Cap.6 📸

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Detetive Almeida
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Não sei o que havia acontecido comigo, mas estar na presença de Kayla me fazia sair do eixo e agir como um adolescente idiota. O que foi aquela piscadinha? Dirigi sem pressa até a central, eu queria seguir a lista, mas não estava me aguentando de vontade de ir até o gabinete do prefeito. Ele havia traído Kayla e ela parecia ser uma mulher atraente e encantadora, porque faria isso com ela?

Peguei meu material de trabalho e segui meu caminho, dentro do carro, por diversas vezes, fiquei lembrando do olhar de Kayla. Um olhar curioso e inocente. Ela estava despertando sentimentos adversos em mim. Uma hora me irritava com suas atitudes fúteis, no outro, me encantava com seu jeito doce.

Quem era Kayla Mendes de verdade?
A entrada da prefeitura estava calma, não tive problemas para alcançar a mesa da secretária. Ela sorriu ao me ver, acho que me lembrava vagamente dela, Juliana era bonita, uma moça encantadora, de fato, mas jovem. Ainda assim, deixava claro seu interesse insistente por mim. Aceitei sair com ela uma vez, ela acabou bebendo demais e quando ofereceu seu apartamento para a sobremesa, eu vi suas verdadeiras intenções.
Admito, fiquei tentado a aceitar, não sou santo.

— Nicolas, é bom rever você. Anda sumido, muito trabalho?

Bastou suas últimas palavras para me fazer lembrar de Kayla e do porquê de estar ali. Sorri de canto a olhando, ela havia ganhado alguns quilos, o que acabou deixando o seu corpo gostoso. Ela percebeu que analisei sua silhueta e sorriu presunçosa. Balancei a cabeça achando graça e dei continuidade em nossa conversa.

— Você sabe se há alguma vaga na agenda do prefeito? Tenho um assunto urgente para tratar com ele.

— Para hoje está cheio, mas de repente, para você eu possa abrir uma exceção. — Ela me olhava faminta.

— Suponho, que você irá querer algo em troca. — Me curvei sobre a mesa e sorri de canto, deixei meu charme esbaldar para cima de Juliana e ela pareceu reagir positivamente a isso.

— Ah, sim, claro, apenas um jantar. — Disse, claramente abalada pela minha aproximação.

— Hoje à noite? – Voltei para a minha posição normal.

— Pode entrar, senhor Almeida.

Pisquei para ela e coloquei meus pés para andar, não estava acreditando que sairia novamente com Juliana e, possivelmente, ela sugeria seu apartamento para a sobremesa mais uma vez. Não sei se eu iria conseguir dizer não de novo.

Entrei no gabinete do prefeito e logo me sentei em frente à sua mesa, ele me olhava desconfiado e tinha um ar superior para cima de mim. Já fazia alguns anos que eu gostaria de quebrar o nariz dele, esperava ansioso que ele me desse esse motivo.

— Não me lembro de ver seu nome em minha agenda, detetive Almeida. – Disse indo verificar em seu celular se eu, realmente, havia hora marcada com ele.

— Serei breve, senhor Santurbano. — Abri minha caderneta, precisava fazer anotações enquanto ouvia suas baboseiras. – Estou investigando o caso da senhorita Kayla Mendes, não sei se tem conhecimento do que está acontecendo.

— Sim, eu leio jornais, detetive. — Respondeu com desprezo. — O que eu tenho a ver com isso?

— Estou investigando todos os ex da senhorita Mendes, acredito que você se considere ex dela, não? — Arqueei a sobrancelha e esperei por sua resposta.

Ele parecia profundamente incomodado com minha presença, mas eu estava pouco me fodendo para isso. Eu o odiava e ter ele em minha lista de suspeitos me deixava feliz.

— Oras, acha mesmo que eu estou por trás das ameaças? — Seu tom era deboche. — Kayla é muito boa na cama, mas não o suficiente para que eu vire um babaca perseguidor.

Meu sangue ferveu, talvez, fosse pela forma que ele se dirigiu a Kayla.

— Você nunca precisou de muito para ser um babaca, Júnior. — Rebati, meu tom também saiu debochador.

— Parece que você está levando a investigação para o lado pessoal, Nicolas. — Sorriu de canto, estava achando graça em minha reação e também me olhava com cinismo. Fechei os punhos tentando me controlar. – Vai dizer que depois desses anos, você ainda guarda mágoas?

— Estou aqui fazendo o meu trabalho, se não deve, não teme, certo? — Minha testa franziu, fiquei sério e assumi a postura rígida. Ele tinha que falar sobre o passado, não é mesmo? — Porque traiu Kayla?

— Sou homem assim como você, detetive. Trai sem motivos e sem arrependimentos. Nós não éramos de fato, namorados. — Sorriu de canto.

— Depois da traição, ela terminou o relacionamento, nunca pensou na hipótese de voltar com ela?

— Não. Ainda que eu sinta falta de comer aquela boceta apertada.

Aquilo foi a gota d’água, me levantei com rapidez e segurei na gola de sua camisa, puxei seu corpo para cima da mesa fazendo algumas coisas caírem no chão. Ele ainda mantinha aquele sorriso no canto dos lábios, e eu desejava fazer ele engolir cada palavra que havia falado. Mas não naquele momento.

Precisava me acalmar e não perder a cabeça, era isso o que ele queria, queria me ver descontrolado e quase conseguiu.

— Vejo que falar de Kayla te deixa nervoso.

Semicerrei meus olhos e o soltei, seu corpo bateu na cadeira e a mesma andou por ter rodinhas na base. Fechei a caderneta e dei as costas para ele, fui em direção da porta sem
conseguir dizer mais nenhuma palavra, o que não foi o caso dele.

— Detetive — me chamou, segurei na maçaneta e virei em sua direção. —, se gosta da nossa estrelinha, melhor assumir logo ou vai perdê-la também.

Aquilo soou como uma ameaça, sai de sua sala e bati a porta com força. Mas já sabia que isso não seria o suficiente para extravasar minha raiva, porque naquela altura, apenas o nariz quebrado do prefeito seria o suficiente para me deixar satisfeito e mais calmo.

Por Trás Das CâmerasTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang