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A última a pular era uma gigante da Erudição. E quando eu digo gigante, não estou exagerando. Suas costas são largas, tem feições masculinas. Ontem, assim que chegou, ela fechou os dois braços de tatuagens, colocou piercing no lábio e cortou os cabelos no estilo que alguns soldados da Audácia cortam. Senti um arrepio na minha espinha, mas coloquei em mente que ela tem as mesmas experiências que eu. Ela treinou o mesmo que eu e está aqui ao mesmo tempo que eu.
Mas então eu me lembrei que ela tem lógicas. Talvez há um livro com lógicas de lutas na Erudição. Droga!
Ok, primeira regra que Quatro ensinou é não ficar afobado e saber usar sua raiva.

— Até quando é pra lutar? — Beca, a gigante, pergunta

— Até uma de vocês não aguentar mais. — Eric diz se pondo ao lado do ringue — Nada de se render. O perdedor só sai daqui nocauteado. Lutem!

Dito isso, Beca começa a me rodear e eu tiro a camisa, ficando de top e calça.  Sinto o primeiro golpe acertar a maçã do meu rosto e uma ardência no local. Não preciso ser uma gênia pra saber que há um corte ali. O segundo golpe vem contra meu estômago, então eu a empurro, fazendo-a cambalear e ir para trás. Coloco as mãos no joelho, buscando o ar e me lembro das palavras de Quatro.

O segredo da luta é saber usar a raiva ao seu favor. A primeira regra não é bater, é não apanhar.

Penso no meu pai, que era tão pacífico e bondoso. Se ele estivesse aqui, se assustaria ao ver eu me atracando com essa menina. Mas ele não está aqui. A Erudição o tirou de mim.
Sinto meu corpo formigar de raiva e vou pra cima de Beca, segurando em sua cintura e levando-a ao chão. Me ponho em cima dela e então começo a distribuir golpes por seu rosto. Direita, esquerda! Esquerda, direita!
Fico de pé assim que sinto meus braços doerem e me afasto dela, vendo os nós dos meus dedos machucados. Encarei Beca, que estava se levantando e me olhando em fúria. Ela veio contra mim, mas estava afobada. Segurei sua cabeça com as duas mãos e dei joelhadas em seu rosto. Depois do quarto golpe, a joguei no chão e ela não se mexeu mais. Estava desacordada.

— Ela desmaiou. — Tris diz ao verificar o pulso dela

— Pontos para a Hippie. — Eric sorriu sombrio

— Me deve cem créditos. — vejo a morena que conheço como melhor amiga dele entrar na sala de treinamento sorrindo

— Põe na conta. — ele diz descontraído

E então, o inesperado aconteceu. Eric sorriu. Um sorriso brincalhão e, por mais que tenha sido para zombar de Beca, ainda sim foi um sorriso bonito de se ver. Até o azul acinzentado de seus olhos suavizaram.
Mas durou pouco. Dois segundos depois, Joanne disse algo no ouvido dele e ele se recompôs.

— Drew e Edward, pro ringue. — ordenou

***

Na medida em que o tempo foi passando, eu fui desenvolvendo habilidades incríveis. Sei atirar bem, sou ótima numa luta corpo à corpo e, agora, acabo de descobrir que sou boa no lançamento de facas. Já estávamos na terceira semana de treinamento e eu já me sentia mais tranquila em relação a facção que escolhi. Meu nome era o quinto colocado e o de Drew era o primeiro. Ali estava em décimo lugar e estava feliz com isso, uma vez que não corria perigo de virar uma sem-facção. Sam e Jessie também não corriam risco, mas Edward estava caindo cada vez mais. Ele estava em penúltimo lugar, abaixo da linha e já era motivo de piada dentre todos. Eric pegava muito no pé dele.

— Isso foi horrível. — ouço Eric dizer e olho de soslaio, notando que ele se refere ao quarto lançamento errado de Ed

— É mais difícil do que parece. — Ed rebate

— Tudo tem sido mais difícil pra você. — Eric desdenha

Danificado - Divergent FanfictionOnde histórias criam vida. Descubra agora