Quando estamos juntos

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Desculpa a demora
Esse foi o capítulo grande ainda estou pelo 4G porque a energia acabou
Boa leitura!!

——— T H E • P A P E R • B O Y ———

À noite, senti frio, me levantei e fui cubri-la com um segundo cobertor.

— ROMAIN GARY

AEROPORTO CHARLES DE GAULLE

DOMINGK, 12 DE SETEMBRO

O motorista de táxi pegou a mala de Tommo e a colocou no porta-malas autoritariamente, esmagando assim a pasta que carregava meu computador. Na cabine do Pirus flex, o rádio estava tão alto que tive que repetir três vezes meu destino ao motorista.

O carro deixou nosso ponto de partida e rapidamente se viu enredado nos engarrafamentos da marginal.

— Bem-vindo à França — eu disse, dando uma piscadela para Tommo.

Ele deu de ombros.

— Não vai conseguir diminuir o que sinto por estar aqui. Visitar Paris era meu sonho!

Após alguns quilômetros de engarrafamento, o carro saiu pela Porte Maillot antes de entrar na avenida de Grande Armée e continuar até a rotatória de Champs-Élysées. Como uma criança, Tommo continuava boquiaberto, descobrindo sucessivamente o Arco do Triunfo, “a mais bela avenida do mundo”, bem como as vertigens da Place de la Concorde.

Mesmo tendo estado diversas vezes na cidade com Aurore, não se podia dizer que eu conhecesse bem Paris. Sempre entre dois concertos e dois aviões, Aurore era um nômade que nunca tivera tempo de me mostrar sua cidade natal. De qualquer forma, minhas temporadas por alô nunca haviam excedido dois ou três dias seguidos, que geralmente passávamos trancafiado em seu belo apartamento da Rue Las Cases, perto da basílica de Santa Clotilde. Assim, da capital eu conhecia apenas algumas ruas do sexto e do sétimo arrondissements, e uma dezena de restaurantes e galerias da moda aonde ela me levava.

O táxi atravessou o Sena até a Rive Gauche e virou na altura do Quai d'Orsay. Ao visitar o campanário e os contrafortes da igreja de Saint-Germain-des-Prés, compreendi que já nos aproximávamos do apartamento mobiliado que lá do México eu alugara pela internet. Com efeito, após algumas manobras, o motorista nos deixou no número 5 da Rue Furstemberg, em frente a uma pracinha redonda cheia de lojinhas antigas, seguramente uma das mais encantadoras que já vi.

Na esplanada central, quanto altas paulównias protegiam um poste com cinco globos. O sol se refletia nos telhados azuis de ardósia. Perdido entre as ruas estreitas, longe da agitação do bulevar, o luar era uma ilhota atemporal e romântica saída diretamente de um desenho de Peynet.

* * *

No momento em que escrevo estas linhas, mais de um ano se passei desde aquela manhã, mas a lembrança de Tommo saindo do carro e arregaçando os olhos deslumbrados continuava viva em minha mente. Na época, eu não sabia que as semanas que nos preparávamos para viver seriam ao mesmo tempo as mais dolorosas e as mais belas de nossa vida.

* * *

DORMITÓRIO FEMININO

CAMPUS DE BERKELEY

CALIFÓRNIA

— Encomenda para você! — gritou Dua Lipa, entrando no quarto que dividia com Ariana Grande depois de voltas às aulas na universidade.

Sentada diante da escrivaninha, Ariana ergue os olhos do computador e agradeceu sua roommate antes de voltar a mergulhar na partida de xadrez.

Era uma adolescente de cabelos castanhos curtos e rosto franco, que ainda conservava a forma arredondada da infância. Mas, pelo olhar sério e concentrado, era evidente que, apesar de jovem, a vida nem sempre tinha sido fácil para ela.

O garoto de Papel Where stories live. Discover now