012

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• Maria •

Ele me confunde.
Ele me usa.
Ele me abusa.
Ele me esconde.
Ele me tem.
Ele me submete.

No beco, eu empurrei Eric e saí correndo. Corri pelo complexo da Audácia e ignorei as crianças que brincavam no Fosso. Ignorei as regras também, ao sair sozinha do complexo.
Peguei o trem e segui o caminho todo deitada no chão do vagão com a cabeça pendurada na porta. Meu rabo de cavalo estava esvoaçante e o vento quase me sufocava.
Na última estação, eu pulei antes mesmo do trem parar e driblei os guardas da Audácia que tomavam conta da cerca. Ao subir, tive a visão dos campos da Amizade, do nada que existe fora daqui e, bem de longe, dos prédios altos que existem na cidade.
Respirei fundo, sentindo o vento bater contra meu rosto. É calmante em meio ao meu desespero.
Eu acabei de quase matar um homem por estar cega de raiva, de ódio.
Eu acabei de me dar conta que estou apaixonada por Eric.

★★★

— Papai, o que vou fazer quando crescer? — pergunto enquanto olho as estrelas com ele, deitada ao seu lado na grama

— O que você quiser. — ele responde simples

— Eu não sei o que eu quero.

— Quando chegar a hora, você vai saber exatamente o que fazer.

— E o meu teste?

— O seu teste serve pra te ajudar nisso. Você vai descobrir o que sabe fazer e, através dele, decidir se é isso mesmo que você quer.

— Como você me vê, daqui uns anos? — olho para ele

— Sinceramente? — ele me olha — Você será brilhante. Em qualquer coisa que escolher. E isso te fará conhecer pessoas boas. No meio dessas pessoas boas, você conhecerá alguém, se apaixonar. — ele dá de ombros — Terá filhos, talvez. Ajudará as pessoas.

— Eu fico na Amizade? — franzo o cenho

Papai se vira totalmente para mim e acaricia meu rosto.

— Aqui ou em qualquer outro lugar. Eu estarei ao seu lado, querida. Mesmo que seja para te visitar uma vez ao ano em uma outra facção. Eu amo você, minha princesa.

★★★

Encosto minha cabeça no ferro de sustentação do muro e faço um mapeamento do que a minha vida virou e no que ela pode se transformar daqui uns anos.
O resultado é tudo completamente diferente do que meu pai havia visualizado para mim.
Eu até conheci pessoas boas, mas me apaixonei por uma pessoa errada e que tem 80% de seu juízo e caráter tomado por uma frieza indefinível.
Terei filhos, talvez, mas isso vai depender se essa paixão por esse mesmo cara vai me consumir ou não.
Como estou?
Com ódio!
Com raiva!
Estou suja!

— Mas que merda eu fiz com a porra da minha vida? — resmungo sozinha

Pra piorar, quase perdi a cabeça e matei Timothy. Eu não pensei direito.
Eu estava falando sobre Edward, mostrando a medalhinha que Max havia me dado, quando os três patetas começaram a implicar. Só vi quando o sangue jorrava e Drew se encolhia com dor.
Não pensei direito.
Voltei lá e quase o joguei da ponte do abismo. O desmaiei e, no final, eu estava pendurada no abismo entre a vida e a morte.
Confesso que quando Eric me pegou, eu me surpreendi e sussurrei implorando que ele não me soltasse. Por um momento, vi dentro dos seus olhos o mostro que ia me devorar e seu anjo interior que suplicava por ajuda e atenção. O anjo venceu. Ele me salvou.

Danificado - Divergent FanfictionTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon