Capítulo 70: Fique comigo

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Angel narrando:

A última coisa que eu esperava ver seja agora ou por toda minha vida era ver meu pai querendo falar comigo. Ele tá com uma cara esquisita que não sei bem descrever e que jamais vi. Sua postura está estranha, não é a postura altiva e imponente que eu costumo sempre ver. Essa situação toda tá estranha pra falar verdade.

Eu recuperei do meu choque e voltei à minha postura de praxe que por sinal era bem parecida com a dele.

Puta merda! Por que sou tão parecida com ele?

Eu comecei analisa-lo com curiosidade, tomando muito cuidado com a minha expressão, tentando mantê-la impassível. Ele estava com um terno azul muito elegante, quase se fazendo passar como um humano normal, a não ser sua elegância digna de realeza. Seus cabelos negros estavam penteados para trás.

Arqueei minha sombrancelha, me recuperando de meu pequeno devaneio. Me preparei inconscientemente para discussão. Porque essa é a coisa que mais fazemos: Discutir.

"O que você quer?" Perguntei seca, já na defensiva.

Ele se encolheu com o meu tom e estranhei logo de cara. Ele pareceu se magoar com o tom minhas palavras.

Que coisa é essa que acabou de acontecer?

"Conversar." Ele falou sereno, com certo receio. Eu diria hesitante até.

Ares hesitante? O que está acontecendo? Ele tá brincando comigo? Ou eu voltei da morte um pouco xarope. Deve ser isso com certeza!

"Conversar?" Eu falei ácida, andando calmamente em volta dele, o sondando com calma. "Desde quando nós somos de conversar?" Eu repliquei sentindo uma grande temor se apossar de mim. Apesar de não demonstrar nada, só apenas um olhar gélido.

Seus ombros caíram levemente enquanto ele levemente se encolhia. Ele fitava o chão com interesse parecendo ser incapaz de me olhar nos olhos.

Eu observei atentamente, tentando tirar um mínimo detalhe que o denunciava nessa brincadeira sem graça que ele estava fazendo. Mas não vi nada. Eu paralisei.

Ele está nervoso? Por falar comigo? Desde quando? Isso tá fazendo sentido nenhum!

Um flashback rápido passou-se pela minha mente. Sempre quando a gente se encontrava nós sempre brigávamos.

Eu não o suportava, mal conseguia ficar no mesmo ambiente que ele. Não conseguia lidar com o fato de que ele me via só com um prêmio conquistado. E eu me via como uma prova de uma traição à Lady. Apesar de que ela nunca me viu assim e sempre tentava me convencer do contrário. Mas, não dava. Na minha concepção eu nunca deveria ter existido, minha mãe não deveria nunca ter traído nossa irmandade, muito menos a própria Lady.

Não era pra eu ter nascido.

Contudo, nem sempre eu fora assim. Ele me fez ser assim! Eu era como Maya: doce, ingênua e um pouco tonta. Se eu não me protegesse, se eu não tivesse aprendido a usar máscaras, eu não teria sobrevivido a tudo isso e eu vivi, principalmente à ele. Eu tive que aprender a ser forte sozinha, a me cuidar, a lutar e principalmente receber e lidar com tanta responsabilidade sozinha.

Tudo isso que eu me tornei com certeza não foi graças a ele. Eu me tornei forte, eu me tornei mulher sozinha. Sempre foi assim e sempre será. Maya não precisava e até hoje não precisa de que eu descarregue tudo isso nela. Ela precisa de apoio, de um braço direito e não o contrário. Sempre foi assim e sempre será.

Só que ultimamente aquele idiota tem me importunado com isso. E ele que se dane, meu pai que se dane. Todos que se danem! Menos minha menina é claro.

A Filha de PoseidonWhere stories live. Discover now