Quando te conheci

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Votem e comentem ♥

É preciso ter o caos de si para dar à luz uma estrela cintilante.

— Friedrich Nietzsche

EXPLOSÃO

GRITO DE GAROTO AGUDO

PEDIDOS DE SOCORRO!

Um barulho de vidro quebrado me arrancou do pesadelo. Abri os olhos em um sobressalto. O quarto estava mergulhado na escuridão e a chuva fustigava as vidraças.

Levantei-me com dificuldade, a garganta seca. Estava com febre, ligando de suor. Respirava com dificuldade, mas continuava vivo.

Dei uma espiada no despertador:

03:16

Algo se mexia no andar de baixo, e eu ouvia distintamente as persianas chicoteado a parede.

Tentei acender a luz da cabeceira, mas, como de costume, a tempestade provocou um apagão em Malibu Colony

Levantei-me com dificuldade. Sentia enjoo e a cabeça pesada. Meu coração palpitava agitado, como se eu tivesse acabado de correr uma maratona.

Tomado por vertigens, tive de me apoiar na parede para não cair. Os soníferos podiam não ter me matado, mas haviam me lançado em um limbo do qual me tornará prisioneiro. O que mais me preocupava eram meus olhos: pareciam arranhados e ardiam de tal forma de tal forma que eu não conseguia mantê-los abertos.

Castigado pela enxaqueca, me forcei a descer os poucos degraus me escorando no corrimão. A cada passo, meu estômago revirava e eu tinha a impressão de que vomitaria no meio da escada.

Do lado de fora, o temporal não dava trégua. Sob a luz dos relâmpagos, a casa parecia um farol em meio às tempestade.

Ali constatei os estragos: o vento penetrar pela porta da sacada, que eu deixara aberta, derrubando na passagem um jarro de cristal que se espatifar no chão, e a chuva torrencial começava a inundar a sala.

Merda!

Corri para fechar o vidro e me arrastei até a cozinha para pegar uma caixa de fósforo. Foi com a volta da luz que senti subitamente uma presença e, logo a seguir, com a respiração.

Virei o rosto e...

***

Uma silhueta masculina, esbelta e atraente, se destacava no azulado noturno do lado de fora.

Levei um susto e arregalei os olhos: por pior que eu enxergasse, o rapaz estava nu, com uma das mãos pousada no baixo- ventre, com a outra escondendo o pênis.

Não me faltava mais nada!

— Quem é você? — perguntei, me aproximando e olhando-o da cabeça aos pés.

— Ei, não se preocupe! — ele gritou, agarrando a manta de fio Escócia do sofá e enrolando-a na cintura.

— Como assim “não se preocupe”? O mundo está de pernas pro ar! Você está na minha casa!

— Talvez, mas não é motivo para...

— Quem é você? — insisti.

— Eu achei que você me reconheceria.

Eu não o distinguia, mas de qualquer forma sua voz me dizia nada, e eu não estava com a mínima vontade de brincar de adivinhação. Risquei um fósforo para acender o velho lampião garimpado no mercado de pulgas de Pesadena.

O garoto de Papel Where stories live. Discover now