RAY | H.S.

Capítulo 27

COMENTÁRIOS. 

Eu sabia que era ele quem estava sentado na poltrona do meu quarto assim que saí do banheiro de toalha. Um pigarro foi escutado por mim e continuei me trocando, ignorando sua presença por completo. Aparentemente a cabeça de Harry fazia com que ele se sentisse envergonhado toda vez que eu trocasse de roupa na sua frente as para piadas idiotas seu cérebro funcionava rapidamente.  

-Eu esperei o trem por três horas - falou baixo, a voz rouca. 

Passei o moletom pela minha cabeça e ajeitei o short de dormir em meu corpo antes de ir até a penteadeira e acender as luzes do espelho para pentear meu cabelo. 

-Eu odiei você 56 vezes aproximadamente - continuou e eu sentia seu olhar em mim mas tentei ignorar por completo enquanto penteava meu cabelo molhado - Eu achei que você ia voltar, Barb! 

-Mas eu não voltei - disse e olhei rápido para Harry através do espelho da penteadeira. 

-Eu percebi! - seus olhos tinham um senso de vulnerabilidade então eu esquivei os meus para não acabar caindo em arrependimento. 

Eu fiquei parada por uma hora dentro do carro na garagem dos meus pais, pronta para sair dali e buscá-lo se ele tivesse a humildade de me ligar e pedir desculpas. Eu pedi desculpas e nem sequer estava errada! Não tiro o direito de Harry de ficar com raiva até porque eu também ficaria mas ontem mesmo ele estava com a garota que provocou todo o alvoroço entre nós dois e quando ele me explicou do que se tratava eu simplesmente confiei nele e em troca não recebi sequer um voto de confiança ou um diálogo maduro. 

-Não vai dizer nada? - perguntou impaciente, abaixando o capuz do moletom - Barb? 

-Eu não tenho o que dizer, eu já te pedi desculpas e já expliquei o que aconteceu. O que quer que eu faça? 

Bati a escova de cabelo na madeira da penteadeira e Harry arregalou os olhos. Me virei para ele e cruzei os braços esperando uma resposta, no mínimo, relevante. 

-Não quero você falando com ele. 

Seu tom era incisivo e tive que me segurar para não rir. É de uma ousadia inestimável depois de tudo o que ele me fez passar, pedir que eu fique longe de Zayn que aparentemente já está se colocando longe o bastante. Se Harry fosse um pouco mais tranquilo perceberia que está chutando um cachorro morto. 

-Ouviu, Barb? - perguntou de forma grosseira e eu respirei fundo antes de perder totalmente as estribeiras. 

-Vamos deixar uma coisa bem clara aqui, você me enganou, mentiu pra mim e me humilhou. Se eu converso com um amigo meu e tento resolver algo, você tem que no mínimo tentar entender e não agir como um babaca já que nunca te dei motivos pra isso. 

Ele ficou em silêncio quando eu terminei e minha mente se encheu de arrependimento quando nenhuma palavra foi dita. Engoli seco e Harry enfiou a mão no cabelo, puxando-o. 

-Eu amo você, será que não pode tentar me entender? 

-Amor não é desculpa para grosseria! Nunca foi! Não quero que use seus sentimentos contra mim, como desculpa para as coisas que você faz - tentei manter o tom ameno mas eu tinha certeza de que ele estava assustado. 

Eu observei quando ele se levantou e veio até mim, me puxando e me apertando contra o seu corpo. Fiquei em estado de choque quando eu fui levada para o calor familiar de seu peito, Harry suspirou, seus braços ainda envoltos em mim enquanto eu pensava no quanto isso era estranho. 

O jeito que ele olhava para mim.   

Eu sabia que ele não estava mentindo sobre me amar quando ele se afastou e seus olhos encontraram os meus. A íris verde transbordava mágoa e foi completamente substituída pela raiva voraz que ele me entregou mais cedo.