Cap.5 📸

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Detetive Almeida

Na manhã seguinte, decidi que já estava na hora de responder ao e-mail de Kayla, em partes, porque precisava continuar com minha investigação. Marcamos de nos encontrar em uma cafeteria no centro da cidade, ela me garantiu que levaria a famosa lista.

Bom, para mim aquela lista era famosa, afinal, ela parecia estar querendo evitar os nomes que apareceriam nela.

Sentei em uma das mesas mais afastadas, queria garantir que ela se sentisse confortável para falarmos sobre seus ex, acho que isso não deveria ser fácil para ela, ou não estaria evitando a todo custo. Sim, Kayla Mendes estava evitando falar sobre esses homens, só queria descobrir o porquê.

A garçonete era atenciosa, me serviu uma xicara de cappuccino e logo depois, sorriu de forma encantadora. Não pude me dar ao luxo de responder ao flerte, a campainha que soou logo depois, roubou toda a minha atenção. Meus olhos buscaram pelo cliente que entrara no estabelecimento, minhas mãos suaram e ao mesmo tempo formigaram deixando-me completamente confuso. Que reações eram essas?

- Bom dia, caro, detetive! - Aquela voz doce chegou aos meus ouvidos, queria poder fechar os olhos para absorver e admirar, mas não podia me dar ao luxo disso.

- Senhorita Mendes... - Me levantei e arrastei a cadeira para ela, Kayla sorriu, tive que prender a respiração, ela usava um perfume tão bom, tão sexy...

- Já pediu?

- Sim, e tomei a liberdade de pedir por você.

Ela me olhou com espanto e surpresa, apenas dei de ombros fazendo pouco caso disso. Eu havia feito minha lição de casa, sabia até qual era sua calcinha preferida, não que eu fosse usar isso ao meu favor. Além do mais, se tratando de Kayla, eu já tinha uma calcinha dela como preferida, e era na cor salmão.

- Me esqueço de que já fora visitar minha residência. - Disse de forma natural, parecia não estar incomodada, mas era difícil ter certeza. Ela era muito imprevisível.

- Espero que não se incomode, fui apenas fazer o meu trabalho. - Sorri amigável, ela retribuiu da mesma forma.

Kayla colocou sobre a mesa, um papel dobrado ao meio na cor areia, repousou os cotovelos delicadamente sobre a mesma e esperou que eu o pegasse em mãos. O conteúdo era extenso, mas por incrível que pareça, não me surpreendeu. Porém, não posso deixar de citar que, quando olhei o terceiro nome escrito, minhas veias pulsaram forte. Eu deveria imaginar que alguém como Júnior Santurbano estaria em sua lista.
Respirei pesado e passei meus olhos pelos outros nomes, graças a Deus, somente este nome me desagradava e eu começaria com ele.

- O que acha? - Kayla parecia curiosa.

Não sei o que exatamente ela queria ouvir, porque eu, definitivamente, não iria elogiar sua listinha idiota.

- Que vou ter muito trabalho. - Bebi um gole do meu cappuccino, Kayla comeu um pedaço de sua torta de maçã.

Senti que ela estava com seus olhos sobre mim, observava e analisava alguma coisa, que ao meu ver, já estava me deixando encabulado. Puxei o ar e o segurei, alguém deveria avisar àquela mulher que seu olhar estava começando a causar reações em mim. Meu Deus, como ela podia ser tão linda?

Guardei o papel em meu bolso e senti meu coração bombardear sangue muito rápido para o resto do corpo, Kayla umedeceu os lábios e, apesar de achar que não fora sua intenção, bastou apenas isso para que meu pau enrijecesse dentro da calça.

- Pode explicar qual foi o motivo dos términos?

- Tempo, traição, cansaço. - Respondeu, limpou o canto da boca sem deixar de me fitar. - Coisas que normalmente desgastam uma relação.

- Gabriel Aragão?

- Um ator sem tempo para relações, mas era bom na cama. - Pigarreei, acho que essa informação era irrelevante e desnecessária.

- Renato Camargo?

