Ela é como um extraterrestre

237 31 17
                                    

Você sabe o que fazer quando alguém chora na sua frente? Eu nunca soube o que fazer. Nunca. Porque antes do meu pequeno pedaço do Paraíso se desprender do céu, só existia eu e Alex e bem, Alex não chorava. Ou pelo menos, não na minha frente.

Então no mundo todo, em todas as suas sete partes, só eu chorava. Só eu me desesperava. Sentia medo. Gritava por ficar sozinho, implorava para luz voltar quando Alex deixava meu quarto escuro.

Alex não sentia medo, nem dor. Ele não ficava desesperado, não chorava. Eu só via ele feliz, com raiva, muita raiva ou provocativo. Ele gostava de dizer coisas ruins para mim. Eu odiava.

Então quando vi mais uma vez Lydia chorando, não soube o que fazer. Queria que existisse mais alguém no mundo. Alguém que me falasse o que eu precisava fazer para deixar o céu feliz. Eu queria descobrir como ela ficava quando sorria. Precisava! Eu precisava ver.

— Céu... — Resmunguei baixo, sem jeito. — Não precisa chorar.

Apesar da dor ainda aprisionar meu corpo, tentei me inclinar para ponta da cama, onde Lydia estava sentada. Ela se restou. Se afastou. Por que ela se afastou de mim? Eu queria estar mais perto. Muito mais perto. Precisava sentir seu corpo tão pequeno.

O pequeno pedaço do céu ficou de pé. Olhei para o volume na frente de seu corpo. Aquilo era tão lindo! Eu precisava saber como era seus seios por baixo da roupa. Sentia vontade de tocar, apertar. Precisava descobrir como era sentir em minhas mãos.

— Eu vou ficar bem, Stiles. Só... só preciso.... Eu vou ficar bem.

Então ela sorriu. O primeiro sorriso da primeira mulher do mundo. Mas não era o sorriso que eu queria. Não era o sorriso que eu esperava. Não consegui ver como eram os dentes do céu. Ela só espremeu os lábios e deixou que se torcessem para as laterais.

Não parecia um sorriso sincero. Porém, sabe o que é estranho? Mesmo não sendo um sorriso verdadeiro, era com certeza, o sorriso mais lindo que já vi. Em toda a minha vida.

Eu tenho certeza absoluta que você nunca viu algo tão lindo. Nunca viu um sorriso falso mais encantador. Porque o paraíso é a melhor coisa do mundo. E ela é minha. Ela nasceu no meu quarto. Só eu estava naquele pedaço do mundo. Só eu vi aquele sorriso.

Lydia foi para o banheiro. O banheiro do meu quarto. Ela sumiu ali e eu tive vontade de segui-la. Queria continuar olhando para seu rosto, para seu sorriso. Até mesmo para seu choro. Porque ela era linda enquanto chorava.

Só não sai da cama por causa da dor em meu corpo. Permaneci sentado, ansioso. Tentei me ajeitar, me remexi e grunhi de dor. Voltei a ficar parado. Encarei minhas mãos.

Esperei. Esperei que o Paraíso voltasse para mim.

E ela voltou! Meu céu voltou! Ela saiu do banheiro com o rosto molhado e o cabelo preso. Por que ela prenderia um cabelo tão lindo? Tive vontade de perguntar. Mas então, percebi que ela ficava linda com o cabelo preso.

— Você já está bem? — Perguntei com receio. Ansioso.

Ela olhou para mim. Aqueles olhos verdes. Olhos enormes. Gigantes. Amava aquele tom de verde. Amava muito aquele olhar. Aqueles olhos. Eu poderia passar toda a minha vida olhando para ela. Para Lydia.

— Eu quero fazer mais perguntas para você, Stiles. — Ela disse com calma. Tanta calma. Alex nunca falava daquele jeito comigo.

— Sobre o mundo? Eu posso dizer como é! — Por ver que Lydia não chorava mais, eu sorri. Sorri porque amava contar sobre o mundo. Mas eu nunca tinha ninguém para falar. Nunca. Alex não gostava de conversar comigo. — Quando Alex deixar, você também vai conhecer o mundo!

O Pequeno pedaço do céuWhere stories live. Discover now