Capítulo 42: 1° Vôo de Alec

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Eu subi correndo as escadas do casarão Baker, numa velocidade silenciosa. Numa mistura de sentimentos, numa tremenda confusão. Entre lágrimas de alegria, de infelicidade e soluços sufocados, eu andava perdida.

Eu beijei ele! Eu não acredito nisso! O que eu fiz? Ethan viu tudo.

Sem sequer prestar atenção por onde corria, repentinamente, eu colidi com uma parede de músculos.

Ao olhar pra cima eu achei quem eu menos queria achar no momento.

"Ethan." Eu sussurrei inaudível, visivelmente e literalmente abalada.

Ele não disse nada, só me observou por alguns segundos que para mim pareciam ser séculos.

Seu olhar era sereno, mas não sabia se isso me deixava feliz. Não! Muito pelo contrario, me deixava mais assustada do que eu já estava.

Seu olhar era vazio e impassível, como se me culpasse silenciosamente pela asneira que eu cometi. Seu cenho era inexpressivo, seus músculos relaxados. Ele estava relaxado, vazio e totalmente inexpressivo.

Quisera eu que seus músculos tivessem tensos, que seu cenho tivesse franzido, que seus olhos estivessem cheios de ódio. Que falasse, que gritasse comigo. Mas, nada! Nada.

Nenhum som, nenhuma indignação ou exasperação. Nada! Nada!

Parecia que tudo nele me culpava numa sutilidade sem precedentes.

Como se eu já não me sentisse culpada o suficiente, por magoa-lo e decepciona-lo. Eu não queria isso pra ele, droga! Eu não queria isso para nós dois, ou para nos três no caso.

Parece que eu cheguei em um ponto da minha vida que estou tão enrolada. Parabéns pra mim! Parece que o feitiço se virou contra o feiticeiro. Eu só queria dar uma lição em Alec que acabei amando os dois de uma vez só! De que forma? Eu não sei! Só sei que amo os dois! Eu não quero eles fora de minha vida, eu preciso dos dois.

Loucura? Não, sei talvez. Mas, tudo isso vem mexendo com meu psicológico à tempo.

Eu começo a chorar outra vez, soluços saem de minha boca, mas eu os silencio com toda minhas forças. Eu me viro de costas pra ele, em um claro sinal de vergonha.

"Me desculpe!" Eu sussurro com pesar, com a voz embargada.

Eu começo a caminhar em direção ao meu quarto, mas ele segura minha mão suavemente. Eu paro na mesma hora, mas não me viro. Ele me vira devagar e levanta meu queixo, para que eu olhe pra ele. Mas, eu não o olho ainda.

"Olhe pra mim." Ele pede baixinho e, relutante, eu o faço.

Eu olho para o fundo de suas íris negra e vejo amor e serenidade neles. Ele limpa minhas lágrimas devagar e deixa um beijo cálido em minha testa.

"Está tudo bem, eu te entendo! Eu vou te esperar até você saber o que realmente quer. Até lá seremos apenas bons amigos." Ethan fala me olhando profundamente.

"Obrigada, Ethan. Me desculpa por te magoar." Eu falei chorando outra vez e o abraçando.

"Ei! Fique calma, pequena. Está tudo bem! Você sabe que eu sempre vou te esperar." Ele disse com um pequeno sorriso.

"Ei! Eu não sou pequena! Você que é alto demais!" Eu digo rindo, dando uma cotovelada fraca nele. E ele ri baixo.

"Vamos dormir que amanhã será um longo dia." Ele diz me dando um outro beijo em minha testa.

"Sim. Mais uma vez, obrigada Ethan!" Eu sussurro dando um abraço nele e indo para o meu quarto.

Eu abro a porta do quarto devagar para não fazer barulho. As meninas ainda dormem nas mesas posições as quais eu as deixei. Eu procurei minha cama silenciosamente e me deito novamente ao lado de Chloe que ressonava baixinho.

A Filha de PoseidonWhere stories live. Discover now