A Cidade dos Anjos

138 20 1
                                    

Hello!
Boa Leitura 🌈

————— T H E • P A P E R • BOY ————

que conta não são os socos que aplicamos, mas os que recebemos e enfrentamos para seguir adiantem 

— Randy Pausch 

CABO SAN LUCAS 

HOTEL LA PUERTA DEL PARAÍSO 

SUÍTE N° 12 

Uma luz matinal atravessava as cortinas. Tommo abriu um olho, reprimiu um bocejo se esticou preguiçosamente. O despertador digital marcava nove horas em ponto. Ele se revirou no colchão. A alguns metros de distância, em uma cama separada, Harry estava deitado, encolhido, mergulhador em um sono profundo. Exaustos e com a coluna em frangalhos, haviam chegado ao hotel no meio da noite. Considerando que a velha sooter de Troye dera o último suspiro cerca de dez quilômetros antes do destino final, foram obrigados a terminar a viagem a pé, insultando-se mutualmente durante as horas de caminhada que os separavam do balneário. 

De cueca e a blusa um pouco maior que seu corpo, Tommo pôs-se de pé e caminhou sorrateiramente até o sofá. Além das duas camas queen size, a suíte contava com uma lareira central e uma sala ampla cuja decoração mesclava mobiliário mexicano tradicional e gadgets tecnológicos: telas planas, leitores diversos, internet sem fio... Tiritando, o garoto pegou o casaco de Harry e o vestiu como uma capa antes de sair pela porta-balcão. 

Assim que botou os pés do lado de fora, ficou sem ar. Na noite da véspera, eles haviam se deitado no escuro, ainda irritados e completamente esgotados para gozar do espetáculo. Mas de manhã...

Tommo avançou pelo terraço banhado pelo sol. Dali, avistava a ponta da península da Baixa Califórnia, lugar mágico onde o oceano Pacífico se encontra o mar de Cortés. Já contemplara paisagem tão arrebatadora? Não que se lembrasse. Apoiou-se na balaustrada com um sorriso nos lábios e lantejoulas nos olhos. Com as montanhas ao fundo, cerca de cem casinhas se sucediam harmoniosamente ao longo da praia de areia branca banhada pelo mar cor de safira. O nome do hotel – La Puerta del Paraíso – prometia uma porta para o paraíso. Não havia como negar que não estava mesmo longe...

Ele aproximou o olho do telescópio no tripé destinado aos astrônomos amadores, mas, em vez de observar o céu e montanhas, apontou a luneta para a piscina do hotel. Imensos tanques transbordantes, em três níveis superpostos, desciam até a praia e pareciam confundir-se com o oceano. 

Instalados no meio da água, pequenos recifes privativos acolhiam o beatiful people que começava sua jornada de bronzeamento sob enormes guarda-sóis com o oceano. 

Com o olho grudado na lente, Tommo se extasiava. 

O sujeito com chapéu de vaqueiro ali, caramba, parece o Bono! E a loira alta com as crianças é a cara da Cláudia Schiffer! E a morena destroy, tatuada dos pés a cabeça e com um coque chucrute, meu Deus, é a...

Ele se divergiu desse jeito por alguns minutos, até que uma fresca brisa a levou a se abrigar em uma poltrona de vime. Esfregando os ombros para se aquecer, sentiu algo no bolso interno do casco. Era a carteira de Harry. Um modelo antiquado, bem espesso, de couro granulado e cantoneiras chanfradas. Curioso, abriu-a sem nenhum escrúpulo. Mas não era dinheiro que o interessava. Achou a fotografia de Aurore que vira na véspera e a virou, descobrindo uma caligrafia feminina:

Amar significa que você é o punhal com o qual me rasgo.

A

O garoto de Papel Where stories live. Discover now