Capítulo 68: Inconformada

869 67 34
                                    

Acordei sobressaltada e, repentinamente, fui cega pela claridade que atravessava a clara cortina de cor de creme.

Eu gemi, irritada com toda aquela claridade na cara, praguejando a droga da cortina que não tampou o sol que ferira meus olhos.

Com meu pequeno gemido, vi de relance o movimento de uma cabeleira escarlate.

Angel.

Angel rapidamente fechou a cortina opaca que se punha por detrás da clara cortina cor de creme.

"Você poderia tê-la fechado mais cedo." Falei jocosa, em um tom falso de irritação.

Sentando-me depressa e espremendo minha amiga em um abraço, assim que retornou após fazer uma grande caridade pra mim. Se é que podia dizer isso, minha amiga tem um tom um tanto sádico em suas camadas de personalidade.

Ouvir sua risada e é como música para os meus ouvidos.

"Mas, aí não teria graça." Ela falou perversa.

"Por que você é tão sádica?" Brinquei, ouvindo sua risada como resposta.

"É o meu charme." Ela falou balançando os cabelos ruivos. Eu ri de sua pompa.

Eu a abracei de novo, apertando a contra mim, como se estivesse a impedindo de fugir, como se ela fosse evaporar assim que eu a soltasse.

Você me fez tanta falta. Você me deixou louca.

"Eu estou aqui." Ela falou como se tivesse lendo meus pensamentos, enxergando minha alma.

E isso era o que eu mais gostava nela. Eu não precisava de palavras, não precisava sequer vocalizar o que eu sentia. Pois, ela desvendada tudo com maestria através de meus gestos que pareciam comum e sem nenhum valor. Mas, para seu olhar atento, apenas isso bastava. Gestos e ações para ela, é um mapa com caminhos para desbravar um coração. E, no meu caso, ela não precisava mais do mapa, pois já decorou todos caminhos. Ela me conhece mais do que a mim mesmo.

"Eu sei. Eu..." Eu não consegui completar sentindo minha voz embargada se perder em minha garganta. Lágrimas escaparam e nem em mil anos eu conseguiria contê-las, não naquele momento.

"Tudo bem. Não vou mais sair do seu lado, isso você pode ter certeza." Ela disse calmamente, se afastando o suficiente para enxugar meu rosto e me olhar nos olhos com o carinho de uma irmã.

"Sempre estarei aqui." Ela completou, me fazendo abraça-la outra vez.

Me afastei dela sorrindo alíviada e pude enxerga-la melhor e perceber que ela trajava um longo vestido verde folha que realçava tudo nela.

Eu me levantei e reparei em meu estado, eu não estava mais com uma armadura, não havia mais marcas de batalha em mim, nem sequer fuligem. Eu estava com uma leve e confortável camisola branca.

"Já voltamos para a droga dos vestidos?" Eu perguntei zombeteira.

"Infelizmente, já. Prefira mil vezes usar uma armadura do que isto." Disse apontando para si mesma. Rimos juntas.

De repente, seu semblante ficou angustiado. Como se lembrasse de algo e não soubesse como agir.

"O que foi?" Eu perguntei apreensiva, seu rosto de repente ficou corado e já me vi rindo de sua expressão envergonhada, imaginando o possível motivo disso tudo.

"Brad me beijou de novo!" Ela falou de uma vez, tampando a boca em seguida. Eu ri, pensando como é engraçado ver minha amiga se apaixonar, mesmo que isso seja extremamente complicado

"Não ria da minha desgraça Maya! Dessa vez foi diferente." Ela falou com um olhar vago de quem estava se lembrando de algo.

"Diferente como?" Eu perguntei abrindo o baú e escolhendo um vestido qualquer e separando um par de sapatos.

A Filha de PoseidonWhere stories live. Discover now