Dois nomes para uma pessoa

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Terceira Pessoa

A casa de Alex era silenciosa. Ele passava muito tempo no quarto ou na rua. Não tinha o costume de ficar na sala de estar, nem se dedicava na cozinha. Afinal, ele próprio comia em restaurantes e não se preocupava com os dois adolescentes presos em um dos cômodos do lugar.

Se Alex ficasse muito na sala, talvez não achasse a casa tão silenciosa, pois conseguiria ouvir os sussurros constantes de Stiles e Lydia. E seus passos. E o barulho de choro controlado.

Ele lembrava com perfeição da primeira vez que viu Stiles. Um menino pequeno, sorridente que andava agarrado a mão da mãe. Naquele momento, Alex não pensou no que faria com Stiles.

Ele estava obcecado pela ideia de ter Claudia, mãe do menino, para si e não deixaria que nada o impedisse.

Então, quando viu a oportunidade de atacá-la, ignorou Stiles. Empurrou o menino para o chão, bateu em sua mãe e a estuprou na frente do filho que era tão novo que só conseguiu paralisar no lugar e chorar, repetindo várias vezes a palavra "mamãe".

Depois que largou Cláudia, já morta, percebeu que o garoto podia ser um problema. Ele podia reconhecê-lo e Alex não podia cometer esse erro. Foi aí que ele percebeu que o menininho poderia ser útil de alguma forma.

Constantemente Alex se sentia sozinho naquela casa distante de qualquer pessoa e observando os olhos tristes e inocentes de Stiles, notou que o menino acreditaria em tudo que ouvisse e acabaria obedecendo pelo medo.

Alex pegou a criança, bateu nele até que desmaiasse e o levou a sua casa. Quando chegou lá, trancou o garoto em um quarto desocupado e com um banheiro que servia para o menino.

Deixou Stiles ali por dois dias inteiros, chorando, gritando, sem comida, sem água, sem lugar confortável para dormir. Durante esse tempo, decidiu o que falaria para o garoto nunca tentar fugir e como iria controlar ele.

Alex achava que aquela missão seria mais difícil, porém, quando finalmente abriu a porta do quarto, Stiles estava tão assustado e carente que ergueu os braços e abraçou Alex, chorando, buscando alguma atenção.

Stiles só tinha três anos. Inocente, crédulo, medroso.

Ele disse o nome completo para Alex, falou que estava com saudades dos pais e pediu por comida, por água. Quando enfim comeu e bebeu, respondeu a todas as perguntas do homem mau.

Alex sorria enquanto lembrava de Stiles. De maneira doentia, ele gostava da presença do garoto em sua casa. Gostava de como ele era fácil de se manipular, gostava de descarregar todo ódio em cima do menino sem que ele tentasse se defender.

Melhor ainda era a sensação inebriante de poder. E essa mesma sensação que fez com que naquele dia ele dirigisse até Beacon Hills, a pequena cidade tão perto de sua casa, onde já tinha feito tantas vítimas.

Alex não só teve a coragem de ir até aquela cidade, como estacionou o carro em frente à delegacia. Abriu um sorriso que parecia sincero e entrou no lugar, observando os policiais que andavam por ali.

— Oi, você pode me ajudar? — Perguntou para uma moça que mexia no computador, distraída.

Quando a mulher encarou o homem, estremeceu. Apesar da grande cicatriz no rosto, Alex era lindo. Olhos claros, cabelo muito escuro, traços tão lindos que aparentemente, o único defeito era de fato a cicatriz.

— Claro!

— Pode dizer ao xerife Stilinski estou o esperando? — A mulher abriu a boca para falar, porém o homem foi mais rápido: — Meu nome é Matt Gandy. — Aquela mentira já lhe era tão natural, que seria impossível alguém reconhecer que era apenas um nome falso.

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