18 - O Mapa do Maroto (Parte 1)

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-Eu nunca vou te deixar sozinha.

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Até que você está melhorando. -Olívia riu, juntando as cartas de Snaps Explosivos para mais uma partida, estava ali havia uma hora, tentando tirar Harry do tédio, já que Madame Pomfrey insistiu em deixá-lo na Ala Hospitalar pelo resto do fim semana, o que, para sua surpresa, ele aceitou sem discutir. Não deixara que ninguém jogasse fora os estilhaços de sua Nimbus 2000; Olívia não fez nenhuma piadinha, para sua surpresa. Por vezes ela se pegava invejando o amor do irmão por Quadribol, porque era algo que, de certa forma, o ligava ao seu pai, algo que tinham em comum, algo que Olívia não tinha com nenhum dos dois, sequer sabia o que tinha herdado deles além dos olhos, cabelo, ou formato do rosto. Nem sabia se um dia viria a saber.

-Podemos pedir pra Hagrid comprar pra você no Beco Diagonal, ele já entrou no cofre antes. -Sugeriu, tentando animá-lo com a ideia de uma nova vassoura, mas Harry estava deprimentemente pensativo. -Harry, você está muito estranho, o que foi que aconteceu?

Ele franziu a testa e balançou a cabeça.

-Nada.

Ela continuou encarando, seu olhar o fez ceder em poucos instantes.

-Está bem! -Assentiu, endireitando a coluna. -Eu vi o Sinistro.

Olívia franziu a testa.

-Você... você o quê?

-Sei que você acha que não existe, mas eu vi, Olívia. Quando fugi da casa dos meus tios, antes do Nôitibus aparecer, eu vi o cão preto nos arbustos, antes dele sumir, daí quase fui atropelado.
Depois no jogo, eu o vi de novo. -Afirmou Harry e ela não soube o que dizer, o único cão negro em que realmente acreditava estava escondido na Casa dos Gritos e não era um cão.

"Então o que raios Harry está vendo?"

-Vi ele duas vezes e, nas duas, poderia ter morrido. -Disse, alterado. -E se ele nunca me deixar em paz? Quer dizer, se eu tiver que passar o resto da vida olhando por cima dos ombros?

-Claro que não, Harry! Isso deve ser só coincidência, afinal, tenho certeza de que um cachorro não tem como saber onde o Nôitibus vai estar, muito menos tem controle dos dementadores. -Disse, como se fosse óbvio. Então respirou fundo, sorriu e segurou sua mão. -Não vai ter que passar o resto da sua vida olhando por cima dos ombros, Harry, não se preocupe.

Ele apenas encostou a cabeça na cabeceira da cama enquanto apertava a mão dela de volta. Olívia manteve o silêncio, pensando se havia alguma chance de o cão da Casa dos Gritos estar seguindo Harry, afinal, não havia nada de estranho em querer conhecer o filho famoso dos amigos. Estranho era ele fingir ser um cachorro numa casa mal-assombrada, mas ela ignorou esse pensamento.

-Eu a ouvi de novo. -Harry sussurrou.

Um curcurto silêncio se estabeleceu entre eles.

-A mamãe?

-É. -Ele murmurou. -Ela sempre está gritando. -Os olhos de Olívia arderam, devido ao fim da sua linha de raciocínio. -Ela gritou pra que Voldemort a levasse no meu lugar, Liv, ele não ouviu, mandou ela se afastar, mas ela não se afastou, continuou pedindo piedade. Nem sabia que podia me lembrar disso.

Olívia fechou os olhos e apertou-os até que a vontade de chorar passasse, o que não demorou muito.

-São os dementadores, eles precisavam da pior lembrança que você tinha, então...

Sua voz se perdeu.

-O que você ouviu o papai falar? -Harry perguntou a ela.

-Ele nos amava muito. -Olívia sorriu. -Ele disse que eu precisava ser forte, a voz parecia triste, mas acho que estava sorrindo quando falou. -Respondeu. -Aí ele foi embora e me deixou sozinha, e eu começei a sentir muita, muita dor, como no primeiro ano quando eu estava com Quirrel. E acordei.

OLÍVIA POTTER [3]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora