021

3.2K 279 17
                                    

• Maria •

Assim que eu piso na calçada da Erudição, os soldados da Audácia Aliada apontam suas armas na minha direção e, rendida, eu apenas ergo as mãos no alto. Eu sigo caminhando na direção da portaria e vejo Max sair de dentro do prédio com um sorriso presunçoso nos lábios. Em seu rosto, a marca da coronhada que eu dei nele ainda está visível, embora isso já tenha acontecido há dias.

— Foi mais rápido do que eu imaginei. — ele diz sorrindo e puxando uma braçadeira de plástico do bolso — Na verdade, até achei que Eric conseguiria te trazer pra cá.

Fiquei em silêncio. Optei por não responder nenhuma provocação.
Eu tiro o casaco e sinto as mãos de Max apalparem o meu corpo, me revistando. Ele passa as mãos bem de leve e eu agradeço mentalmente por isso.
Colocando meus braços para trás, ele me algema e, segurando meu braço, vai me guiando pra dentro do prédio.
Passamos por uma série de corredores e então chegamos ao elevador, onde esperamos por cerca de cinco minutos. Quando estamos no último andar, enquanto Max me arrasta pelo corredor, eu vejo Ali passar carregando uma bandeja com uma seringa e uma arma. Ela arregala os olhos ao me ver e abaixa a cabeça, mudando seu caminho para não esbarrar comigo e com Max.

Entramos numa espécie de laboratório gigante onde eu ouço gritos e vejo uma menina de, talvez, uns treze anos se debatendo numa sala de vidro. Ela está usando trajes da Amizade e eu sinto meu peito se apertar. Todos os cientistas malucos da Erudição apenas a observam curiosos.

— Eu confesso que, após o fracasso de Eric, achei que Tris fosse se entregar para salvar a cunhada e o namoradinho. — ouço a voz gélida de Jeanine e a vejo se virar para mim, me encarando sob as lentes de seus óculos — Mas é bom ter você aqui. Logan amaria ver que, no final, você veio até mim.

Respiro fundo e permaneço em silêncio, observando os olhos azuis de Jeanine brilharem ainda mais por trás dos óculos. Meu pai me disse uma vez que ela enxergava muito bem. Ouso dizer que talvez ela só use essa merda pra parecer mais inteligente.
Tento não pensar em nada por um momento, mas ao mesmo tempo em que quero me manter calma, os gritos da garota da Amizade ecoam na minha mente. Meus olhos se enchem de lágrimas e eu choro em silêncio enquanto vejo pelo vidro a menina se retorcer no canto da sala, lutando contra algo invisível que, provavelmente, só existe em sua mente agora.
Mais alguns minutos se passam até que a garota pare de se debater e fique estirada no chão. Jeanine suspira de forma pesada e um homem sentado faz um gesto negativo com a cabeça.

— A cobaia 5D não resistiu. — Jeanine diz em voz alta — Vamos continuar os testes assim que a próxima estiver pronta.

Jeanine não só caçou divergentes na sede da Franqueza, ela também caçou em outras facções. Isso me deixa ainda mais enojada. Ela quer estudá-los e aniquilar toda essa raça. A minha raça.
Enquanto Max mantém o aperto firme em meu braço, Jeanine caminha até mim com a mesma máquina que Eric tinha nas mãos, no ataque à Franqueza. Ela o posiciona em meu rosto e Max segura meu pescoço para que eu fique parada.

Divergente: 100%. — a voz robótica diz

Jeanine arregala os olhos surpresa e sorri vitoriosa. Através de um holograma, a máquina mostra as mesmas porcentagens e facções que Tris me disse no meu teste.

Audácia: 50%
Erudição: 15%
Abnegação: 15%
Amizade: 20%

— Incrível. — ela parece maravilhada — A próxima cobaia será ela.

Danificado - Divergent FanfictionWhere stories live. Discover now