1 - Aquela que podia ouvir

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-Você gosta tanto daquela pulseira que seus pais te deram, mas parece que eles não gostavam muito de você, não é, Olívia?

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Orfanato Oak Creek -- Apenas para meninas.

--- 1984 ---

Regras:

1-Não ofender umas às outras.
2-Não machucar umas às outras.
3-Não desobedecer às ordens.
4-Não faltar com respeito para com os mais velhos.
5-Não mentir.
6-Não roubar.
7-Não desperdiçar comida.
8-Não deixar lixo espalhado pelo chão.
9-Vestir o uniforme completo todos os dias.

OBS: Em caso de desobediência, a referida criança deverá sofrer as consequências de seus atos. O castigo será definido pela Madame Carmella. Obrigada pela atenção.

Essas eram algumas das regras do Orfanato Oak Creek, onde viviam meninas de todas as idades e todas as órfãs aparentavam ser excepcionalmente comuns. Mas nem todas eram.

-Por favor... -Repetia a menina de quatro anos para si mesma enquanto agachava pra procurar algo debaixo da cama. -... Eu preciso achar... Que eu não tenha perdido, por favor.

Decepcionada por não estar lá, a garotinha apenas se levantou e começou a correr para fora do quarto que dividia com todas as outras garotas, seus cabelos negros eram exatamente da cor do uniforme, um vestido negro sem mangas por cima de uma camiseta branca de mangas compridas e um sapato também preto, tudo parecia grande demais em Olívia por ela ser muito pequena, mas ela não dava a mínima pra isso. Em relação à aparência só lhe importava a pulseira dourada que usava no braço direito com os dizeres "Sweet Olívia 31/07", e era exatamente isso que acabara de perder. Olívia começou a revirar as almofadas de sofá e enfiar as mãos nos buraquinhos pra tentar pegar o que estivesse lá, mas não achou nada além de embalagens de doces e algumas moedas perdidas que fez questão de guardar.

-Ei! -Uma voz irritada exclamou fazendo-a ficar paralisada de susto, os olhos verde-vivos estavam arregalados. "Ah, não!". -Que bagunça é essa que você está fazendo, tampinha??!!!

Olívia se virou aos poucos pra encarar a menina seis anos mais velha que ela, Mary, ela era muito alta, negra com cabelos lisos e olhos castanhos que a encaravam acusadoramente esperando por uma explicação.

-Perdi minha pulseira. -Respondeu fazendo a voz ficar o mais fina possível, afinal, Mary não poderia brigar com uma menina fofa, poderia?

-Perdeu, é? -Tinha um ar de ironia em sua voz, Olívia imediatamente entortou a cabeça e franziu a testa, havia algo estranho acontecendo ali. -Que pena.

-Ei! -A menina exclamou, furiosa, seu rosto começou a ficar escarlate enquanto Mary apenas expandia o sorriso. -VOCÊ PEGOU! PEGOU MINHA PULSEIRA!

-O quê? -Perguntou inocentemente. -Claro que não! Por que eu pegaria sua pulseira, tampinha?

-Eu não sei, mas é melhor me devolver! -Ameaçou com os braços já cruzados. -Você não pode roubar as coisas dos outros! É errado!

-Eu sei que é. -Sorriu, jogando-se no outro sofá. -E por isso posso afirmar que eu não roubei, eu não faço coisas erradas.

-Me devolve! -Olívia gritou, ignorando o teatro. -Foram minha mamãe e meu papai que deram, você não pode pegar, eles deram pra mim!

-Ah, foram eles que deram aquela pulseira ridícula? Interessante. -Mais gargalhadas saíram de sua boca, Olívia acertou uma almofada nela, que apenas riu mais.

OLÍVIA POTTER [3]Where stories live. Discover now