IX

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O pai de Tayla havia notado a ausência da filha pois ele sempre a vê caminhando pela casa para pegar um pedaço de bolo de nozes quando a cozinheira tem disponibilidade de fazer. No dia em questão, a Mrs. Travin tinha feito o bolo especialmente para Tayla, pois amava a menina. Como Miss York saiu, não soube da torta.

Para dar uma lição na filha, repreendendo-a de sempre comer a torta inteira sozinha, ele esperou que ela fosse até a cozinha, mas não foi. Procurou-a por toda a mansão, e pelo tamanho, levou uma hora até finalmente concluir que a filha não estava lá.

Ser encontrada por seu pai só serviria para piorar aquela noite caótica. Estressada do jeito que estava, muito provável que quem sofreria com o cinto que seu pai segurava seria ele mesmo e não ela.

- Por onde andou? - um raivoso Arthur York pergunta para uma jovem estatizada em seu lugar.

Tayla finalmente dá conta de si.

- Acha que eu tenho medo de você? Abaixe esse cinto agora, pois não fiz nada de errado.

- Você não pode me dar ordens. Perdeu o juízo mesmo, sou seu pai!

- E você não pode me agredir!

- Está na véspera de ser pedida em casamento. Eu preciso ver-te casada, preciso do dinheiro que esse matrimônio envolve. Não vou deixar que estrague tudo, como sempre faz. Pela última vez Tayla, diga-me onde estava.

- Estive na taverna. Vou sempre que posso, para fugir desse ambiente que tanto me irrita. Que fique bem claro, apenas digo-lhe onde estou e devo-lhe respeito pois vivo debaixo desse teto, seria muita ingratidão faltar com respeito a quem cuida de mim.

- Fico feliz que tenha ao menos consciência, pois juízo eu pude perceber que você não tem. Agora, venha aqui para que eu lhe dê a lição que merece.

- Não. - a mocinha York responde firme. - Não vou pai. Não aceitarei que bata em mim e me castigue.

- Prepare-se, seu marido lhe fará o mesmo. - Arthur completa com um  sorriso irônico.

- Juro que mato meu próprio marido se um dia ele levantar a mão para me bater. - Tayla dizia enquanto afastava-se do pai.

Antes que ele pudesse bater na filha, uma criada abre a porta.

- Isla Hughes está aqui.

Arthur paralisado, contém-se e recolhe o cinto.

- Diga que irei recebê-la em meu escritório.

- Isla está aqui? Quais assuntos a tia de Edmond veio tratar? - Tayla pergunta, desesperada. A noite podia piorar?

- Seu casamento está mais próximo do que pensa.- Arthur diz, fechando a porta.

Em direção ao seu escritório, Arthur confere se cheira bem, e passa as mãos sobre sua barba. Da última vez que ele e Isla se encontraram, ela reclamou de beijá-lo e machucar-se com os pelos grossos no rosto de Arthur.

Olhando da escada, Amélia, mãe de Tayla, sente seu sangue ferver. Aquela italiana era uma esposa apaixonada e dedicada, fazendo jus à fama das esposas da Toscana. Por mais que desejasse atirar um jarro de vidro sobre a cabeça de Isla, ela era obrigada à aceitar todo e qualquer encontro que o marido tivesse, embora não pudesse se certificar se realmente se tratava de traição.

Ela se recolhe, esperançosa de que o marido nunca lhe faria tão injúria.
Desterrada e longe da Toscana, ela passou alguns anos sozinha, quando Arthur viajava como um bom York pelo mar. Entretanto, voltar seria loucura!

Quando Amélia se casou, ela deixou sua terra, sua amada Itália. A comida divina, a paixão ardente nas veias dos jovens italianos e o cheiro de uvas frescas sendo recolhidas pela manhã. Trocou tudo para casar-se com um inglês frio e decepcionante. Ela o amava no começo e ainda o ama, mas sente que nem tudo valeu o esforço de seu casamento.

Quando Um Conde Se ApaixonaWhere stories live. Discover now