5 - Beco Diagonal (Parte 1)

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-Minha vida não é uma fonte de atenção e de entretenimento, não quero que olhem para mim como se fosse.

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-Sabia que eles deixariam! -Audrey falou, animada, enquanto jogava as coisas de volta dentro do malão. Ela não parecia conhecer ou se lembrar do significado da palavra "dobrar".

-Corrigindo, George deixou. -Olívia falou. -Jessie quis esganar ele por deixar.

-Ah, mas passar umas semaninhas no Caldeirão Furado não tem nada demais. -Audrey riu.

-Concordo. -Disse ela, voltando a atenção ao seu malão. Colocou o bisbilhoscópio de bolso que ganhara de Rony em cima junto a todos os outros objetos menores, uma caixinha cheia de fotos pra colocar no dormitório em Hogwarts, um caderno de desenho junto a um livro de Feitiços avançados, a caixinha de música barulhenta que roubara de Audrey no ano anterior (cuja falta nunca fora sentida), a caixa azul e, dentre outras coisas, seu diário. Ela se demorou folheando as páginas daquele precioso caderninho, era o mesmo de quando fora adotada, o mesmo de quando descobrira a verdade sobre sua mãe, seu pai e Harry, o mesmo de quando foi selecionada para Sonserina e depois para a Grifinória, o mesmo de quando Harry começara a ouvir a voz do basilisco e os alunos começaram a ser petrificados, tudo de importante estava anotado ali, todas as coisas felizes estavam ali, mesmo que não precisasse mais escrever pra se sentir melhor (como fazia desde que aprendera a usar uma caneta), levava ele consigo pra que nunca esquecesse cada coisa incrível que acontecera desde o dia 31 de Julho de 1991. Com um sorriso, ela fechou o diário e colocou-o sobre as roupas.

-Por que você está tão quieta? -Audrey perguntou, devia estar se segurando pra perguntar aquilo o dia inteiro. -Desde ontem durante o jantar, e foi dormir cedo demais, aconteceu alguma coisa?

-Não. -Mentiu. -Eu estou normal.

-Ah, claro, e eu pretendo fazer dieta. -Rebateu, debochada, estava mais séria que brincalhona, o que só fez Olívia perceber que estava sendo muito óbvia, tinha que trabalhar melhor isso de esconder o que estava sentindo. Era até estranho, das outras vezes em que aquilo acontecera não tinha ninguém pra se preocupar se ela estava quieta demais ou não.

-Talvez devesse, você come como uma baleia.

-Eu estou falando sério. -Disse, erguendo alto o dedo mindinho. -Qualquer coisa, eu estou aqui.

Olívia sorriu, prendendo o dedo mindinho ao dela.

-Obrigada, Audrey. -Agradeceu. -Mas eu estou bem.

De repente, duas corujas voaram quarto adentro, tirando a atenção de cima dela, o que a fez suspirar de alívio. Uma era branca, tão graciosa e delicada quanto Hagrid e a outra, cinzenta e minúscula, quase bateu a cabeça na cabeceira da cama, mas desviou, batendo na barriga de Audrey, que a encarou, encantada.

-AH! Como você é bonitinho! -Exclamou, animada, acariciando aquela miniatura de coruja.

A terceira veio voando lentamente, batendo as asas como se requerisse um esforço especial e tinha os olhos cinza baixos, uma coruja negra preguiçosa. Era Winky.

-Finalmente! -Olívia exclamou, pegando a carta da perna de sua coruja, que logo se acomodou confortavelmente na gaiola pra dormir. -O Caldeirão Furado é em Londres, por que é que demorou tanto?

Cara Olívia,

Acho que esta resposta está chegando meio tarde, desculpe, dormi logo que entrei no quarto ontem e hoje, quando acordei, Winky tinha sumido, Edwiges também, devem ter ido caçar, não sei, aqui estou eu. Sobre a sua última carta, bem, sempre é bom achar novos motivos para ser expulso.

OLÍVIA POTTER [3]Where stories live. Discover now