Cap.7 📸

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Senhorita Mendes
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Depois do encontro com o detetive Nicolas, tive que me ocupar com outras coisas, por exemplo, na gravação do programa especial de dia das mães, então, para a minha sorte, acabei não tendo tempo para pensar nele ou naquelas cartas. Minha produtora comentou em alguns momentos, o quanto eu estava distraída, mas se ela soubesse pelo o que passo com esse perseguidor, também viajaria para Nárnia sempre que preciso.

Para o mundo exterior, eu sempre transmitia o quanto isso não me afetava, talvez eu fizesse isso na esperança de que esse perseguidor assistisse televisão e visse, que tudo o que estava fazendo contra mim, não estava me abalando. Mas estava.
Fortemente. Nem por isso precisava deixar as pessoas saberem.

- E nesse dia especial, quero homenagear todas as mães desse mundo. Quero agradecer por todo esse carinho que tem por mim e por meu programa. Por essa aceitação maravilhosa que tiveram quando assumi o lugar da Isabela Mendes. - Parei para recuperar o ar. Não me abalava falar de minha mãe, mas
acabava sendo um pouco deprimente. - Continuem comigo e tenham todos uma boa tarde!

Assim que o sinal tocou e as câmeras foram desligadas, me apressei em pegar o script do próximo programa. Nunca fui viciada em trabalho, na verdade, nunca gostei sequer de trabalhar, principalmente quando envolvia minha imagem sendo exposta. Minha mãe, por outro lado, adorava ver seu rosto estampado em qualquer lugar que lhe desse muita fama. Nunca tinha tempo para ficar em casa, estava sempre sendo convidada para festas, eventos, inaugurações, entrevistas... enfim, ela era uma mulher ocupada. A sua vida era aquele programa de tevê e sua coluna na revista Fashion, e mesmo que eu não gostasse desse mundo, quando ela pediu antes de morrer que eu assumisse seu lugar, não pude dizer não.

Apenas suspirei forte e assenti. Ela não foi uma boa mãe quando estava viva, mas nunca deixou que me faltasse nada.

- Hey, Kayla, exposição de telas hoje à noite, vamos?

Virei-me para ver quem vinha ao meu encontro, dei continuidade em meus passos quando vi que se tratava de
Orlando. Ele estava sempre tentando me levar para sair, e por causa da minha assessora, quase sempre, eu era obrigada a aceitar. Ele não era feio, mas bonito também não era. Sem contar, que quando começava a falar ninguém conseguia fazê-lo calar a
boca.

Estava prestes a dispensá-lo quando Yohanna Luíza apareceu em minha frente, seu cabelo estava preso em um rabo de cavalo perfeito bem no topo da cabeça, ajustou os óculos e
balançou aquele dedo podre para o meu lado. Me olhou como quem diz: Nem pense em recusar!
Revirei os olhos não muito contente com esses encontros forçados que a assessora me fazia ter e sorri amarelo para ela.

Respirei fundo dando meia volta e tratei de colocar um sorriso fingido no rosto. Eram apenas negócios, sempre quando ela insistia que eu saísse, era apenas golpe de marketing. As pessoas tinham que me ver nos lugares, tinham que pensar que eu era sociável. Eu sabia que tinha que estar na mídia, que tinha que ser o centro das atenções ao menos uma vez na semana. Eu tinha que dar algum conteúdo para que falassem de mim, mesmo que falassem mal. Só que ninguém sabia o quanto isso acabava comigo.

- Olá, Orlando. - Ele beijou minha bochecha e sorriu.

- Está cada vez mais linda, Kayla! - Elogiou-me, como sempre fazia.

- Obrigada. - Sorri sem mostrar os dentes. - Me pega em casa?

- Claro, oito horas?

Apenas afirmei com a cabeça e sorri, não iria ser tão ruim assim, eu precisava me distrair e me divertir, mesmo que tivesse um louco me ameaçando por aí. Nesse momento, meus pensamentos voaram até o detetive, estava me perguntando se
ele já havia ido atrás dos três primeiros da lista ou se iria demorar um pouco mais para termos outro encontro.

