O mesmo assassino

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Terceira Pessoa

Noah Stilinski perdeu a mulher e o filho em uma única noite. Desde então, ele nunca mais foi o mesmo homem. Passou a sorrir menos, parou de sair nos finais de semana e dedicou toda a sua vida ao trabalho.

Todos os dias ia para a delegacia de Beacon Hills e parava em frente ao quadro pregado na parede de sua sala. Ali, ficava fotos de pessoas desaparecidas.

Apesar dos anos que se passaram, apesar de estar quase totalmente convencido da morte do filho, uma foto de Stiles Stilinski continuava pendurada com um alfinete. A foto era antiga e estava presa naquele quadro há muito tempo.

Uma fina camada de poeira cobria a fotografia que já tinha suas extremidades amareladas, gastas com o passar dos anos em que permaneceu ali, exposta na sala do xerife.

Noah assoprou em uma tentativa de expulsar a poeira da fotografia. Passou dois dedos no lugar em que estava estampado o rosto de Stiles. Na época, o menino tinha em torno de três anos. Sorria para foto de um jeito infantil e estava agarrado a um enorme ursinho de pelúcia azul.

— Por que eu não acho você, Stiles? — Foi o sussurro do homem torturado.

Ele suspirou, passou as costas das mãos na testa e olhou para a foto que recentemente, tinha sido pregada ao lado da fotografia de seu filho. Ali, tinha a foto de uma garota ruiva e sorridente, com olhos verdes chamativos. Lydia Martin.

Cansado das noites mal dormidas, Noah se afastou do quadro. Pegou sua caneca cheia de café e começou a ingerir o líquido enquanto sentava em sua cadeira de rodinhas.

— Eu vou solucionar o caso de vocês. — Mais uma vez, o xerife falou consigo mesmo. Tentando não pensar em Stiles.

Seus olhos claros focaram nos arquivos espalhados pela mesa de madeira. Todas as folhas ali relatavam sobre Natalie e Lydia Martin. A menina mais nova, Lydia, foi a primeira a sumir dentro de sua própria casa.

Noah ainda tinha pesadelos sobre o dia em que recebeu uma ligação desesperada de Natalie, dizendo que Lydia tinha desaparecido. No início, o xerife e toda a cidade tentaram manter a esperança de que a menina tinha apenas ido para alguma festa escondida durante a noite, mas então, o tempo passou.

A pequena cidade se reuniu em busca da filha de Natalie. Policias, cães farejadores e até moradores tentaram buscar evidencias da menina. Porém, ninguém achou.

Passou a primeira semana, a segunda. O primeiro mês. E foi aí, quando completou pouco mais de um mês após o desaparecimento de Lydia, que Natalie também sumiu.

O sumiço da mãe foi completamente diferente do da filha. Lydia não deixou nenhum rastro, como se simplesmente tivesse desaparecido do universo. Já Natalie, deixou uma casa revirada com evidencias de luta e além disso, a porta da sala estava arrombada.

O xerife olhou para o relógio em seu computador e logo em seguida, para o horário definido como o provável momento em que Natalie foi sequestrada. Tinha acabado de completar treze horas sem nenhuma pista nova sobre o paradeiro dela.

Batidas na porta fizeram Noah desviar os olhos do papel. Ele endireitou a coluna na cadeira e tentou recompor a expressão. Não queria demonstrar fraqueza.

— Pode entrar. — Disse com a voz rouca que denunciava o tempo que estava sem nem cochilar.

— Xerife, você tinha razão! — Foi a primeira frase do policial, Parrish, ao entrar na sala de Noah.

Ele era alto, magro e apesar de ser talentoso em trabalhos de campo, parecia muito desajeitado ali, na sala do xerife. Segurava em uma das mãos, uma pasta repleta de folhas que ameaçavam a desabar no chão a qualquer momento.

O Pequeno pedaço do céuWhere stories live. Discover now