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• Quatro •

Cruzei os braços de Eric no peito e fechei seus olhos que permaneciam abertos e vidrados. Drew e Ezra se aproximaram e, juntos, nós colocamos o corpo pesado do meu cunhado em nossos ombros. Seguimos por todo o complexo da Audácia a todo vapor e, no portão lateral, onde as câmeras estavam cheias de tinta, jogamos pra dentro da caminhonete que nos levaria até a Amizade. Com Drew e Ezra no carona e Eric escondido sob sacos de maçã, eu dirigi pela cidade a todo vapor, vendo alguns guardas saindo de seus postos, provavelmente a mando de Evelyn. Ao nosso lado, um trem passou e eu deduzi que Maria e Joanne estivessem nele, indo em direção a Amizade, como nosso plano havia acordado.

Quatro, na escuta? — ouço a voz de um soldado no meu rádio transmissor — É o Edgar.

— Na escuta. — respondo vendo que estou chegando perto do muro

Evelyn exige que você traga o corpo de Eric para a Erudição.

Eu matei o homem que a minha irmã ama. — respondo fingindo desespero — Eu preciso dá-lo a ela, para que ela o enterre na Amizade.

Quatro, por favor, pense direito. Maria está na Abnegação, na casa da Evelyn. Acho que foi tentar interceder por ele.

Certo, estou voltando.

Ouvimos explosões vindo da cidade e eu sorrio, imaginando que seja o resto do plano. Boeiros explodindo com certeza vai chamar bastante atenção. Pelo rádio, ouço o desespero dos soldados sem facção.

— Prontos pro desconhecido? — pergunto aos meus colegas

— Não mesmo! — Ezra e Drew respondem juntos

Rindo, eu jogo meu rádio transmissor pela janela do carro e o vejo se espatifar no chão.

Desconhecido, aí vou eu!





• Eric •

Eu me sentia esquisito. Conseguia ouvir algumas vozes, mas não conseguia distinguir direito quem era quem. Não conseguia me mover. Eu sentia meu corpo sacudindo naquela caçamba, mas não tinha como protestar. Senti até meu corpo ser pego no colo pelos meus companheiros, mas não demorou muito  para que meus sentidos voltassem e meu corpo desse um espasmo violento.

CREIO EM DEUS, PAI! — ouço alguém gritar

Meu corpo se estatela no chão e eu sinto minhas costas doerem. Abro os olhos e vejo Christina com a boca aberta, então suponho que foi ela quem gritou assustada. Me sento, puxando o ar com desespero e sinto o coração voltar a bater de forma acelerada. Nem bem tenho tempo de pensar no que houve, pois o joelho de Maria se impacta contra meu rosto, me jogando pra trás. Ela se abaixa, agarra meus ombros e me encara. Sai sangue dos meus lábios.

— Quem você pensa que é pra me deixar a porra de um bilhete? — ela berra me olhando nos olhos — Se entrega pra morte de novo e eu arranco seus olhos!

— Parem de gritar! — Quatro diz — Vamos logo!

Subimos em outra caminhonete com tanque cheio e Quatro dirige pra fora dos campos da Amizade, parando bem na cerca de arame farpado, onde Lana e Heitor nos esperam com pás nas mãos.

Danificado - Divergent FanfictionOnde histórias criam vida. Descubra agora