Ele vai ser bonzinho

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Lydia Martin

Eu odeio sutiã desde a primeira vez que usei. Sentia como se estivesse presa, sufocada. Minhas costas doíam e os seios pareciam ficar esmagados. Sempre que eu chegava em casa, arrancava o sutiã e desfrutava da liberdade de sentir o pijama contra os seios.

Minha mãe costumava rir da minha expressão de alivio quando eu jogava o sutiã no chão e andava livre pela casa. Meu dia se tornava melhor toda vez que eu me desfazia daquele aperto.

Eu nunca pensei nisso como um defeito, ou algo perigoso. Afinal, não tinha nada demais em andar sem sutiã. Ou pelo menos, eu pensava isso.

Deus! Como eu estava enganada.

Quando tomei banho e coloquei a roupa larga de Stiles, minha primeira atitude foi não usar o sutiã. Era óbvio que Stiles não demonstrava perigo, ele tinha a mentalidade de uma criança e eu estava em uma situação tão ruim, que queria me dar ao prazer de libertar os seios.

Eu não sabia onde estava, temia que o pior tivesse acontecido com a minha mãe e estava trancada em quarto pequeno com um desconhecido. Tinha sido sequestrada pelo homem que estuprou minha mãe anos atrás. Tirar o sutiã, pelo menos, me trouxe alguma paz.

Se eu soubesse o quanto essa paz passageira me faria chorar....

Tudo já começou a dar errado quando vi Stiles se masturbando. Sim, isso mesmo! Ele estava com a mão sobre o membro, se estimulando sem nenhum tipo de pudor. Sem se importar quando eu saí do banheiro e o flagrei.

Acabei sendo um pouco rude ao falar com Stiles e apesar de ter percebido a tristeza em seus olhos, não consegui me importar. Minha cabeça doía demais, sentia que ia morrer com tanto pensamento, tanto estresse.

Ele foi tomar banho e eu sentei no chão do maldito quarto. Sentia vontade de chorar, mas as lágrimas não saíam. Pareciam presas nos meus olhos, grudadas.

— Eu preciso sair daqui. Preciso sair desse inferno! — Falei baixo, sentia a garganta doer. — Preciso sair viva daqui!

Coloquei as mãos sobre a cabeça, tentando pensar. Precisava achar uma solução, uma maneira de fugir dali. Dar um jeito de entender o que estava acontecendo. A dor de cabeça só piorava enquanto eu me esforçava para raciocinar.

— Vamos, Lydia! Você não quer morrer. Você não quer morrer. — Repeti em um frágil incentivo.

Inclinei o corpo para frente. Sentia a agonia corroer meu estomago, devorar minha coluna, queimar meus olhos. As batidas do meu coração eram pesadas, como se tentassem me ferir. Mal podia respirar.

Ainda estava curvada para frente, quando a porta do quarto foi aberta. Com medo, encolhi os ombros, apavorada. Demorei longos segundos para criar forças para erguer a cabeça e me deparar com os olhos azuis.

— Você está sem sutiã, filhinha? — Foi a primeira frase vinda de Alex.

Pulei de susto no lugar e nervosa, olhei para baixo. Percebi que a forma como eu estava inclinada, fez a blusa larga pender para baixo, expondo parte dos meus seios pequenos.

Nervosa, tentei cobrir os seios com os braços. Ergui a coluna e automaticamente, fiquei de pé. Senti meus olhos arregalados de pavor. Meu coração estava acelerado.

Aquela era a quarta vez que eu via Alex.

Não sabia há quanto tempo estava naquele quarto, mas tinha noção de que fazia dias. Stiles tinha passado a maior parte do tempo acordando e voltando a desmaiar ou a dormir, por causa dos machucados que Alex fez.

O Pequeno pedaço do céuWhere stories live. Discover now