XXVII

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A volta para casa foi tranquila e pouco discutida. Os quatro permaneceram em silêncio depois que se despediram do oficial eclesiástico e entraram em sua carruagem, rumo a mansão Hughes.

Tayla olhou pela janela durante todo o percurso e dava pequenos gritinhos de dor quando a carruagem arrancava por conta de pedras no caminho, visto suas queimaduras recentes.

O coração de Edmond se inquietava ao ver a esposa passar por tamanha dor. Ele faria qualquer coisa para trocar de lugar com ela. Como não podia sequer tocá-la, ele se contentava em admirá-la e lhe lançar seu sorriso mais doce nas poucas vezes que ela o olhava.

Na cabeça de Tayla, um turbilhão de emoções. Ela queria confiar que Edmond não era o pai do filho de Rose pois seus modos éticos nunca o permitiriam traí-la dessa forma, por mais conquistador que fosse.

O fato é que Rose era muito convincente e Tayla sabia do envolvimento passado dos dois. De toda forma, algo estava muito incerto nessa história mal contada. Tayla queria concentrar-se nisso para que pudesse pensar de fato se Rose poderia estar certa ou não, mas ela estava com a mente cheia e sobrecarregada.

Qualquer mísera lembrança de Rose contando do filho que carregava causava lapsos de sofrimento em Tayla. Ela não conseguia sequer controlar o que sentia, por mais que tentasse. Sua única alternativa era evitar o marido enquanto estudava suas plantas, até que Rose decidisse contar para Ed sobre a criança.

Nesse dia, seu mundo cairia. Disso, ela tinha certeza.

Ao chegar na mansão Hughes, Tayla saiu em disparada, se despedindo de todos rapidamente e indo atrás de suas plantas antes que Edmond sugerisse observá-la fazendo os remédios. Sua missão em evitá-lo e ser evitada estava cada vez mais difícil.

Ela decide ir trabalhar na pequena estufa de Olívia. Tayla junta algumas plantas e seu caderno de anotações. Ela verifica o que precisa e se dirige até a sala de chá, torcendo para que sua sogra e a avó de Edmond não tivessem demorado ao sair da carruagem e estivessem em sua sala de descanso, conversando amenidades do dia. Para seu alívio, elas já estavam lá, aguardando a porção de biscoitos com seu sagrado chá.

- Tayla! - sua sogra exclamou, surpresa. - Quer se juntar a nós? Pensei que não gostasse de beber chá.

- Eu gosto, mas devo declinar o convite. - ela disse, com um pequeno sorriso no canto dos lábios. - Estava pensando em ir trabalhar na sua estufa, condessa Olívia, se eu puder...

- Ora, Tayla. - Olívia disse, quase gargalhando. - Você é a esposa do herdeiro, a Condessa Hughes. Tem mais poder nessa casa que eu e Isabelle juntas.

- Por favor, não me levem a mal. É difícil me acostumar com isso. Acho que sempre vou pedir permissão. Nunca fui dona de uma coisa maior que meu quarto, embora meu pai acreditasse que nem meus pertences eram de fato meus. - Tayla baixou os olhos xom um sorriso sem graça.

- Sente saudade dele? - Isabelle questionou.

- De meu pai? - Tayla rebateu a pergunta, abrindo um sorriso agora divertido. - De jeito nenhum. - falou descontraída fazendo Olívia arregalar os olhos, mas no fundo, até mesmo a avó de Edmond não gostava de Arthur York. - Desculpe pela minha falta de modos. Eu amo meu pai, mas ele é um tirano e eu nunca me dei bem com ordens.

- Se lhe servir de consolo, também não gosto de receber ordens. Então entendo como pode ser difícil conviver com um homem que pensa que pode nos mandar. - Isabelle disse, lembrando de seu próprio pai. - Mas agora está aqui e a casa é sua. No sentido literal e real. Faça o que lhe der vontade.

- Só não coloque fogo em tudo. - Olívia disse, descontraída e Tayla se permitiu sorrir. Elas sabiam que aquele incêndio não foi culpa da jovem. A refeência ao fogo era mesmo pelo apelido de Tayla. A dama das chamas.

Quando Um Conde Se ApaixonaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora