XI

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Tayla não conseguia dormir. Ela se virava, pegava o livro, analisava-o e podia sentir que Edmond havia borrifado perfume naquela obra, pois o livro estava incrívelmente cheiroso e novo. 

Ela não conhecia aquele livro, mas sim os escritores que nele continham, então olhou a marca de cola e pensou: Era feito sob medida, encomedado, especialmente para ela. Edmond, de súbito, resolveu ser gentil?

O dia amanheceu e ela finalmente conseguiu fechar seus olhos. No mesmo momento, sua mãe a acorda, aos gritos.

- Minha doce e querida filha! - a viscondessa estava em uma animação incomum e atípica. - Levante-se. Pedi para a cozinheira fazer uma deliciosa torta de nozes para você. Sei que é café da manhã e uma mãe consciente jamais deixaria tanto açúcar em uma única refeição. Mas preciso do seu bom humor para a visita da família de Edmond no café da tarde.

- Apenas se eu puder comer a torta inteira. Ela vai permanecer no meu quarto até eu terminá-la. - Tayla ordena, com os olhos fechados, ainda deitada.

- Eu pensei em oferecer um pedaço para nossos convidados... - Amélia pergunta, esperando uma resposta positiva da filha.

- Aproveite que nossa situação econômica está maravilhosa e compre os ingredientes para outra torta. Quero uma torta inteira e isso é indiscutível. - Tayla disse, aos risos.

- Qual motivo de tanta felicidade? Ainda não comeu a torta... - Amélia estranhava as atitudes de Tayla.

- Preciso de um motivo para estar feliz? - Tayla pergunta, enquanto dá pequenos socos no travesseiro para deixá-lo mais confortável. 

- O que é isso? - a viscondessa  Amélia pega o presente de Edmond em cima da cama, fazendo Tayla saltar.

- Não é nada. Apenas um livro que encontrei na nossa biblioteca. - Tayla mente pegando o livro de volta.

- Mentirosa! - Amélia diz rindo. - Esse livro cheira a novo! Foi um presente! Sabe que não pode mais ter admiradores em Watford. Agora que está noiva...

- Não me lembre da monótona vida de uma noiva da sociedade inglesa. Não pode ser cortejada, sempre obediente, pura... Se engana se pensa que vou seguir alguma regra maluca dessa.

- Conheço sua personalidade forte para saber que jamais poderia seguir qualquer regra. Pelo menos tente fingir que segue, sem escândalos, por favor.

- Não posso prometer isso. - Tayla diz, antes de se levantar e se dirigir até o espelho.

- O casamento é em alguns meses. - Amélia dispara e Tayla deixa seu pregador de cabelo cair.

- Essas coisas não duram anos para se concretizar? - Tayla diz, com desgosto.

- Por seu pai, você se casaria ainda hoje. Convenci-o de que era loucura. Quero que você tenha a liberdade de escolher seu vestido, o local e toda a cerimônia.

- O mínimo que poderiam fazer. - Tayla responde.

- Figlia, guarda me. - Amélia pede para a filha a olhar em seu italiano com sotaque inglês. - Mi dispiace. 

- Desculpar? Sei que por mais que tenha arranjado o casamento, não queria me forçar a casar. Fique tranquila mãe, não guardo mágoas. Só quero que saibam, você e meu pai... - Tayla fez uma pausa, olhando pela janela. - Que esse casamento é uma prisão e vai ter impactos profundos em minha vida. Agora, se me permite, devo me arrumar, nossos convidados chegam em poucos minutos. Vejo uma carruagem ao fundo.

- Mas já? Pensei que viriam para o chá da tarde. Não para o desjejum. - Amélia estava desesperada. - Tenho que descer e preparar tudo. Fique, se arrume e esteja impecável para recebê-lo.

Quando Um Conde Se ApaixonaWhere stories live. Discover now