XXXIV

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A família de Tayla tinha percebido o humor com que ela chegara em casa, mas ninguém comentou nada. Era muito estranho que a condessa Hughes se deixasse abalar por algo, uma vez que tinha uma autoconfiança e força de vontade inigualáveis. 

Ela sabia que uma hora teria que contar para a família o que tinha acontecido, por que doía muito guardar para si tudo, enquanto imaginava o que o marido podia estar fazendo na Inglaterra.

Tayla sentia tanta falta dele, que pensava estar doente, e quando sua avó ofereceu uma taça de vinho de boas vindas para que ela pudesse contar todas as novidades dos recentes acontecimentos, Tayla recusou e deu um choro abafado, e uma lágrima solitária escorreu por seu rosto. 

Não sabia como começar a explicar que seu casamento estava sendo um sucesso, até que ficou queimada em um incêndio, perdeu uma criança de seu ventre e teve que lidar com a traição do marido e a criança de Rose. 

Tanta coisa tinha dado errado nesses últimos tempos que Tayla desejou pela primeira vez em sua vida, morrer também. Era doloroso saber que estava tão impotente de mudar sua vida, mas não havia nada que ela podia fazer nessa situação.

Contar para a família também não a traria tanto consolo, pois eles a olhariam com tamanha pena e amabilidade que Tayla não podia suportar preocupá-los assim, mas sabia que chegaria a hora em que deveria falar algo. Em vez de despejar informações sobre seus parentes queridos, Tayla abraçou suas irmãs que estavam iluminadas com sua presença e ficou calada por um momento.

Helena, que era muito observadora, notou o que parecia uma espécie de mancha de queimadura no pescoço da irmã e embora não pudesse afirmar com clareza, parecia algo com o que ela já tinha se deparado em uma leitura de seus livros, mas naõ falou nada.

Tayla também abraçou a avó e da mesma forma, sua mãe novamente. Ela sentia muita falta de seu consolo, e mesmo que elas brigassem como cão e gato antes de seu casamento, Tayla sabia que poucas pessoas no mundo a amavam tanto, quanto sua mãe. Ela sabia que poderia contar tudo para Amélia, pois ela saberia a melhor forma de consolá-la. Sua mãe, no entanto, parecia diferente, sua expressão havia mudado. 

Parecia estar com o rosto leve e relaxado, os ombros andavam erguidos e ela tinha poucas ou quase imperceptíveis olheiras. Aqueles tempos na Itália tinham lhe restaurado o vigor e felicidade que a mãe tinha quando Tayla era criança, e antes de Amélia começar a desconfiar das traições do marido, por que, como já era de se esperar, Isla não fora sua única amante. 

Tayla não fazia ideia do quão livre e alegre sua mãe estava. Largar Arthur havia sido a melhor coisa que fez, e aos parentes e amigos italianos que a questionaram sobre passar tanto tempo longe do marido, ela relatara que ele tinha morrido simplesmente, e não havia motivos para retornar para a Inglaterra e viver uma vida monótona de viúva. 

Amélia simplesmente não se importava com o que iam pensar sobre ela. Ela era, naquele momento, uma mãe sem o marido que criava duas filhas já em idade de se casar mas que não as forçava a nada. Amélia estava aproveitando sua estadia na Itália tanto quanto passou os melhores anos de sua vida lá, em sua infância, quando podia correr pelos vinhedos dos pais e sentia um clima ameno em sua pele.

Ela também não queria saber como o marido estava. Secretamente ela queria que o marido tivesse morrido de verdade, mas com toda a certeza ela teria que voltar para a Inglaterra para resolver os problemas da propriedade, a posse e todos os documentos necessários. Como não recebeu nenhuma carta, imaginava que o traste ainda estava vivo, fazendo o que sabia fazer melhor, sendo um canalha.

- Tayla, minha querida Tayla. - falou Bianca, trazendo a taça de vinho. - Eu insisto que você tome um gole para poder relaxar o corpo. Está tão tensa e preocupada! A menos, é claro, que esteja grávida! - ela exclamou tomando o copo da mão de Tayla, vendo a neta assumir um semblante pior do que aquele que possuía, quando chegou na casa da avó.

Quando Um Conde Se ApaixonaWhere stories live. Discover now