RAY | H.S.

Capítulo 25

COMENTÁRIOS NÉ MORES

O passeio de carro foi cheio de olhares prolongados, o calor da ansiedade ainda não havia diminuído. Harry parecia concentrado em decidir se eu dirijo bem ou não o Murano do meu pai. Enquanto não fechava os olhos quando eu acelerava consideravelmente, seus olhos insinuando luxúria com seu toque traçando o jeans da minha coxa esquerda. Quando paramos no segundo conjunto de semáforos ele me olhou curioso, me analisando. Eu não pude evitar o pequeno sorriso no meu rosto enquanto ele retirou a mão de mim e ajeitou seu casaco.

-Você dirige razoavelmente bem - sua voz tensa saiu em uma risada.

-Para uma garota, você quer dizer? - o repreendendo.

-Eu não disse isso - levanta as mãos em rendição.

-Se quer saber, mais de 70% dos acidentes são causados por homem então se alguém aqui dirige mal provavelmente é você - sorrio irônica e ele afirma, voltando a rir.

Depois de resmungar sobre ir até o Ledbury com Harry, acabei desistindo quando ele enfiou as mãos no meu guarda-roupa e estendeu minha roupa em cima da cama, acabando com a minha desculpa esfarrapada sobre roupas. Ele perguntou em quê eu me sentia confortável e no fim das contas acabei enfiada no meu jeans com um suéter preto e a jaqueta de couro por cima.

Digamos que jantar com a família da pessoa não é o meu conceito de ir devagar. Isso vai ser absurdamente estranho e só consigo pensar em como vou me tornar uma intrusa em dois segundos.

-Então, eu estava pensando - começo a dizer quando o semáforo abre.

-Não, a resposta é não - diz e olho para ele rápido enquanto mexe em seus anéis.

-Eu nem disse nada! - xingo baixo.

Continuei dirigindo pelo que me pareceu uma vida mas foram apenas vinte minutos e um manobrista veio pegar a chave do carro comigo. Isso é definitivamente caro demais pra que eu consiga pagar.

-É muito chique, estou de botas - falo andando atrás de Harry com suas pernas enormes.

-Que coincidência, eu também - sorri irônico virando para mim e batendo a ponta da bota preta de verniz no chão - Sabe o nome da minha mãe?

-Que pergunta idiota é essa? - pergunto quando paramos na entrada do lugar - É claro que não! Nesse momento eu nem sei o seu nome.

-É Harry - diz e eu mal posso acreditar em tanta ironia - E o da minha mãe é Anne, pode chamar de Sra. Twist, ela vai mandar você chamar de Anne de qualquer forma. O nome da minha irmã é Gemma, ela é bonitinha mas não igual à mim.

-Eu vou vomitar.

-Agora não me parece uma boa hora.

Ele se aproxima e cola os lábios no meu rapidamente, segurando meu rosto depois.

-Relaxa, você está linda - diz e eu respiro fundo revirando os olhos - Vamos.

Ele entrelaça nossos dedos e dá seu nome e o meu na portaria. Ledbury é um restaurante chique, a luz é baixa e lustres enormes estão espalhados pelo lugar. As mesas redondas tem toalhas brancas e taças diversas em cima delas. Os garçons usam ternos muito bem cortados e a maior parte das pessoas ocupando as mesas já passaram da idade de uma noite em um pub ou algo assim.

Uma mulher com o cabelo meio preso e meio solto acena para Harry e pelos olhos eu facilmente imagino que seja a mãe de Harry. Enquanto vamos nos aproximando da mesa minhas mãos soam ainda mais e morro de vergonha por ter a mão de Harry junto à minha nessas condições.