Yohanna queria me acompanhar até em casa, disse que fazia tempo que não saiamos para bater um papo, mas para encher meu saco já bastava estar ao seu lado no estúdio, não precisava disso em casa. Então, disse que queria descansar já que eu teria um encontro logo a noite. Ela gostou da minha resposta, eu tinha vontade de catar aqueles cabelos louros oxigenados toda vez que minha assessora dava aquele sorriso idiota.

Dentro do carro, enquanto dirigia meu Porsche azul para a minha residência, tive breves devaneios sobre o dia anterior. O olhar do detetive sobre minhas pernas, o desejo estampado em seu rosto, eu poderia jurar que ele havia ficado de pau duro e nossa... pensar que eu poderia ter o deixado duro me fazia ficar molhada.

- O que? - Questionei a mim mesma, um pouco indignada com meus pensamentos sem escrúpulos.

Não foi minha intenção provoca-lo, na verdade, eu nem ao menos tinha noção disso, apenas me dei conta quando ele disse que o que eu fazia era um atentado ao pudor. E se ele havia falado isso, era porque alguma coisa aconteceu entre suas pernas.
Deixei o carro na garagem de casa, mas diferente dos dias anteriores, Nana não estava me esperando. Achei um pouco estranho, mas pelo horário eu supus que ela estivesse ocupada com alguma coisa.

Fui direto para o banheiro, a casa estava silenciosa demais, igual ao que sempre fora quando minha mãe estava viva. Isso me incomodava, às vezes, eu tinha vontade de encher a casa com pessoas, flores e músicas. Mas nunca vi muita utilidade nisso, apenas serviria para me dar dor de cabeça com arrumação, decoração e tantas outras coisas que eu não tinha
tempo para administrar, mas lidar com a solidão era algo tão difícil e
triste.

- Não vi você chegar, está com fome, querida?

Virei a cabeça na direção da porta do banheiro, a água com espuma tampava meu corpo até a altura dos seios dentro da banheira. Nana sorriu, seu avental estava sujo com algum tipo de farinha, então supus que ela estivesse brincando de fazer algo na cozinha. E estava torcendo para que fosse aquelas roscas deliciosas que ela acostumava fazer para minha mãe.

- Faminta! - Respondi sorrindo. - O que fazia? Entrei e não te encontrei.

- Oh, estava fazendo umas bolachinhas. - Sorriu carinhosa.

- Pensei que estivesse fazendo aquela sua rosca incrível, com aquela cobertura de creme e coco.

Ela riu alto e balançou a cabeça afirmando.

- Você me pegou. Estava mesmo, sei que você gosta.

- Pode preparar a mesa?

- Já vai jantar?

- Sim. Tenho um evento para ir mais tarde com Orlando. - Nana riu, discreta. Sabia o quanto Orlando me incomodava.

- Isso só pode ser coisa de Yohanna. - Abaixou a tampa do vaso sanitário e sentou sobre ele, meus olhos a observavam com curiosidade. - Como foi hoje cedo com o detetive?

Revirei os olhos, é claro que ela iria perguntar.

- Foi bem, ele ficou meio surpreso com o tamanho da lista. - Sorri com luxúria, Nana retribui com um sorriso de canto.

- Pegou os três primeiros para começar a investigação.

- Acha que algum dos seus ex possam estar fazendo
isso com você?

Segurei na beirada da banheira e apoiei meu queixo na mesma, isso nunca havia se passado por minha cabeça, mas Nicolas parecia ser bom no que fazia e se ele suspeitava, talvez, estivesse certo.

- Sinceramente? Não faço ideia, Nana. - Respondi simplesmente. - Espero que ele descubra logo, já não aguento mais essas ameaças.

Nana concordou com um simples balançar de cabeça, levantou e se aproximou para fazer um carinho em meus cabelos. Estava sorrindo apesar de tudo, era encantador a forma que ela conseguia lidar com situações difíceis, eu não conseguia ter essa mesma força, mas me segurava para não desmoronar a qualquer momento.

- Vou arrumar a mesa.

Deixou o banheiro e assim, abriu espaço para que meus pensamentos fossem me corroer.

Por Trás Das CâmerasOnde histórias criam vida. Descubra agora