- Casado. - A olhei com a testa franzida e ela deu um balançar de ombros. - Terminei com ele quando descobri.

Respirei aliviado, apesar dela não dever explicações para mim, fiquei feliz em saber que ela não era esse tipo de mulher. Meu cappuccino já havia acabado, agora, vinha o nome mais desprezível de sua lista e não restava nem um gole da minha bebida para que pudesse molhar a garganta.

- Júnior Santurbano?

O prefeito da cidade, estudei com ele até a faculdade e sua reputação com mulheres sempre fora de dar inveja em qualquer homem. Era mesquinho e mimado, sua posição sempre foi boa pelo fato de ser filho de Joel Santurbano, o antigo prefeito da cidade. Claro que ele entraria na carreira política e acabaria no lugar de seu pai.

- Traição. - Pude sentir o tom de desprezo em sua voz.

Infelizmente, isso significava que ela gostava dele, e gostava de verdade. A gente não costuma guardar rancor de quem não gostamos. Afirmei com a cabeça não querendo continuar com a conversa, mas aquele era o meu trabalho e precisava fazê-lo.

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Senhorita Mendes
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Júnior sempre me agradou em tudo, por isso nunca desconfiei que estava nascendo uma galhada no topo da minha cabeça. O pior, foi que eu estava me apaixonando loucamente por ele, claro, quando descobri sua traição tive que manter meu autocontrole para não ser posição de destaque nas revistas e jornais. Acho que fiquei magoada pelo fato dele ter manchado minha imagem como mulher, porque até hoje não sei como tudo aquilo foi parar na mídia. Mas não sou inocente, sei que ele deve ser o causador disso.

- Acho que podemos parar por hoje.

Não! Porque ele queria parar? Logo agora que estávamos começando a conversar feito pessoas civilizadas. Será que eu havia dito algo de errado? Mas, me lembro de ter sido bem-educada com ele, então não via o porquê de ele querer terminar nossa conversa ali.

- Posso estar errada, mas minha lista contém mais do que apenas três nomes, detetive.

Notei um certo desconforto quando falei, ele parecia estar travando uma batalha interna. Era tão difícil saber o que ele pensava ou o que faria. Nicolas era tão imprevisível. Cruzei minhas pernas, sempre tive o hábito de fazer isso quando não sabia o que falar. Nicolas pigarreou e passou a mão pela nuca desconcertado, aquele gesto fez os pelos do meu corpo arrepiar. Agitei meus ombros e mexi a cabeça tentando evitar aquela reação.

- Para início, os três são o suficiente. - Pegou a carteira em seu bolso e passou os dedos pelas células. - Vou investigar e fazer o relatório, depois marcamos outro encontro para falarmos de mais três da sua lista.

Não sei o porquê, mas senti um alívio e uma felicidade estranha passar pelo meu coração. Eu queria vê-lo de novo, queria conversar com ele. Me senti tão bem em sua presença, acho que foi a primeira vez que conversei com alguém depois de tanto tempo. Ele sorriu me olhando, deixou as notas sobre a mesa e piscou.

- Então, vamos voltar a nos ver?

- Vê-la será a melhor parte do meu dia. - Pisquei os cílios sem convicção, eu ouvi aquilo mesmo? - Até breve, senhorita Mendes.

Nicolas, em um ato ousado, segurou em minhas mãos e beijou as costas das mesmas.

Eu fiquei observando aquele homem ir embora, com seu charme que até então, eu não havia notado. Algo havia mudado, ele estava mais relaxado em minha presença, apesar de ter ficado tenso em alguns momentos. E eu... eu havia gostado daquilo. Sorri para mim mesma e balancei a cabeça. Ele colocou notas a mais sobre a mesa, também havia pago o que eu comi, mas nem por causa disso eu deixaria de pagar.

- Tome, fique como gorjeta. - Sorri para a garçonete, ela estava séria e parecia surpresa.

- É muito, madame.

- Então, espero que faça um bom uso. - Respondi me levantando.

Por Trás Das CâmerasOnde histórias criam vida. Descubra agora