Limite de Velocidade

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Boa Leitura ( ˘ ³˘)❤

——— T H E • P A P E R • BOY ———

Fica a meia hora daqui. Estarei aí em dez minutos.

— Fala do filme Pulp Fiction,

De Quentin Tarantino


— Você está correndo demais!

Já viajávamos por três horas.

Nos últimos cem quilômetros, percorremos a costa litorânea: New port Beach, Laguna Beach, San Clemente, mas a estrada estava tão engarrafada que optamos por pegar a Califórnia 78, depois de Oceanside, para cortar caminho por Escondido.

— Você está correndo demais! – repeti, diante a falta de reação.

— Você está de brincadeira! – protestou Tommo. — Estamos só a cento e vinte.

— O limite é noventa.

— E daí? Esse troço deve estar funcionando, não? – ele perguntou, apontando para o antirradar que Liam havia instalado.

Abri a boca para protestar quando uma luz vermelha acendeu no painel. Ouvimos um estado preocupante no motor, logo seguido de uma falha que obrigou o carro a interromper seu curso alguns metros adiante, me dando a oportunidade de descarregar toda a raiva que fervilha dentro de mim.

— Eu sabia que essa ideia de ir atrás da Aurore era pura maluquice! Nunca chegaremos ao México. Se já não tínhamos dinheiro nem estratégia, agora nem carro a gente tem!

— Está tudo certo, não se estresse, talvez agente possa consertar – ele disse, abrindo a porta.

— Consertar? Isso aqui não é uma bicicleta, é um Bugatti...

Sem se perturbar, Tommo levantou o capô e começou a mexer no motor. Eu, por minha vez, fui atrás dele pelo acostamento enquanto dava às minhas críticas:

— ...esses carros são cheios de sistemas eletrônicos. É preciso uma dúzia de engenheiros para diagnosticar qualquer probleminha. Eu estou de saco cheio. Vou pegar carona até Malibu.

— Tudo bem, mas se você queria me fazer cair no golpe do carro enguiçado, se deu mal! – ele disse, fechando o capô.

— Por que você está falando isso?

— Porque está concertado.

— Você está gozando da minha cara?

Ele girou a chave na ignição e o motor ronronou, pronto para partir.

— Era uma coisinha à toa: um dos radiadores do sistema de refrigeração se desconectou, o que automaticamente cortou o quarto turbo compressor e vendeu a luzinha de segurança do sistema hidráulico central.

— Realmente – eu disse, pasmo —, uma coisinha à toa.

Enquanto retornávamos à estrada, não resisti e perguntei:

— Onde você aprendeu isso?

— Ora, você deveria saber.

Precisei de alguns instantes de reflexão para vasculhar os pedigrees de meus personagens e encontrar a resposta:

— Seus dois irmãos!

— Isso mesmo – ele respondeu, pisando fundo no acelerador. — Você os festejos mecânicos e eles passaram um pouco da sua paixão!

O garoto de Papel Where stories live. Discover now