Capítulo 29

5.6K 386 441
                                    

COMENTEM E VOTEM. 

Eu podia entender um pouco de silêncio. Na verdade eu também queria ficar um pouco distante e reorganizar meus pensamentos mas no terceiro dia as coisas começaram a parecer extremas demais. Na minha cabeça precisávamos sentar e conversar sobre o que aconteceu, tentar fazer com que um entendesse o lado do outro mas o que aconteceu foi o silêncio extremo e absoluto por três dias. 

Eu liguei. 

Ele não atendeu. 

O Liam ligou, perguntando porque eu tinha sumido e claramente alheio a qualquer tipo de coisa que tenha acontecido. Eu preferi deixá-lo na ignorância e inventei uma desculpa qualquer. Eu tentei ligar de novo e tudo o que eu consegui foi que caísse direto na caixa posta. 

"É o Harry sim, então pode falar aí

Eu não podia falar porque não tinha ninguém para ouvir merda nenhuma. No domingo de manhã eu me enfiei no carro dos meus pais e desci para o Soho na desculpa de precisar ir à feira. O Berwick estava cheio e os fones de ouvido abafaram as vozes insistentes do lado de fora da minha bolha. Eu só queria um jeito de esbarrar em Harry e tentar fazer com que ele me olhasse, falasse comigo e parasse de me deixar no limbo da insegurança. 

Enfiei uma quantidade enorme de coisas das quais eu não precisava dentro de uma sacola e caminhei até o Gail's, de longe o café favorito de Harry na sua vizinhança. Respirei fundo antes de me amassar entre a porta de vidro e minhas sacolas para conseguir entrar e continuei no limbo quando ele - por acaso - não estava ali. 

Peguei uma embalagem de coco, framboesas e sementes de chia enquanto coloquei o som no máximo, me sentando numa mesa no canto do Gail's. Meu dedo deslizou pela tela do celular e eu procurei pelo nome de Harry pela décima vez no dia. Eu não ia ligar novamente só pra ouvir sua caixa posta ridícula mas eu poderia continuar a humilhação relendo as mensagens antigas. A situação é imatura de tantas formas diferentes. 

Tirei meu dinheiro da carteira e decidi que tentaria ser um pouco madura e iria até o apartamento tentar ter uma conversa civilizada. Tentar, eu disse. 

O sino da porta da Gail's abriu e eu saí. Parecia óbvio demais que a vida faria isso comigo mas ela simplesmente fez. Ele estava pronto para atravessar a rua enquanto enfiava os dedos no cabelo. Eu conheço tão bem o moletom da Calvin Klein grudado em seu corpo que me lembro até mesmo da sensação em minha pele todas as vezes que acabei voltando para a casa usando. Seus olhos encontraram os meus e ele pareceu tão calmo e sereno enquanto eu tinha certeza que estava completamente desesperada. 

Eu pensei em correr. 

É, a mesma pessoa que minutos atrás pensou em conversar civilizadamente agora queria correr. Ele se aproximou e parou da minha frente, o nariz vermelho e uma tosse seca vindo logo depois. Por Deus. 

-Oi - ele limpou a garganta e eu tentei sorrir já que a minha maldita boca não abria - O que está fazendo aqui no domingo? 

-Ah... eu - minhas mãos queriam tocá-lo desesperadamente - Eu fui ao mercado e desci para comer algo. E você? 

-Vim receber um material para o Louis para a RAY e... talvez comer alguns croissant. 

Eu suspirei quando o assunto simplesmente morreu e ficamos no meio da calçada nos encarando. Eu precisava dizer algo ou sair dali. Talvez eu não estivesse pronta para uma conversa já que Harry parecia relaxado demais para falar sobre tudo isso. 

-O.k., eu deveria ir... - eu dei um beijo em sua bochecha, um gesto para mostrar que estava tudo bem e me afastei um pouco. 

Sua mão deslizou por mim até segurar a minha mão. De repente seus olhos pareciam cheios de um sentimento forte demais, eu nem sequer conseguia identificar. 

RAY | H.S.Where stories live. Discover now