver. Meu pedaço. Eu queria que a primeira mulher do mundo vivesse comigo, ficasse no meu pedaço do mundo. Queria ela para mim.

— Vejo que conheceu a Lydia! — Alex falou. A voz dele era grave, forte. Não gostava da voz dele. Eu ficava assustado.

— Lydia? — Repeti a palavra. Repeti o nome. Nome lindo.

Olhei para o Paraíso. Ela estava parada perto de Alex. Perto, muito perto. Com medo do que pudesse acontecer, me aproximei de Alex, me colocando na frente do Paraíso.

Ela estava parada, não chorava mais. Os olhos verdes, muito verdes, estavam paralisados, arregalados, atentos. Ela estava com medo. Não queria que a mulher sentisse medo, porém ela ficava linda daquele jeito. Com medo. Ela ficava linda de todos os jeitos.

— Essa gracinha aí parada do seu lado! — Alex sorriu. Sorriu torto. Sua cicatriz se retorceu com aquele movimento. Eu queria arrancar o sorriso de sua boca.

Alex apontou para o Paraíso. Para a mulher. Para a minha porção do Céu. Minha. Queria ela para mim. Precisava. Ela era linda, tão linda. Seus olhos, sua boca, seu rosto, seu cabelo, seus seios. Misteriosos seios.

Olhei para ela e encontrei seus olhos já voltados a minha direção. Ela já olhava para mim. Para mim. Queria grudar seus olhos naquela direção. Desejava que ela olhasse para mim por todo o sempre.

— Seu nome é Lydia. — Constatei baixo. Muito baixo. Eu sempre falava baixo.

Ela não respondeu. Ela parou de olhar para mim. O Paraíso olhou para Alex. Eu queria que ela olhasse para mim!

Lydia.

Lydia.

Lydia.

O Paraíso tinha nome. Ela se chamava Lydia. Amei seu nome no mesmo segundo em que o ouvi. Será que ela tinha sobrenome? Será que ela diria seu sobrenome?

Eu sempre tive sobrenome! Stilinski. Mas Alex não dizia o dele. Nunca. Eu já tinha perguntado várias vezes, mas ele não dizia. Ele falava que era apenas Alex. Acho que ele sempre mentiu. Ele devia ter outro nome, devia ter um sobrenome! Porém, não queria me dizer.

— Ela é bem gostosa não é, Stiles? — Alex voltou a falar. Não queria que ele falasse. Não queria ouvir. — Não percebeu como é parecida comigo?

O Pequeno pedaço do céuOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz